35 - Um carinho roubado

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Chegamos à cabana da família, um refúgio imerso na beleza dos bosques, suas paredes de vidro proporcionando uma visão encantadora do entorno. Ao descer do carro, caminho em direção ao porta-malas com Isabelly ao meu lado.

Lá encontro uma mulher pequena e esguia, vestindo um pijama verde musgo, vendada, com uma fita na boca e fones de ouvido, mãos e pernas amarradas. A astúcia de Isabelly ao planejar este sequestro supera qualquer expectativa. 

Ao pegar a garota nos braços, sinto suas tentativas desesperadas de resistir, enquanto entramos na cabana. O ambiente permanece inalterado, com suas paredes de vidro fumê, madeira escura, piso vinílico escuro e móveis discretos.

Coloco a terapeuta, ainda vendada, em uma cadeira vintage que adorna a mesa central da sala.

— Qual é o seu plano, Dexter? — pergunto com deboche, observando Isabelly revirar a bolsa preta que carrega e me entregar uma identificação.

Ao examinar o documento falso, percebo o cuidado nos detalhes. Uma carteira profissional fictícia, com minha foto e o nome "Crowley Miles", um psicólogo especializado. A ruiva sorri, revelando uma confiança calculada. Ela tem tudo meticulosamente planejado.

— E se eu não fosse junto? — questiono, acrescentando um toque de sarcasmo à minha voz.

 Ela dá uma leve piscadela e retira outro documento, desta vez com a imagem de Vittório. 

— Claro, uma mulher prevenida!

A ruiva ri, cruzando os braços, valorizando o decote na blusa branca que está usando. Meus olhos são atraídos para lá, mas forço minha mente de volta à missão. Concentração, Anthony.

— É o Allan, não pode haver erros! — ela afirma, em seguida revira a bolsa, extraindo uma seringa.

Sinto um calafrio percorrer minha espinha, intrigado. Uma onda de surpresa misturada com admiração se instala em mim. Drogar uma terapeuta de reabilitação de viciados? Isabelly é realmente inesperada e ousada, uma combinação intrigante. Rio internamente, mas a perplexidade se mantém em minha expressão enquanto a observo caminhar decididamente até a moça.

Observo Isabelly tirar a proteção da agulha, e um líquido translúcido se destaca na ponta. A curiosidade mistura-se com um leve desconforto diante do que está prestes a acontecer.

— Que porra é essa?

— Uma dose mínima de propofol. Ela vai apagar por algumas horas e acordar em sua própria cama, pensando que tudo não passou de um pesadelo. — explica com serenidade, aumentando minha admiração por sua astúcia. 

Deus, será possível eu amar ainda mais essa mulher? A encaro agora, sem saber o que dizer.

— Anthony, eu não sou uma psicopata. Passei semanas planejando isso. 

Não posso evitar soltar uma risada. Se ela soubesse o que estou pensando agora...

A ruiva se aproxima ainda mais da moça, segura seu braço com destreza e precisão, procurando a veia com cuidado antes de aplicar a injeção. O ato é realizado com uma firmeza técnica, mas a expressão em seu rosto revela um foco que nunca vi em outra pessoa antes. Ela é diferente, sempre foi. 

— Pegue-a e a leve até o quarto. Vamos deixá-la deitada na cama! — Isabelly ordena com uma determinação que, confesso, acho excitante.

A intensidade em seus olhos denota uma confiança apaixonante. Merda, Anthony, controle-se. É hora de resolver as coisas com Maya e recuperar sua namorada. 

Caminho até a moça e a pego em meus braços, começando a andar em direção ao corredor que leva aos quartos. Isabelly, atenciosa, abre a porta do quarto como se já conhecesse o lugar e caminho com a terapeuta apagada até a cama. 

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora