Durante toda a minha vida, ansiava por algo mais, uma busca incessante por um propósito que me fizesse sentir vivo. No início, procurei essa satisfação nas estradas, nas corridas ilegais, e nos braços de diversas mulheres, mas em nenhum desses lugares encontrei a plenitude que ansiava. Mesmo na vida tumultuada, gerenciando cassinos e me envolvendo em relacionamentos efêmeros, o vazio persistia.
Foi em um daqueles dias comuns, durante uma corrida sem destaque, que meu destino cruzou novamente com o de Isabelly. Eu, como sempre, envolvido em trocas de carinho vazias, e então a flagrei me espionando.
Envergonhada ela tentava esconder sua identidade sob um boné preto, mas mesmo assim, ela brilhava com uma luz própria, seus cabelos vermelhos volumosos destacando-se. Quando nossos olhares se encontraram, vi-a assustada, sozinha, tão inocente e jovem, enquanto eu carregava o peso da sujeira e da imundície.
Descobri que ela, e somente ela, era capaz de proporcionar o pertencimento que eu tanto buscava.
Senti na pele o quanto era fácil afastar-me quando meu único propósito era protegê-la, quando meu carinho era puro e, talvez, inocente, como sempre foi desde que éramos crianças. No entanto, desejar Isabelly foi minha rendição.
Após aquela noite, eu enlouqueci; precisava vê-la novamente, saber como ela estava. Na noite seguinte, fui até a casa dela, mas, como era de se esperar, não fui recebido da maneira que eu imaginava. Tivemos uma discussão, e me arrependi por ter sido insensível. Ao entrar em seu quarto, cometi meu maior erro. Uma camisola quase transparente mexeu com meus sentidos, mas eu me controlei, mesmo assim, uma dependência que nasceu no primeiro toque e só crescia a cada instante.
Eu pertenço a Isabelly, sempre pertenci. Como ela me encantou, como conseguiu extrair tudo de mim dia após dia, ainda tento entender.
Percebi, após perdê-la tantas vezes, que precisava merecê-la, e por isso, estou disposto a qualquer coisa. A espera não é um obstáculo, contanto que eu tenha uma chance, mesmo que mínima, de tê-la de volta.
Aprendi que amar verdadeiramente é permitir que a pessoa amada voe livremente. Compreendi que a força excessiva pode quebrar o que mais valorizamos, e percebi que os sabores mais ricos e os aromas mais envolventes são conquistados com paciência.
E, acima de tudo, percebi nestes últimos dias que Isabelly também estava completamente apaixonada por mim. Como? Em cada olhar, em cada palavra, em cada gesto... ela também desaprendeu como esconder. No entanto, eu sabia que precisava merecer esse amor.
Foi difícil ficar longe dela. Ao longo desses últimos cinco anos, passei por uma transformação profunda, uma jornada de autodescoberta e reinvenção. Não estive sozinho nessa jornada.
Tive Vittório ao meu lado, um amigo cujo ombro estava sempre disponível para minhas mágoas regadas a uísque de qualidade. Nos momentos de depressão e tentações do passado, ele esteve lá para me apoiar. Incrivelmente, ele também esteve presente quando decidi abandonar de vez a vida do crime.
Tornei-me amigo íntimo do meu ídolo, o senhor Lopez, ou melhor, Ken, que me orientou a cada passo na construção da minha primeira oficina mecânica. E então há o Barth, um menino de apenas 18 anos, a quem considero como filho. Seu pai foi cego demais para reconhecer o bom garoto que tinha ao seu lado, e eu me sinto honrado por estar ao lado de Barth, ajudando-o a encontrar seu caminho.
Abandonei de vez a persona do dono embriagado do cassino, encontrando meu caminho para me tornar alguém capaz de construir uma vida e um futuro significativos. Aos poucos, libertei-me da raiva, do luto e do ressentimento. Desenvolvi a paciência, aprendi a respeitar limites e abracei a responsabilidade que vem com as escolhas da vida.
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ILEGAIS
RomansaIsabelly, desde cedo, compreendeu a necessidade de atender às expectativas de seus pais: herdeira de um empresário que construiu um império adquirindo diversas organizações e filha de uma hacker renomada que colaborava com o FBI, ela se viu diante d...