50 - Um vislumbre do fim

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Abro os olhos com dificuldade, a luz invade minha visão de forma intensa, mas não consigo abri-los totalmente, percebo que estou confinado em um tubo de vidro estranho. Uma dor latejante no estômago, uma dor de cabeça irritante e uma exaustão forte se fazem presentes. Tento respirar, mas o ar parece escasso, e uma sensação de pânico aperta meu peito.

— Droga, onde diabos estou?

Com um esforço sobre-humano, finalmente consigo abrir os olhos completamente. Paredes ásperas de concreto circundam meu confinamento. Equipamentos aparentemente abandonados estão espalhados pelo lugar, cobertos pela escuridão. 

Tento girar o pescoço para observar o entorno, mas as luzes estão apagadas, permitindo apenas a visão de sombras. Dois tubos semelhantes ao meu captam minha atenção, e percebo outras pessoas dentro deles. Apenas silhuetas imóveis, como se estivessem mergulhadas em um sono profundo.

Minha tentativa de chamar por socorro é frustrada pela fraqueza da minha voz. Observo os outros ocupantes dos tubos, mas a escuridão impede a identificação de qualquer rosto. Desesperado, começo a golpear com as pernas as paredes do meu confinamento, buscando alguma resposta, mas nada acontece.

A confusão se apossa da minha mente. Lembro-me do cais, da fumaça densa, de Tia Jane... Como acabei aqui? 

Então, luzes intensas e uma sirene estridente que rasga o ar, exigindo minha atenção imediata. Meus olhos, ainda se ajustando à súbita claridade, focam no primeiro tubo ao meu lado e a visão é perturbadora. Isabelly está ali, presa e ferida.

— Amor! — Grito desesperado, mas ela permanece desacordada dentro do tubo, seu rosto marcado pelo sangue e suas pernas visivelmente machucadas. 

Meu coração dispara, a raiva e impotência me dominam, enquanto desfiro chutes frenéticos no meu próprio tubo. Preciso sair daqui.

— Isabelly! — Grito alto, puxando meus braços, apenas para perceber que estou amarrado a uma pilastra dentro do meu confinamento. 

A visão da mulher que amo nessas condições me faz gritar em desespero. Raiva fervilha, mas a impotência da situação me domina. Tento me soltar, mas as amarras apertam meus pulsos, uma dor aguda percorre meu corpo. Sangue escorre conforme as amarras cortam minha pele, e continuo em desespero.

— Acorda, princesa! — Grito em vozes roucas, encarando Isabelly, mesmo sabendo que ela está inconsciente. 

Desesperado, puxo meu braço com toda a força, rasgando a pele ao redor das amarras. A dor intensa se mistura à raiva que queima dentro de mim. Sangue escorre do pulso ferido, mas o medo de que Isabelly não acorde me impulsiona a continuar.

Enquanto luto contra a dor, meu olhar se desloca para o tubo ao lado. A visão é devastadora. Tio Steve está lá, também amarrado e imóvel. E para meu total desespero, muito machucado. Meu coração afunda ainda mais diante dessa descoberta.

— Tio Steve! 

Tento chamar sua atenção, mas ele permanece imóvel, como se estivesse em um sono profundo. Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto observo o homem que sempre foi um exemplo agora tão vulnerável.

A raiva e a frustração aumentam ao perceber que não estou sozinho nesse pesadelo. O que aconteceu conosco? Por que estamos aqui? Minhas mãos continuam a se debater contra as amarras, a cada vez rasgando mais a pele, mas eu não vou desistir. 

Então, ao final da sala, um imenso portão de ferro se abre abruptamente, e uma série de pessoas vestindo roupas negras e máscaras de palhaço, semelhantes às do cais, adentram. 

Cada uma delas empunha um taco de beisebol de metal, golpeando o chão com um som sinistro, claramente destinado a nos amedrontar. Um ruído metálico ressoa sobre mim, e água começa a jorrar com força de cima do meu tubo de vidro. 

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