25 - Um final

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Anthony Moretti

Allan, com o semblante contorcido de raiva, vagueia de um lado para o outro, claramente à beira do pânico. Seu rosto, uma máscara de fúria mal contida, denuncia os estragos de uma noite sem sucesso na "Redflag". Ele literalmente parece que vai entrar em erupção a qualquer minuto. 

Eu amo meu primo; ele é um irmão para mim, e não pensaria duas vezes em entrar na frente de uma bala por ele. Eu queria ter impedido que ele tivesse assistido aqueles vídeos; eu devia ter protegido ele e Isabelly. Eu deveria ter evitado o que aconteceu

Afinal, eu era o mais velho, mas não impedi. Ainda não criaram uma máquina do tempo para eu voltar ao passado e evitar aquele dia de ter acontecido. A verdade é que estou cada vez mais distante, e sinto Allan perdendo a humanidade dele um pouco a cada dia.

— Sete homens! — Allan resmunga, tirando-me de meus devaneios, desferindo um soco furioso na parede, manchando-a com seu próprio sangue. — Eles não retornaram daquela maldita Redflag!

Alysson, com sua expressão mal-humorada, está absorta no celular, soltando um suspiro desinteressado até que nos encara com o rosto fechado, e as sobrancelhas levemente levantadas.

— Nenhuma notícia de incêndio no Cassino, nenhum chamado aos bombeiros. E nas redes sociais deles, informam que abriram normalmente.  

Alysson, costuma ter acesso às mídias e jornais, trabalho que Donato tinha antes de abandonar os Ristrettos.

Com a calma de sempre, me ergo e vou em direção ao armário de madeira maciça, suas portas duplas ornamentadas revelam um tesouro etílico meticulosamente organizado. O aroma envelhecido de madeira se desprende quando as portas se abrem, expondo uma coleção de bebidas diversas.

Entre as prateleiras repletas, escolho uma garrafa de scotch, seu rótulo indicando um líquido que amadureceu com o tempo. Um copo de cristal espesso, aguarda pacientemente para ser preenchido.

Sirvo o âmbar precioso sem gelo, a tampa da garrafa retorna ao seu lugar com um clique suave, e seguro a bebida, sentindo o peso do vidro frio em minhas mãos.

Com passos calculados, volto-me na direção de Allan, que parece estar com dificuldades para raciocinar. 

— Já tentou contatar as famílias desses homens?

Ele se vira para mim, o olhar perdido, o rosto cansado e suado. Deve ter passado noites sem dormir.

— Como eu faço isso?

Não posso evitar rir da ironia da situação.

— Ah, Allan, é algo tão simples! Apenas mantenha a calma e procure algo para reduzir esse estresse colossal que você tem. Além disso, me envie a lista dos sete homens que você ordenou que realizassem o ataque. — Falo, levantando-me com calma, como se estivesse dando instruções a uma criança.

Caminho em direção à saída do nosso escritório, desconsiderando o tumulto que se desenrola ao nosso redor. Consulto meu relógio de pulso: 16h30. Com sorte, Isabelly já deixou a Moretti Corporation, e eu consigo passar pelo setor de Recursos Humanos sem grandes contratempos.

[...]

Cruzo a recepção, um espaço elegantemente decorado que exala o sucesso corporativo da Moretti Corporation. A recepcionista, Ruth, uma morena de cabelos cacheados cor de rubi, mal me lança um olhar enquanto passo. Ela já saiu comigo algumas vezes, uma garota agradável, mas como todas as outras, não se compara a Isabelly.

Adentro o elevador, tocando no painel o décimo andar, onde está localizado o Setor de Recursos Humanos. É aí que meu dia, que já não começara bem, toma uma guinada ainda mais desastrosa. O motivo: Petter, correndo em minha direção, segurando um buquê de rosas vermelhas.

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora