Parte 15

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Pran empurrou a mão de Pat para lado e ele acordou e fez um grunhido, limpou a boca e tentou se sentar direito no chão. Sua cara estava horrível e ele levou as mãos até as costas, tentando se alongar ou minimizar seu desconforto.

"Você ainda está aqui?" Pran estava surpreso.

"Eu falei que ia ficar! Você está bem?"

"Sim. Você está péssimo!"

Pat riu.

"Você é tão gentil!" Pat gemeu ao tentar levantar.

"Precisa de ajuda?" Pran ficou preocupado.

"Não." Ele colocou a mão nas costas e tentou se esticar "Eu preciso ir ao banheiro."

Pat se arrastou para lá e Pran procurava explicações de porque ele tinha ficado ali.

No chão.

A noite toda.

Era enlouquecedor pensar que Pat poderia ter algum sentimento por ele, ninguém dorme no chão se não tiver alguma coisa envolvida. Contudo ele tentava não criar ilusões. As coisas já estavam bem complicadas com a realidade que tinha que lidar, se ele fantasiasse, seria mais doloroso.

Pran ouviu a descarga e Pat saiu logo em seguida.

"Você lavou a mão, Pat?" Era bom saber que sua irritação com ele ainda existia, isso fazia as coisas parecerem normais.

"Claro!" Pat estava ofendido. Pran sempre duvidava dele. Era bom estar com o velho Pran de novo "Eu vou pra casa. Você... você está bem? Precisa de alguma coisa?"

"Está tudo bem."

Pat olhou para janela e Pran se conteve por cinco segundos.

"Sai pela PORTA, Pat!" Ele coçou a cabeça desacreditando que ele tentaria voltar pelo muro.

Ele sorriu sem graça e saiu. Pran ouviu ele cumprimentar sua mãe e o observou cruzar o jardim.
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Nos dias que se seguiram, Pran começou a se irritar com Pat. Ele o seguia em todos os lugares, esperava por ele quando ia ao banheiro, depois das aulas ou quando parava para conversar com alguém, em todo lugar, Pat era sua sombra.

Pran avisou que não queria conversar e Pat o respeitou e mantinha uma certa distância, porém estava presente a cada passo que ele dava. Ele se perguntava por que gostava desse cara, ele era tão irritante!
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Pat se mantinha alerta, pois não sabia se Chang faria alguma outra coisa ou se espalharia essa história para alguém. Será que Wai sabia? Ele e Chang estavam discutindo aquele dia. Ele não tinha certeza, então decidiu que seguiria Pran e protegeria, mesmo que de longe, porque Pran era arisco. Sim, essa era a palavra. Ele parecia um gato assustado, fofo, porém podia ser muito agressivo.

Pelas suas observações, Wai não sabia de nada e ainda se esquivava para não encontrar Pat e isso era uma coisa boa. Chang, por outro lado, estava sempre de olho em Pran.

Pat pensava sobre o que os dois disseram. Chang falou que o fez chorar, mesmo sendo sutil ou algo assim, ele não lembrava. Pran tinha dito que pediu para que ele o tocasse. Essas duas informações não batiam. Será que foi além de tocar? Pran não transaria com Chang.

Pat nunca imaginou que ele fosse gay. Era estranho pensar sobre Pran gostar de homens. Pat se questionava se isso era um problema. Para ele, não era. Ele só não queria que o amigo sofresse, pois isso o deixava muito triste também.

Sua diversão sempre foi irritar Pran e era simples conseguir isso.

Quando ele desistiu tão fácil da discussão naquela noite e disse que Pat poderia fazer o que quisesse, isso foi como quebrar algo entre eles. Esse não era seu Pran.

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