32- Um ataque incomum

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Isabelly Moretti

Anthony sai do escritório, sem sequer lançar um olhar para trás. Sinto-me ainda pior do que antes. Ele está visivelmente magoado, profundamente ferido, e a minha incapacidade de lidar com a situação só intensifica esse sentimento. Não tenho ideia de como confortá-lo, de como ajudá-lo a superar o que aconteceu. Como posso voltar atrás depois de tudo que ele passou?

Observo Maya levantando-se da cadeira e indo atrás dele. O amor que ela sente por Anthony é evidente em suas ações, e isso só aumenta a dor que sinto. Dói demais, porque, na verdade, eu deveria ser a pessoa indo atrás dele.

Meus pensamentos estão uma bagunça. Sinto um aperto no peito, minha culpa e tristeza. Eu queria poder voltar no tempo, evitar que as coisas chegassem a esse ponto. Mas, no momento, só me resta encarar a realidade de que Anthony está partindo, e eu não sei como trazê-lo de volta.

A verdade, é que não posso, eu não devo. Minha posição está clara aqui. Sou apenas uma pessoa insignificante agora, sem nenhum laço de sangue, sem importância. Não passo de alguém que foi próxima no passado, a pessoa para quem ele ligou quando estava bêbado e que sem pensar duas vezes retirou da sua vida.

O silêncio na mesa é constrangedor e pesado. Todos parecem estar aguardando, respirando fundo antes de pronunciarem qualquer palavra. 

Finalmente, tio Nath se levanta. Seus olhos refletem hesitação, e suas mãos se apoiam na mesa enquanto ele pensa cuidadosamente antes de falar.

— Eles eram apenas crianças, Don, apenas crianças, e você errou, irmão! — As palavras são duras, mas carregam um tom de amor. — Nós te amamos e sabemos tudo que passou, mas você deve desculpas ao meu filho. Não quero que ele desapareça de novo, por favor!

Meu pai encara o melhor amigo, seus olhos cheios de ansiedade e pesar. Há uma tensão no ar enquanto aguardamos a resposta dele. 

Finalmente, papai assente positivamente, concordando em reconhecer os erros do passado e tentar reparar os danos causados. O alívio toma conta de mim e não consigo evitar um sorriso. 

— Eu acho que Anthony já sofreu demais, e ele construiu uma vida para si. Agora, como família dele, acredito que devemos respeitá-lo. Isso inclui especialmente você, Isabelly. — Tia Anastácia fala, fixando o olhar em mim, e percebo algo em seu olhar, uma sobrancelha levemente arqueada. 

— Sim, tia. Fique tranquila. Só gostaria de enfatizar que todos devemos desculpas a ele... E não estou brincando com os assuntos dos Camorra; estamos sendo atacados! — Digo, fitando minha tia enquanto ela ajusta os cabelos loiros com urgência.

— Tudo bem, querida. Vamos te ajudar! — Minha mãe responde suavemente, e sorrio para ela.

— Preciso que me ajudem a descobrir por que estão sendo tão imprudentes a ponto de nos atacar. Somos o clã mafioso mais poderoso do mundo. — Falo, mantendo meu olhar firme na expressão séria de minha mãe, enquanto o clima tenso toma conta do ambiente.

Eles se entreolham, e sinto que há mais um segredo pairando no ar. Solto um longo suspiro. Não conheço minha própria família.

Caminho de volta até o armário, pego a garrafa de uísque e preencho meu copo novamente. Percebo o olhar repreensivo de Vittório na minha direção que prefiro ignorar. Só bebendo para conseguir me acalmar. 

— Quanto antes falarem, mais cedo podemos começar a agir! — Murmuro, encarando a todos. 

Os olhares trocados entre os membros da minha família revelam preocupação, e o peso de segredos ainda não revelados. Até quando eles vão continuar errando assim?

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora