49 - Um valor para negociar

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Três dias se passaram desde que Isabelly desapareceu, e o silêncio sobre o paradeiro do tio Steve é ensurdecedor. Nossa facção é reconhecida como a mais forte do mundo, e a expectativa era que fosse mais fácil obter informações. 

No entanto, tudo foi frustrante, deixando-nos no escuro. Ninguém sabe de nada, e os Camorra insistem que não foram os mandantes do ataque, tentando se desvincular da situação.

Somos uma máfia poderosa, mas a incerteza sobre o que aconteceu com nossos próprios membros nos coloca em um estado de desconforto e paranoia. O controle que costumávamos ter parece escorregar entre nossos dedos, e a frustração se transforma em uma arma que nos deixa como fracos entre os membros da nossa organização.

As negociações, normalmente tão eficazes, tornaram-se um impasse, e as ruas estão cheias de murmúrios e suspeitas. A ausência de informações válidas nos deixa vulneráveis, questionando até mesmo nossos aliados mais próximos. 

Neste momento de incerteza, a única certeza é que precisamos encontrar Isabelly e tio Steve antes que as sombras que nos cercam se tornem ainda mais perigosas. A queda dos Ristrettos já é uma certeza, aos poucos perdemos soldados e não estamos conseguindo nos recuperar.

Tio Donato despendeu milhões na tentativa desesperada de localizar sua filha. Ele não conhece o descanso há dias, seus olhos cansados carregam o peso da incerteza. Tia Megan, em completo desespero, está confinada a uma cama de hospital, enquanto Allan, uma sombra pálida de si mesmo, parece um zumbi vagueando sem rumo. Eu, por minha vez, sinto como se pedaços da minha essência tivessem sido arrancados.

As paredes da nossa fortaleza, uma vez impenetráveis, agora parecem frágeis diante da situação caótica. A lealdade dos membros está abalada, e a confiança que mantinha nossa família unida está desaparecendo. O medo é sufocante, pairando como uma sombra escura sobre nós, enquanto buscamos desesperadamente pistas que possam nos guiar até aqueles que amamos.

A busca por Isabelly e tio Steve tornou-se uma corrida contra o tempo, e a sensação de impotência diante das circunstâncias é sufocante. 

— Alguma notícia? — pergunta tia Jane, arrancando-me dos meus pensamentos sombrios.

Como posso contar a ela que já torturei e matei cada um dos irmãos de Melissa, sem obter uma única pista sobre o paradeiro dela? Como confessar que sou o responsável pelo desaparecimento das pessoas que mais amamos?

— Não, mãe — responde Allan por mim. 

Encaro-o e vejo as bolsas escuras abaixo de seus olhos, uma marca visível de noites sem sono.

Um suspiro pesado escapa dos lábios de Tia Jane, e testemunho o momento exato em que seus olhos se enchem de lágrimas. Decido abordar minha tia para oferecer-lhe algum consolo, mas minha voz é abruptamente interrompida pelo som estridente do telefone de Allan. 

Todos os olhares convergem para o aparelho e para Allan, que atende com uma expressão tensa.

— Alô!

— Oi, moleque. Ou seria mais apropriado dizer, líder em declínio? — A voz de Mike ressoa, carregada de satisfação.

— Onde está meu pai e minha prima, desgraçado? 

— Calma, bebezão. Não adianta perder a cabeça agora. Tenho propostas para vocês. — A voz de Mike permanece firme, quase desafiadora.

— O que você quer?

— Quero dinheiro, é claro, mas não apenas isso. Quero garantias de que vocês não vão me caçar depois que eu o libertar. Tenho informações que podem arruinar a reputação de todos vocês. Se algo acontecer comigo, essas informações vão direto para a polícia.

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