No jantar daquela semana Pat tinha pedido autorização para trazer a namorada e a contragosto seus pais aceitaram.
Enquanto tomava banho, ele pensava que seria a melhor noite da sua vida, pois não precisaria ficar perto de Pran, aquele babaca. Quem Pran pensava que era para dizer que ele era medroso? Ele não tinha esse direito. Pat dizia a si mesmo que ele era só uma criança na época. Agora ele não tinha medo. Não muito. Só às vezes, quando estava muito escuro ou quando ventava forte. Enfim, o fato é que ele ficaria longe de Pran sem precisar arrumar uma desculpa. Ah, e claro, ele poderia ficar com View, sua namorada!
Assim que a garota chegou, seus pais a apresentaram para os pais de Pran, que a cumprimentaram e disseram que ela era muito bonita e educada. Pat esperava que seus pais fossem influenciados pela opinião dos tios e aceitassem melhor seu relacionamento.
Pat segurou a mão da namorada e foi em direção ao seu quarto.
"Pat!" Sua mãe gritou "Vem aqui! AGORA!"
View soltou a mão dele e se sentou do lado de Pran, que sorriu constrangido pelo grito da tia. Pa veio para sala saber o que estava acontecendo e sentou junto deles.
Por mais que não quisessem ouvir, eles escutaram a mãe dele o repreendendo por tentar levar a garota para o quarto. Isso era um absurdo! O que a família dela pensaria dele?
Pran notou que View ficou surpresa e envergonhada, talvez nem ela tivesse cogitado algo desse tipo. Ele ficou com dó da menina e tentou dar um sorriso de encorajamento.
Em sua defesa, Pat disse que seu videogame ficava no quarto e eles iam jogar. Pran deitou a cabeça no encosto o sofá e mirou o teto, desacreditando da estupidez do seu vizinho, essa era a desculpa mais imbecil que ele poderia ter dado.
"Ok, vocês podem jogar videogame, mas a sua irmã vai junto!"
"Mãe!! Eu não quero ficar no quarto dele!" Pa reclamou "Eu só vou se Pran for!"
Pran engasgou ao ouvir seu nome ser colocado no meio dessa bagunça e os quatro subiram para o quarto de Pat totalmente contrariados.
Pat ligou seu videogame, View e Pa sentaram no chão e iniciaram uma disputa num jogo de corrida. Pran viu quando ele colocou seu travesseiro em cima de Nong Nao, tentando escondê-lo. Depois Pat sentou em frente à sua bateria e batia aleatoriamente no instrumento.
"Como era a música?" Ele perguntou.
"Qual música?" Pran estava distraído.
"A nossa música."
Pran sentiu seu coração parar. A música não era deles, só foi feita por eles. Pran odiava como Pat sempre dizia coisas que o deixavam confuso.
"Não lembro." Ele mentiu.
"Acho que eu lembro da melodia."
Pat testou algumas batidas, tentando recordar o que Pran tinha tocado e depois de algumas tentativas, ele fez um base perfeita para a música. Pran se aproximou e começou a cantarolar e sorriu até as covinhas saltarem nas suas bochechas e fazerem o coração de Pat errar as batidas e suas mãos também. Ele parou.
"Ficou muito bom!" Pran falou baixinho.
"Que música é essa?" As meninas perguntaram.
"Eu e o Pran que fizemos!" Pat falou orgulhoso.
Sim, os dois tinham feito e Pran queria manter entre eles, mas agora não podia mais.
Eles conversaram sobre a música e Pran, por fim, ficou animado de falar sobre isso. View se encantava com braços fortes de Pat quando ele tocava ou girava a baqueta entre os dedos.
_______________Pran acreditava que, com o namoro de Pat, agora iria ficar livre dele e da sua presença irritante.
No entanto, a mãe de Pat descobriu que ele e View se encontravam escondidos quando ela saía. Apesar de não ter nada a ver com o relacionamento do vizinho, os dois foram obrigados a escutar uma palestra constrangedora sobre gravidez, métodos contraceptivos e gastos que um bebê traz.
Além disso, Pat foi proibido de ficar sozinho em casa. Sempre que sua mãe se ausentava, ele tinha que ir para casa de Pran.
"Eu não quero ser babá dele, mãe!" Pran reclamou e sua mãe o advertiu sobre não aceitar esse tipo de comportamento. Os membros das duas famílias sempre dariam suporte uns para os outros.
O problema é que ele não suportava Pat e ter que ver esse cara todo dia deitado no sofá da sua sala, falando apaixonado pelo telefone, fazia Pran ter vontade de gritar. Pat parecia ser uma pessoa brava, feroz era a palavra que usavam para descrever seus olhos, mas Pran o conhecia e sabia o quanto ele era bobo. E agora ele também sabia que ele fazia vozes fofas para falar com a namorada.
Em uma outra ligação que ele fez, Pran descobriu que o casal estava indo rápido demais para os próximos passos, porque ouviu o vizinho perguntando para Korn se ele já tinha comprado camisinhas alguma vez. Os dois tinham vergonha e só por isso as coisas ainda não tinham avançado.
_______________Em um fim de tarde, assim que o treino acabou, o ombro de Pran começou a arder depois de ter caído de mal jeito ao fazer uma defesa difícil. Os dois andavam de volta para casa e Pran disse que precisava comprar uma pomada analgésica.
Quando entraram na farmácia, Pat se virou para Pran e em seguida olhou para onde estavam as camisinhas.
"O que foi?"
"Nada!" Pat estava sem graça "Você... nada, esquece!"
Pran pediu a pomada e esperou.
"Você...é...." Pat parecia ansioso "Pran... deixa pra lá!"
Pran olhou o relógio.
"Pran... é...não, não é nada!"
Pran estava se segurando, mas não pôde evitar e revirou os olhos.
"Você.... " Pat desistiu de falar e passou a mão atrás do pescoço, constrangido.
Pran foi até a prateleira e pegou dois pacotes de camisinhas, verificou alguma coisa, devolveu um pacote e pegou outro no lugar.
Ele foi até o caixa, pagou por seu pedido e pelos itens a mais.
"Você é um idiota, Pat!" Pran jogou a sacola com as camisinhas na mão dele e começou a andar ao mesmo tempo que abria a caixa da pomada.
Pat olhou dentro da sacola e viu que uma era normal e a outra era extra sensível, ele não fazia ideia do que significava, mas as duas eram extra grandes.
"Obrigado!"
Ele correu atrás de Pran e passou o braço sobre o ombro dele, que se assustou e o empurrou.
"Hey!! Eu só estava agradecendo!"
"Você apertou meu ombro machucado!" Pran tentou justificar seu desconforto com a proximidade dele.
Pat puxou a caixa da mão dele e terminou de abrí-la sem cuidado.
"Porra, Pat! O que você está fazendo?"
"Agradecendo!"
Ele puxou Pran pela mão, ergueu a manga da sua camiseta e passou o produto no seu machucado.
"Eu faço isso sozinho!" Pran tentou se soltar, mas ele o impediu.
"Fica quieto!"
Até que seu toque não era tão bruto quanto Pran pensava.
"Por que você escolheu aquelas?"
"Aquelas o que?"
"As camisinhas."
"Sei lá, peguei qualquer uma!"
"E por que você pegou extra grande?" A respiração de Pat perto do seu rosto o deixava desconfortável e ele se afastou.
"Eu nem vi o tamanho! Quer que eu devolva?" Pran respondeu com indiferença, pegando a pomada da mão dele e guardando na mochila.
"Não precisa, acho que vai servir!"
Pran se virou e saiu andando rápido, torcendo para que ele não visse o calor subindo nas suas bochechas.
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Tic Tac Toe Bad Buddy Multiverso
FanfictionE se Pat e Pran fossem criados juntos? E se não houvesse brigas entre as famílias? Essa história começou com um pensamento aleatório e foi tomando forma e crescendo dia a dia e eu não consegui ignorar. Tic Tac Toe, ou Jogo da Velha, é uma brincadei...