40 - Uma morte trágica

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Estou me recuperando em um dos banheiros desta mansão, a luz incidindo suavemente sobre o papel de parede de tom bege. A cuba preta de sobrepor reflete meu rosto, e no espelho oval acima, vejo meu próprio reflexo pálido.

Isabelly afirmou que a noite que passamos juntos foi inesquecível, uma conexão única. Eu quase consigo sentir o calor do seu corpo, a pele arrepiada, e a respiração entrecortada. Pode ser que eu esteja sonhando ou projetando, mas algo me diz que a ruiva também sente algo, e se eu souber o que é, quero isso. Quero ela.

Após recuperar o fôlego, abro a porta do banheiro e sou recebido pela luminosidade do corredor. No entanto, meu momento de paz é abruptamente interrompido ao avistar um vulto desajeitado pelos corredores. Ele se apoia nas paredes de forma instável, e quando um feixe de luz revela seu rosto, reconheço Allan.

Corro em sua direção e percebo que ele está com a mão pressionando a barriga, que está sangrando ao que parece com perfurações.

Pego meu telefone e, com urgência, ligo para meus homens.

— Resgate! — minha voz soa firme, ecoando pelo corredor enquanto encaro a angústia estampada no rosto de Allan.

— Foi alguém dos Camorra? — pergunto, ajudando meu primo a se apoiar em meu ombro.

O celular ainda está quente em minha mão enquanto continuo a guiar Allan. Os detalhes ao redor se tornam mais vívidos, a decoração luxuosa da mansão, os quadros nas paredes, tudo ganha um tom surreal diante do que está acontecendo.

Ele geme de dor, e a preocupação se mistura com a raiva enquanto ouço sua resposta trêmula.

— Foi a Maya... — meu primo consegue dizer com dificuldade, e uma onda de incredulidade percorre meu corpo.

Maya? Não pode ser verdade.

Sem muitas opções, continuamos a andar pelo corredor, quando vejo minha namorada à distância. Um nó se forma em meu estômago, e a adrenalina percorre minhas veias.

A cada passo, a sensação de que algo terrível está prestes a se desdobrar se intensifica. Ao alcançarmos o final do corredor, vejo Maya ameaçando Isabelly com uma faca. O mundo ao meu redor parece desacelerar, e meu coração aperta com a visão de Isabelly caindo da escada.

— Maya! — minha voz ressoa pelo ambiente, ecoando em desespero, e ela me encara no mesmo instante em que a faca escapa de seus dedos, ecoando um som metálico ao tocar o chão.

Seus olhos estão marejados, o rosto inchado pelo choro. Ela retira a máscara, revelando vulnerabilidade e culpa.

— Anthony, me desculpa, eu perdi o controle.

Em completo desespero, Maya corre em minha direção, tentando me abraçar, mas eu a afasto com um gesto firme.

— Eu preciso ajudar Allan agora, depois conversamos.

Minha mente está focada na urgência de manter o controle da situação. Atacá-la não é uma opção, não agora. Se eu me machucar, não poderei ajudar Allan e Isabelly.

— Vai, pode ir! — Allan me libera, se encostando na parede para ter algum suporte, ele entende o quanto amo Isabelly.

O encaro preocupado com seu estado e minha namorada sem controle o observando.

— Tem certeza? — pergunto e ele assente positivamente tirando uma arma da cintura e apontando para Maya enquanto corro até Isabelly.

Desço as escadas com passos apressados, como se pulasse degraus, e chego até ela. Ela está consciente, mas atordoada. A festa ao redor parece congelada, a música parou, e todos observam a cena em choque.

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