56 - Um novo folego

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Dois anos depois... 

Observo atentamente os vários homens de terno espalhados pela boate, cada um segurando um charuto com elegância, enquanto o aroma do tabaco se mistura com o perfume sutil das mulheres ao redor. Todos os presentes são figuras importantes, membros da organização criminosa mais poderosa e influente da Itália. 

Avisto claramente Raffaele Cutolo, que se encontra sentado com elegância, segurando um copo de uísque entre as mãos. Um homem elegante, destacando-se pelo cabelo escuro impecavelmente cortado e penteado. Vestindo um terno cinza escuro, sua imagem evoca a aura de um verdadeiro homem de negócios, transmitindo sofisticação e confiança. O meu preferido. 

Conforme minhas pesquisas indicam, Cutolo é o primeiro na linha de sucessão, e sua presença irradia uma combinação única de poder, respeito e charme. Ele é com certeza merecedor do futuro título de Capo. 

Já o homem ao seu lado, Paolo Di Lauro, encaro com desdém. Ele se destaca sempre em sua extravagância, ostentando um terno vinho e cabelos loiros que parecem mais uma escultura do que fios naturais. Tão chamativo, tão arrogante. Di Lauro se destaca não apenas pela sua aparência impressionante, mas também por uma atitude que beira a prepotência. Não confio nele. 

Mas não consigo evitar sentir uma pontada de irritação ao perceber que, apesar de importantes, ambos são apenas peixes pequenos no grande esquema. A verdadeira autoridade recai sobre o Capo, Michele Zaza, irmão do pai de Petter, que assumiu o controle após o suicídio dele.

A ausência do verdadeiro líder nesta boate me deixa impaciente e distante dos meus objetivos. Acredito que, criando uma conexão com a família de Michele Zaza, posso obter informações cruciais sobre Petter. 

Talvez eles decidam compartilhar alguma informação ou me fornecer uma pista sobre o paradeiro deles. É a minha ambição, o que realmente desejo, ainda mais após todos os sacrifícios que fiz. Minha família, minha vida em Nova York e o amor da minha vida, meu doce Anthony, todos deixados para trás.

Deslizo suavemente entre as mesas, sentindo o tapete macio ceder sob meus saltos altos. Cumprimento os presentes com sorrisos estudados, pois sou a anfitriã encarregada de agradar, meus convidados.

A boate que inaugurei em Nápoles é um cenário de luxo, onde os negócios se entrelaçam com o prazer.

Quarenta por cento do meu lucro é destinado aos italianos, a grande facção. Uma vez por mês, a boate fecha exclusivamente para eles, e é minha responsabilidade criar uma experiência inesquecível: mulheres deslumbrantes, charutos importados e o uísque mais refinado.

Por que fiz isso? Porque são os Camorra. Tornaram-se meus mais novos e intrigantes aliados. A máxima "mantenha seus amigos próximos e seus inimigos ainda mais próximos" faz todo sentido para mim agora.

Devo ressaltar para mim mesmo que não são os mesmos que me atacaram, mas pertencem à mesma laia, e sempre devo manter meus olhos bem abertos. Buscarei cada informação possível para trazer Petter de volta até mim. Lidar com Di Lauro uma vez por mês tem sido um verdadeiro inferno. A única coisa positiva nisso tudo é o encontro com Eros.

Deslizando entre os demais presentes na boate, finalmente avisto a mesa onde Vittório e Eros estão, meus dois companheiros de jornada imersos em mais uma de suas acaloradas discussões habituais. Nunca vi irmãos brigarem tanto, sempre em uma disputa interminável. Navego pelo ambiente, sentindo a batida pulsante da música, suficientemente alta para criar uma atmosfera vibrante, mas ainda permitindo que possamos conversar enquanto me aproximo dos meus aliados.

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