52 - Um rei adormecido

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Investindo com toda a minha fúria, avanço contra Mike, canalizando a força interior e a raiva que me consomem. Num ímpeto explosivo, agarro-o pelos ombros, arrancando-o sem piedade da proximidade de Allan como um furacão de ira. Seu sorriso desdenhoso se desfaz em um rosnado quando nossos olhos se entrelaçam.

— Então, quer brigar? — provoca ele, um sorriso desafiador moldando seus lábios.

— Não só quero brigar, Mike. Eu quero e vou destruir você!

Parece que ele aprecia minha resposta, e não há mais espaço para palavras.

A batalha se inicia, e Mike investe contra mim, desferindo um soco poderoso que explode em meu rosto, deixando o gosto metálico do sangue em minha boca. 

Encaro o desgraçado que me encara de volta com um sorriso sugestivo e meus punhos respondem de forma rápida e brutal, cada soco impulsionado pela sede de vingança que pulsa intensamente em minhas veias. 

Cada impacto é uma resposta à cruel perda de minha tia, de meu tio, e à dor que ele infligiu a Isabelly.

— Vai pagar por todos que machucou! — vocifero ininterruptamente, desferindo socos implacáveis.

No entanto, Mike não é apenas um saco de pancadas.

Sinto o exato momento em que uma lâmina afiada penetra em minha barriga. A dor é instantânea, uma queimação aguda que se espalha por todo o meu corpo. 

Recuo alguns passos, uma mão instintivamente pressionando o local ferido, enquanto uma onda de angústia se apodera de mim.

— Desistiu das pedras, covarde? Agora está usando facas? — indago, a respiração entrecortada pela dor lancinante. 

Mike sorri com escárnio, avançando para cima de mim. Um soco brutal atinge meu rosto, fazendo-me tombar no chão com um gemido doloroso.

A sensação de fraqueza e a visão turva são acompanhadas por uma onda de desespero. Cada movimento se torna um esforço hercúleo, enquanto luto contra a dor que irradia de minha barriga. O gosto metálico do sangue preenche minha boca, e cada respiração torna-se um desafio.

Apesar da agonizante dor física, há uma dor mais profunda, um peso emocional que se manifesta no reconhecimento de minha vulnerabilidade. 

Enquanto o sorriso desdenhoso de meu agressor permanece, meu próprio orgulho desmorona diante da cruel realidade: eu não sou invencível, e a ferida em minha barriga é uma prova cruel dessa verdade.

Estendido no chão, desvio o olhar ao meu redor, testemunhando minha família lutar desesperadamente pela sobrevivência. Pensamentos invadem minha mente, remoendo a consciência de que eu poderia ter sido um filho mais dedicado, protegendo meus pais deste ataque, um sobrinho mais atento para tia Jane, salvando-a da armadilha em que caiu. 

Que Isabelly merecia mais, merecia um homem que fosse para ela o que ela precisava, não alguém como eu, que a deixou enredada em desgraça. Não fui suficiente para aqueles que amo, envergonhando-os, e agora parece que meu destino é merecido. Mereço morrer.

No entanto, decido que minha morte não será em vão; minha determinação é salvar minha família e a única mulher que eu amei... Amo. 

Mesmo com o sangue jorrando de minha ferida, e a dor aguda na barriga pela facada, faço um esforço para me levantar.

Enquanto luto para me erguer, testemunho a chegada de Vittório e seus homens, que avançam decididos contra os traidores vestidos de palhaço. O fiel escudeiro de Isabelly, em mais um ato heroico, salva o dia. 

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora