21 Um beijo

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Isabelly Moretti

À medida que me aproximo da boate, as luzes néon lançam o nome "Paradise" em letras estilizadas. Meus olhos se fixam na fachada, onde meu olhar se perde nos letreiros luminosos. Os seguranças, postados estrategicamente, escolhem quem entra e quem sai. 

A música, abafada, escapa por brechas, e como era de se esperar, Anthony, a figura mais famosa do grupo, consegue adentrar, deixando as pessoas na fila irritadas.

Ele desliza com confiança pela entrada da boate, nós o seguindo de perto. Abre caminho sem hesitar, como se fosse o dono do lugar. Anthony sempre foi assim. Seu rosto bonito e conhecido destaca-se, e, apesar de eu detestar admitir, sua habilidade de conseguir o que quer me fascina. 

Gosto de como ele sempre atinge seus objetivos, dedicando-se quando deseja algo. Mesmo sendo um completo escroto, sua influência exerce um poder que não consigo ignorar.

Posso morrer por admitir isso, mas secretamente desejo ser uma das coisas que ele deseja.

O local é surpreendentemente espaçoso e notavelmente mais rústico do que eu imaginava, mas está repleto de pessoas. Observo atentamente que há duas pistas, e pelo passo decidido de Anthony, percebo que ocuparemos a de cima. 

Surpreendentemente, até as escadas contam com seguranças, e percebo que é porque o andar de cima é VIP. Anthony, como sempre, desliza facilmente pela entrada exclusiva, e os seguranças liberam nossa passagem sem hesitar.

Ao adentrar o segundo andar VIP, noto que a atmosfera é diferente. A maioria dos presentes são mulheres, e Anthony parece satisfeito com a escolha. Lógico, ele sendo o cafajeste de sempre.

A música alta ressoa, envolvendo-me com batidas envolventes e remixes latinos que incitam meu corpo a se mover, e eu sucumbo à tentação, dirigindo-me para o centro da pista de dança. Notando que Amanda e Alysson me seguem, enquanto Allan, Anthony e Petter foram em busca de bebidas, fecho os olhos, entregando-me completamente à melodia.

Sinto as vibrações da música percorrendo cada centímetro do meu corpo, a sensação de liberdade me envolve enquanto danço, deslizando os dedos pelo meu cabelo, movendo os quadris com uma graciosidade sensual. 

Sinto-me bem, confiante, e minha expressão se torna ligeiramente provocante. Mordo suavemente o lábio, deslizo as mãos pela cintura e, quando abro os olhos, avisto Anthony à distância, seu olhar penetrante fixo em mim. 

Seus olhos escuros parecem desvendar cada centímetro da minha pele, incitando uma sensação de calor que percorre meu corpo. Há algo na intensidade do seu olhar que provoca desejo em mim, e, com um sorriso provocador no rosto, intensifico meus movimentos. 

Num momento de vulnerabilidade, decido encará-lo, enquanto minhas mãos exploram suavemente meu próprio corpo, meus olhos permanecem fixos nos dele.

Mesmo que o ódio que sinto por ele seja forte, não consigo negar a reação que seu olhar desperta em mim. O calor aumenta, minha respiração fica irregular. Por que isso? Por quê?

A atração é uma maldição que tento desesperadamente ignorar. O desejo de sentir seus lábios nos meus, mesmo com a razão gritando contra isso, é como um fogo ardente dentro de mim.

Anthony segura um copo de uísque com força, e percebo que ele também está afetado. Seus olhos, intensos e fixos em mim, nunca vacilam. Já o vi rejeitar diversas garotas que tentam uma chance esta noite, recusando uma por uma sem desviar o olhar de mim. Essa observação deixa uma faísca de dúvida acesa nos meus pensamentos.

Estará ele verdadeiramente me desejando?

Jogar com Anthony é um jogo perigoso, um jogo que, talvez, eu queira jogar.

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora