Hoje marca o início de uma nova jornada para mim. Este é o meu primeiro dia de trabalho após a tormenta que foi a minha vida recente, e finalmente, sinto-me preparada para recomeçar. Ainda carrego no peito a dor profunda, um vazio que parece insaciável. Contudo, há uma centelha de esperança que sussurra que as coisas podem melhorar, que o peso dessas experiências cruéis deixará de moldar quem sou.
Passei tempo com Ken, compartilhei risadas com Lethicia e Romeu, e desfrutei de uma reconfortante refeição ao lado de Vittorio, que veio me visitar. Foram dias de uma pausa necessária.
À medida que adentro a cozinha, os sons dos meus saltos ecoam pelo chão, misturando-se ao aroma acolhedor de bacon, ovos e café que permeia a casa.
— Bom dia. — Cumprimento mamãe e papai.
Ambos sorriem calorosamente enquanto sirvo-me de bacon e ovos, sentindo a textura e o sabor que há muito tempo não apreciava.
— Querida, sua chefe será a senhorita Emily Taylor. Ela é recém-chegada ao cargo, tem 31 anos e é uma especialista no que faz.
— Obrigada, pai. Pode ter certeza de que darei o meu melhor. — Respondo, tomando um longo gole de café. — Será que depois do trabalho posso ver Allan? — pergunto, encarando meu pai.
Observo que Donato Moretti engole em seco, seus olhos marejados refletem a dor que ele tenta esconder, mas que eu entendo.
— Ele se recusa a receber qualquer visita. Não quer ver ninguém. Conversamos com os psiquiatras e parece que ele está apresentando um quadro clínico de transtorno pós-traumático. Não fala com ninguém a meses.
— Eu... eu sinto muito. — Minha voz mal consegue expressar toda a tristeza que sinto.
Ele coloca a mão sobre a minha, tentando ser gentil.
— Não é sua culpa, meu amor. Nós tivemos sorte de não ter te perdido aquele dia... E coloque um sorriso no seu rosto, hoje é um dia especial.
— Tudo bem — Minto, forçando um sorriso que não alcança meus olhos.
Termino o meu café e me levanto, dando um beijo na bochecha do meu pai. Ele sorri do mesmo jeito de sempre, mas sei que também carrega um peso em seu coração.
— Quer uma carona, querida?
— Não, vou indo na frente. Não posso me atrasar no meu primeiro dia de estágio. — Informo com um sorriso e dou uma piscadela, tentando transmitir um pouco de otimismo.
Vou até o sofá e pego minha bolsa, que havia deixado ali. Sinto o peso do tecido em minhas mãos, em seguida caminho em direção à saída, desejando um abraço reconfortante e a liberdade para chorar por tudo o que estou sentindo agora. Mas, não posso, não dá.
Uma sensação de vazio me consome, e ainda não compreendo por que perdi meu propósito. Talvez, mergulhando no trabalho, encontrasse alívio; talvez, concentrando-me em algo, me sentiria melhor. São mentiras que conto para mim mesma. No entanto, permanecia estranha, deslocada em minha própria vida.
Chego à garagem e me deparo com um Audi envolto em preto fosco, uma fita vermelha presa à chave com um bilhete.
"Para minha princesa, feliz aniversário."
Um sorriso surge em meus lábios ao ler as palavras escritas. Pego as chaves, sentindo a textura fria do metal em minhas mãos.
— Donato, sempre tão humilde com os presentes. — Murmuro entre risos enquanto me dirijo ao veículo.
Sento-me, apreciando o toque suave do couro em minhas costas. Ao ligar o carro, sinto a familiaridade da potência sob meu controle. Acelero, deixando para trás os portões de minha casa.
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ILEGAIS
RomanceIsabelly, desde cedo, compreendeu a necessidade de atender às expectativas de seus pais: herdeira de um empresário que construiu um império adquirindo diversas organizações e filha de uma hacker renomada que colaborava com o FBI, ela se viu diante d...