Parte 31

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O pai de Pran tinha se afastado e os dois estavam jogados no chão.

Pran tinha soltado do pescoço do namorado quando desequilibrou e caiu. Pat aproveitou o momento e deitou a cabeça no seu colo e segurou o violão em cima da barriga e ficou passando os dedos pelas cordas, somente fazendo um barulho baixo.

"Posso guardar?" Pran estendeu a mão e pegou o instrumento. "Levanta!"

"Não, está confortável aqui!"  

"Pat, isso não tem graça!"

"Não mesmo!" Pat suspirou, sentou e se virou, ficando de frente para Pran, que fechava o ziper da bolsa do violão.

Quando ele se preparava para ficar de pé, Pat o atacou, usando o seu melhor golpe baixo: jogou seu corpo sobre o dele e começou a soprar e respirar perto da garganta de Pran, que se encolheu.

"Quem é frouxo agora?" Pat sussurrou dentro da orelha de Pran, que se contorceu de agonia e excitação.

"Pat, para!" Ele ria, tentando se desvencilhar e se proteger ao mesmo tempo.

Ele não conseguia empurrar Pat para longe, porque seus braços estavam fracos pelas cócegas que sentia. Sua outra alternativa foi tentar empurrá-lo com o quadril, para que ele caísse para o lado.

O plano era bom, mas ele não contava que o namorado estava excitado e quando pressionou seu corpo contra o quadril de Pat, a pressão o fez gemer e os dois se olharam por um instante, constrangidos e se afastaram.

"Olha só o que você fez, Pat!" Pran não queria encarar o namorado "A gente está no quintal da minha casa!"

"Foi só uma brincadeira." Pat disse na defensiva.

Pran se preparava para levantar e Pat segurou sua mão. Ele a puxou com raiva e vergonha, mas Pat não o soltou, segurando-o com força, fazendo o ficar sentado no chão.

"Não sou só eu que não consigo esconder... as coisas!" Pat apontou para as calças de Pran, que ficou ainda mais vermelho e colocou o violão sobre o colo.

Pat riu e chacoalhou a cabeça.

"Você não precisa esconder de mim! Eu só não queria que você entrasse assim na sala da sua casa! Você ia parecer com aquele cara... daquele filme... como chama? Do filme My Precious? Dong?"

"Cala a boca, Pat!" Pran baixou a cabeça e riu da imagem que veio à sua memória.

"Você quer mais um abraço?" Pat perguntou depois de um tempo.

Pran deu de ombros, como se fizesse pouco caso da pergunta do namorado. Pat se colocou de pé e estendeu a mão para o namorado e o puxou para cima e o abraçou.

Foi rápido.

E foi intenso o suficiente para Pran ter certeza de que Pat se importava com ele e essa era uma sensação estranha, de acolhimento, que ele não sabia lidar muito bem.

Pat estava distraído e esperava Pran colocar o violão nas costas. Ele não percebeu que a intenção do namorado ao se aproximar era de beijá-lo na bochecha. Pat o olhou com espanto e colocou a mão sobre a pele ainda sensível pelo toque dos seus lábios.

Pran ficou vermelho, se virou e andou para sua casa. Assim que entrou, correu para o quarto sem acreditar que tinha sido tão imprudente e, ao mesmo tempo, ele sentia uma alegria crescente. E daí se alguém visse? Eles estavam juntos, não é? Qual o problema em beijar seu namorado, amigo, vizinho no quintal da sua casa? O coração de Pran batia alucinado e ele se sentou quando a vertigem começou.

Ele não queria se deitar porque tinha impressão que o mundo iria se abrir e ele entraria numa espiral e se afundaria até os confins da Terra. Ele beliscava a própria perna tentando se controlar.

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