ILEGAIS

63 - Um café da manhã regado a humilhação

Anthony me carrega em seus braços escada acima com uma delicadeza que desafia a gravidade, como se eu fosse sua maior preciosidade. Cada movimento é cuidadosamente calculado, cada passo suave e firme, transmitindo uma sensação de proteção e conforto.

Encosto meu rosto em seu peito, sentindo a textura quente de sua pele contra a minha. Meu nariz fica próximo ao seu peito nu, enquanto meu ouvido captura o som reconfortante de seu coração batendo em um ritmo constante. Sinto seu calor irradiando, enquanto sua respiração pesada ecoa suavemente perto de mim, criando uma melodia tranquila que me acalma instantaneamente.

O compasso tranquilo de seu coração parece bater em harmonia com o meu, como se estivéssemos sincronizados em um ritmo único e especial. Nesse momento, envolvida por seus braços fortes e seguros, sinto-me em paz, como se nada mais importasse além do agora.

Neste momento, o homem que sempre amei se revela sob uma luz completamente nova, envolto em calma e atenção, uma visão que me surpreende e fascina. Sempre fui apaixonada pelo Anthony intenso, imprudente, aquele capaz de atirar no pneu do meu carro para me obrigar a ir com ele, aquele que me fez ir aos finalmentes no meio de uma boate lotada, aquele que me desafiou com suas atitudes ousadas e imprudentes.

Mas agora, diante de mim, está uma versão diferente do Anthony. Ele é o homem focado, admirável, dono de uma oficina mecânica, o homem bom que ajuda meninos perdidos a construir um futuro melhor, um piloto profissional dedicado, um irmão incrível que abriu mão de sua posição de chefe para dar oportunidades a irmã que tanto ama. E, ao mesmo tempo, é aquele que cuida de mim com amor e delicadeza, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Essa dualidade entre a antiga intensidade de Anthony e sua nova ternura é meu ponto fraco. Sim, todas queremos ser arrebatadas pela paixão de um Anthony ousado, mas, no fundo, é o Anthony gentil e responsável que desejamos para construir um futuro juntos. Ele não promete apenas um momento, mas uma vida inteira. Talvez a Isabelly de 19 anos não fosse capaz de apreciar essa versão de Anthony, mas eu o amo profundamente e estou disposta a abdicar do meu orgulho por ele.

O Anthony anterior despertava minha loucura, mas este Anthony tem o poder de me desestruturar com uma única palavra. É essa dualidade que me faz desejar um futuro ao seu lado, com casamento, filhos e uma vida cheia de amor e cumplicidade.

Com todo cuidado, ele me deita suavemente na cama, suas mãos hábeis retirando minhas botas com delicadeza, ajustando-me com ternura como se eu fosse uma peça frágil. Sinto o tecido macio dos lençóis envolvendo meu corpo, criando um casulo reconfortante. O homem incrivelmente belo à minha frente se inclina, seus olhos profundos transbordando de afeto enquanto seus lábios tocam minha testa com suavidade, um gesto que aquece minha alma mais do que qualquer palavra poderia expressar.

Ele se afasta apenas o suficiente para me observar, um sorriso terno brincando em seus lábios, enquanto sua mão gentilmente desliza uma mecha solta do meu cabelo para trás. Seu toque é como uma carícia reconfortante, fazendo-me sentir amada e protegida.

— Durma bem, princesa — sussurra ele, sua voz suave como uma melodia relaxante, enquanto seus olhos permanecem fixos nos meus.

Ao perceber que ele está prestes a se afastar, seguro sua mão suavemente, ansiosa por manter a proximidade. Anthony engole em seco, seus olhos encontrando os meus em um instante de conexão profunda, como se palavras fossem desnecessárias.

— Meu presente? — murmuro, em um sussurro embriagado pelo álcool.

Um riso suave escapa dos lábios dele, um som que parece acalmar toda a tensão.

— Eu estava brincando, Isabelly. Eu precisava que você ficasse no lugar.

Fico observando-o, um beicinho denunciando minha chateação. Ele se aproxima, buscando dissipar o desconforto que se instalou entre nós. Seus dedos traçam um caminho reconfortante pelo dorso da minha mão, enquanto seu olhar busca o meu com uma ternura que me faz esquecer momentaneamente o desapontamento.