24 - Um incêndio

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Isabelly Moretti

Meus olhos varrem a estrada à minha frente, vazia e convidativa. Com um toque forte no acelerador, sinto a resposta imediata do carro, uma extensão do meu desejo de avançar. 

A tentação de seguir Anthony, de permitir que minhas emoções assumam o controle, é intensa, mas mantenho minha resistência. Agora, concentro-me em direcionar o ódio que já nutri por ele, anulando qualquer sentimento que ouse emergir. Esse desejo crescente de estar ao lado dele parece se intensificar a cada dia.

A influência de Anthony é uma sombra persistente, comprometendo meu julgamento. Sinto que estou à beira de perder a razão. Ao chegar à Redflag, estaciono o carro com precisão e me encaminho para a entrada.

Yuri, encarregado da segurança, me saúda com respeito.

— Pakhan! — ele pronuncia, sua voz reverberando com reverência.

Assinto positivamente, mantendo um semblante sério. 

— Vittório precisa te ver. Está em seu escritório.  

Ele concede-me a entrada, liberando o caminho.

Navego entre as pessoas imersas em suas atividades, bebidas sofisticadas circulam, funcionários elegantemente trajados executam suas tarefas com entusiasmo. As paredes revestidas em preto, decoradas com espelhos e móveis em vermelho, conferem ao ambiente uma aura misteriosa e sedutora. 

Meus funcionários, ocultos por máscaras, tornam-se indistintos, uma medida de segurança crucial. Com exceção dos homens de Vittório, responsáveis pela minha segurança e a do meu cassino, que permanecem como figuras reconhecíveis.

Dirijo-me aos lances de escadas que separam a sede dos meus negócios do restante do cassino, onde o dinheiro das apostas ilegais é habilmente lavado.

Ao chegar ao topo, caminho até o final do corredor onde está meu escritório. Passo por outras quatro portas, a primeira pertencente à minha gerente Lethicia, minha amiga mais fiel. Vittório, que tem sido meu braço direito, ocupa a segunda porta. Quanto às outras duas, ainda não decidimos suas finalidades, mas Lethicia garante que logo encontraremos um propósito para elas.

A aproximação de Lethicia foi uma adição maravilhosa à minha vida. Ela está ciente das minhas duas identidades, substituindo-me perfeitamente quando necessário. Ken, meu amigo, não faz ideia do que fiz. Somente Willian Burns está a par; foi ele quem me ajudou a devolver Lethicia ao pai. Libertei-a para ter uma vida tranquila, mas após uma tentativa breve, ela retornou, manifestando o desejo de me ajudar. Tenho assegurado lucros consideráveis para os Bratva e, a cada mês, tenho devolvido cada menina sequestrada às suas famílias.

Operando sorrateiramente por um mês, permiti que meus primos sofressem perdas significativas em seus lucros. Agora, estou ansiosa para dar um "oi" antes de me apresentar a eles como a nova líder dos Bratva.

Abro a porta, e Vittório está sentado diante da minha mesa. Seus olhos se levantam rapidamente em sinal de respeito. Vittório é um homem peculiar, incrivelmente fiel a mim, algo que nunca esperei encontrar. Em reconhecimento a essa lealdade, sempre me esforço para valorizá-lo e retribuir.

— Pakhan! — ele cumprimenta, levantando-se, e eu sorrio enquanto ocupo minha poltrona, uma cadeira que mais parece um abraço. O couro vermelho contrasta com a mesa branca de maneira perfeita.

— Queria me ver, Vittório? — pergunto, abrindo o balcão abaixo da mesa para pegar meu uísque favorito. Sirvo dois copos e entrego um a Vittório.

— Antony esteve aqui, tentou subornar nossos homens, mas não forçou a entrada. — Vittório informa, referindo-se ao nosso intrépido visitante. Determinei que sua entrada não seria permitida.

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora