15 Um plano ousado

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Isabelly Moretti

Ele contorna as curvas da estrada com uma suavidade notável à medida que nos aproximamos do Cassino Sochi. Como sempre, Donato Moretti exibe uma impecabilidade inigualável. Vestido com um terno cortado à mão, uma obra-prima única produzida pelo melhor alfaiate da Itália, ele sempre exigiu essa mesma perfeição de mim.

Estar na companhia de meu pai é uma experiência gratificante. Ele sempre me amou, protegeu e priorizou, e sua presença é uma constante que eu valorizo. Após um período de busca por meu próprio caminho, sinto saudades de passar tempo com ele. Quando seus olhos se encontram com os meus, sorrio gentilmente em resposta. Ele estaciona o carro com calma diante da fachada do cassino.

A arquitetura do local reflete a ostentação característica, com letras neon brilhantes que capturam a atenção de todos, mesmo sob a luz do dia. A segurança é reforçada, com guardas estrategicamente posicionados em cada canto, pilares majestosos imitando construções romanas adornando a entrada. Certamente, eles buscam impor uma hierarquia.

— Princesa, você tem certeza disso? — meu pai pergunta com suavidade, e eu coloco minha mão sobre a dele em sua perna.

— Claro, papai. Será apenas uma palestra sobre Harvard, um jantar para conhecer um pouco mais sobre Kanzan, e, em seguida, volto para casa de avião. — Respondo, tentando transmitir sinceridade, sem desviar o olhar do meu pai.

A verdade sobre esta viagem à Rússia é que minha intenção é desvendar o máximo possível sobre a rede de tráfico infantil, assumir o controle dos Bratva e garantir à minha família que sou tão forte quanto eles. 

Portanto, voltar para Nova Iorque hoje definitivamente não faz parte dos meus planos. Engulo em seco, e ao lado do meu pai, descemos do carro. Juntos, subimos calmamente os vários degraus da escadaria que nos conduzem à entrada. O lugar é elegantemente pomposo, determinado, com tons de bege claro e detalhes em dourado.

Ao chegar à porta giratória de vidro, deparo-me com um segurança gigantesco, seus ombros dando a impressão de terem três dimensões.

Ele nos encara de cima a baixo com um semblante sombrio e intimidante, seus olhos tão escuros que parecem absorver a luz.

O homem, sem dizer uma palavra, nos conduz até a recepção. Pelo visto, já estavam avisados de nossa chegada e aguardavam por nós. 

Dentro do cassino, observo um ambiente com muitas luzes, máquinas clássicas, mesas de jogos, bebidas e o persistente cheiro de cigarro. Onde, funcionários se empenham em organizar as mesas de apostas enquanto eu e papai seguimos o segurança sem contestar.

Uma jovem de beleza marcante, cabelos crespos e pele morena, destaca-se em seu uniforme verde. Ela se aproxima de nós com uma elegância inconfundível, uma postura profissional impecável.

— Vou levá-los até a sala do senhor Smirnov. — Sua voz ressoa em inglês perfeito, e ela começa a andar com uma graciosidade notável em direção a um escritório no final do extenso corredor. 

As paredes, adornadas com quadros dos vários proprietários Smirnov ao longo dos anos, contam a história da dinastia, culminando no maldito e cruel Alexei.

A moça que nos acompanha nos sorri calorosamente e, com um gesto delicado, abre uma porta de madeira polida. Nesse instante, avisto dois homens imersos em um escritório refinado. 

O primeiro deles se levanta e caminha em nossa direção. Cumprimenta meu pai com um aperto de mão firme e, em seguida, a mim, seus penetrantes olhos verdes estudando-me com um olhar perspicaz. Não posso deixar de notar seus cabelos ruivos naturalmente impecáveis. Retribuo o cumprimento com um sorriso gentil, aproveitando para fazer uma rápida análise da sala, sem demonstrar muito interesse.

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora