5 - Um momento

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Isabelly Moretti 

Os portões da garagem se abrem suavemente, e eu acelero meu carro até minha vaga, ansiosa para chegar em casa. 

No entanto, ao chegar, percebo o carro do meu primo ainda estacionado, e para a minha surpresa, o irritante também está lá. 

Este último, vestindo apenas uma bermuda, enquanto segura um pano ensopado e uma mangueira, a água escorre sobre sua pele clara, realçando seu corpo definido. 

Não posso negar que não é um castigo ver ele sem camiseta, e acabo soltando uma risada espontânea. Ainda mais, quando os raios de sol destacam o contorno de seu peito e braços, tornando as tatuagens ainda mais visíveis. 

Que tentação! 

Se ele não fosse o homem mais arrogante e insuportável que conheço. 

Observo que Anthony caminha na minha direção, então, aproveitando o momento, abro a porta do meu carro e desço. Seus olhos curiosos me avaliam de cima a baixo.

— Onde você estava? — me pergunta, se aproximando, seus olhos castanhos intensos fixos nos meus.

— Desde quando você se interessa pela minha vida? — questiono, entre risos. 

 — Princesa, sua vida chata de nerd não me interessa, mas você é da família. — ele fala, e seguro minhas mãos em punho, sentindo a raiva me dominar, mas mantenho um sorriso forçado no rosto.

— Eu sei me cuidar, não preciso de um Ristretto cuidando da minha vida. — comento com escárnio e começo a andar, mas ele segura meu braço, não a ponto de me machucar ou forçar, apenas como um pedido silencioso.

— O que está acontecendo com você? — me pergunta, encarando meus olhos fixamente. 

Suas pupilas estão dilatadas, sua respiração pesada, e o calor que emana da sua mão faz meu braço esquentar. Eu respiro profundamente para não mandá-lo ir se ferrar e cuidar da vida dele.

— Está tudo normal, mesma vida de nerd de sempre! — respondo, forçando um sorriso e dando uma piscadela.

Então, ele solta a mangueira e, com uma agilidade impressionante, segura meus dois braços, pressionando-me contra seu carro. Sinto a espuma na minha pele, juntamente com a água gelada, o que faz com que minhas costas fiquem molhadas. Seus olhos percorrem meu corpo, como se me avaliasse minuciosamente. Ele aproxima seu rosto do meu pescoço, sinto sua respiração quente ali, e toda a minha pele se arrepia.

— Você está cheirando a produtos fortes e graxa de carro, suas roupas rasgadas, sujas, seu cabelo bagunçado e tem terra no seu rosto... — ele fala como se eu tivesse cometido um crime, e há um toque de apreensão em sua voz. — Ontem cheirava a shampoo barato, seu cheiro sempre foi doce, mas ontem cheirava a loção masculina barata e usava aquelas roupas ridículas. — Anthony cospe as palavras como se eu tivesse cometido alguma atrocidade, sua expressão carregada de desaprovação.

Fico paralisada, encarando-o. Seu interesse repentino é desconcertante. Ele sempre me ignorou e me excluiu, e agora, de repente, está invadindo minha privacidade e me vigiando. Vou colocar esse arrogante no lugar dele.

— Tem dez segundos para me soltar. — ameaço, encarando-o nos olhos, determinada a não dar explicações a ele. — Um, dois, três, quatro, cinco, seis...

Anthony começa a rir suavemente, soltando meus braços e se afastando, como se achasse graça na minha reação.

— Que medo! — provoca, abaixando-se para pegar a mangueira. — A princesa vai gritar!

ILEGAISOnde histórias criam vida. Descubra agora