Minha casa está transbordando de vida hoje, é quase irônico dizer isso. O dia do meu aniversário foi verdadeiramente abençoado com a visita da minha família, e cada cômodo ressoa com a alegria da comemoração. Sinto-me feliz hoje.
Mamãe e papai encontram conforto no quarto de hóspedes, Tio Nath e Tia Anastácia ocupam outro quarto, e Allyson dormirá ao meu lado. Enquanto isso, Anthony repousará na sala.
A princípio, aquele orgulhoso cogitava ir para um hotel, mas eu insisti para que ficasse. Ele já dormiu no meu sofá uma vez, e a ideia de deixá-lo passar a noite solitário em um quarto de hotel não me parecia certa.
Convenhamos, é pura hipocrisia. A quem estou tentando enganar? A verdade nua e crua é que eu não queria ficar longe dele.
Pode parecer contraditório para alguns, já que vim para a Rússia deixando para trás tudo e todos em Nova Iorque, com a pura intenção de me vingar e precisava tirar todos do meu caminho.
No entanto, a atmosfera alegre não consegue mascarar as tensões que ainda pairam. Principalmente com Allyson, que parece irritada comigo; estamos deitadas há mais de uma hora e mal trocamos palavras. Então, finalmente, um suspiro alto escapa de seus lábios, sinalizando que ela está prestes a abordar um assunto delicado.
— Ally, pode falar! — encorajo-a, e seus olhos verdes esmeraldas me estudam intensamente.
— Por que está fazendo isso?
Solto um longo suspiro, sentindo o peso da tensão, e viro-me de barriga para cima, uma tentativa involuntária de aliviar a pressão que se acumula.
— Isso o quê? — pergunto, temendo compreender a gravidade de suas palavras.
— Machucando meu irmão novamente. Ele mudou, Belly. Vive uma vida diferente agora, está feliz. Não tire isso dele; não o quebre novamente. Nós não vamos conseguir juntar os caquinhos dessa vez. — suas palavras atingem como um soco no estômago.
Droga, o que estou fazendo? Estou sendo terrível. Só penso em mim mesma, no que quero, mas quando estou perto do Anthony, meu corpo age por conta própria, e minha mente insiste que é errado ficar longe dele. O que sinto é tão confuso, tão difícil de expressar em palavras.
— Eu o amo. — murmuro, sentindo meu peito apertar, e ela solta um longo suspiro, como quem pondera sobre minhas palavras.
— Volta para casa e desiste dessa vingança, Belly. Ela vai te trazer muita dor, mas nunca trará nossos tios de volta — ela fala, e viro para encará-la, vendo a expressão de preocupação em seu rosto.
Não quero desistir. Não depois de tanto tempo, não depois de me dedicar quase quatro anos a isso, não depois de estar tão perto. Decido ficar em silêncio. Não sei se um dia eles vão me entender, ou se estão certos em não entender. Só sei que preciso ir até o fim. Esta sou eu, e mudar minha essência para satisfazer as expectativas de todos é algo impossível para mim. Não de novo, não depois que descobri a liberdade.
Alguns minutos se passam na quietude do quarto, marcados apenas pela respiração mais pesada de Allyson, que parece afundar cada vez mais no sono.
— Ally. — chamo, mas ela permanece imóvel, envolta em um profundo repouso.
Incapaz de encontrar o sono, uma vontade súbita de espiar Anthony, que dorme na sala, me domina. A umidade da noite parece mais densa agora, envolvendo-me em sua névoa. Água. Um pouco de água seria perfeito. A ideia de me hidratar surge como uma desculpa conveniente, embora eu saiba, no fundo, que é apenas um pretexto para estar perto dele.
Cuidadosamente, começo a me erguer da cama, sentindo a textura fria do piso sob meus pés descalços. A dúvida me assalta: pegar um hobby para me cobrir ou sair pela casa de pijama? A resposta surge quase de forma automática: "Por que não?" Decido sair apenas de pijama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ILEGAIS
RomanceIsabelly, desde cedo, compreendeu a necessidade de atender às expectativas de seus pais: herdeira de um empresário que construiu um império adquirindo diversas organizações e filha de uma hacker renomada que colaborava com o FBI, ela se viu diante d...