Parte 5

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Pran observava Pat ser rodeado pelos alunos, seus dois gols contra aquele time foram lendários, somado a agressão que sofreu, ele tinha se transformado em um herói.

View se aproximou e perguntou como ele estava, se estava machucado. Pat não perdeu oportunidade de levantar a camisa do uniforme e mostrar seu corpo. Ela encostou os dedos delicadamente na barriga exposta. Pran viu o rosto dele ficar vermelho e View baixou o olhar timidamente. Pran revirou os olhos, colocou a mochila nas costas e saiu dali. De longe ele ainda ouvia os gritos de incentivo e assovios provocativos dos colegas para o casal ainda não oficializado.

Nos dias que se seguiram Pat e View estavam juntos o tempo todo. Ele se sentou atrás dela na aula e puxava sua trança para que ela olhasse para ele. Ela se virava, ria e o repreendia sorrindo, às vezes dava um tapa fraco na mão dele, suas bochechas ruborizavam levemente e ela se voltava para frente; era uma cena linda, perfeita e romântica. Pat parecia enfeitiçado e Pran via aquilo e sentia vontade de vomitar.

No jantar em família daquela semana, Pat estava de ótimo humor e ficou o tempo todo no celular; ele digitava e sorria igual a um panaca para o aparelho.

Pran subiu para o seu quarto e começou a dedilhar novamente aquela melodia que o perseguia há muito tempo. Sua sensação era de que a música queria sair de dentro dele, mas ainda não parecia pronta, faltava algo. Ele tocou o mesmo trecho tantas vezes que seus dedos começaram a doer.

Ele colocou o violão ao seu lado na cama e pegou seu caderno e rabiscou algumas palavras no papel.

"Sua mãe falou para você descer!"

A voz de Pat surgiu do nada ao mesmo tempo que a porta abriu e Pran pulou na cama e seu coração bateu acelerado.

"Você não sabe bater na porta antes de entrar, seu idiota?!" Pran gritou com o intruso e tentava se acalmar.

"Você nunca faz isso quando entra no meu quarto." Pat andou até a cama e puxou o caderno do colo do garoto.

"Devolve isso!" Pran tentou se levantar, mas Pat colocou a mão no seu peito e o empurrou para a cama de novo.

"Você mexe nas minhas coisa, eu mexo nas suas. O que é isso?" Pat começou a ler o que ele tinha escrito e não fazia muito sentido "É uma música?"

Pran sentia seu coração afundar no peito.

"Sim. Não. Não sei!"

"Parece bom."

Pran analisava o rosto de Pat e ele não parecia estar zombando.

"Eu sei o que quero escrever, mas não sei como." Pran confessou, receoso da reação do outro "Essa melodia fica na minha cabeça e eu não sei como sair disso."

Pran estava sentado com as pernas cruzadas sobre a cama, pegou violão, mas antes de apoiá-lo na perna, ele puxou um pouco a bermuda para baixo para que o instrumento não escorregasse em contato com o tecido. Pat achou interessante como a curva do violão encaixava tão perfeitamente na parte interna da coxa de Pran.

Quando ele começou a tocar, Pat ficou encantado com o que ouvia e escreveu algumas linhas no caderno e sorriu.

"Dá uma olhada!" Ele parecia orgulhoso do que tinha feito.

Pran pegou o caderno, olhou aquelas letras mal diagramadas, encarou Pat, que bufou porque sabia estar sendo julgado pela qualidade da sua caligrafia.

"Deixa de ser chato! Dá para ler o que eu escrevi!" ele empurrou o caderno em direção ao vizinho.

Pat acompanhava cada micro expressão que ele fazia e se sentiu orgulhoso quando um dos lados da bochecha de Pran se levantou em um meio sorriso e uma covinha apareceu. Pran pegou o lápis da mão de Pat e escreveu mais algumas linhas com rapidez, quase sem respirar e no final seu sorriso foi completo, de orelha a orelha. O coração de Pat batia acelerado vendo a felicidade no rosto dele.

Num impulso, ele pegou o caderno do colo de Pran e assinou seu nome numa página. Na página inteira. A caranca habitual de Pran voltou e ele riu.

"Sou autor da música junto com você agora!" Ele colocou o caderno de volta no colo do outro e o dorso da sua mão tocou a pele dele, que de fato era muito macia "A gente tem que ir jantar!"

Pat se levantou e saiu do quarto apressado.
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Pran esperava sua mãe para irem para a escola e Pat estava visivelmente animado para isso, o que era bem suspeito, afinal ele não gostava nem de acordar cedo e nem de ir para escola.

Ao chegar lá, ele parou no portão e alisou o uniforme algumas vezes e parecia ansioso, até View aparecer. Ela parou na sua frente e eles conversaram brevemente, depois ele pegou na mão da garota e os dois entraram na escola.

Revirar os olhos estava se tornando uma mania dolorosa para ele. Em todo caso era tão óbvio que isso iria acontecer entre Pat e View

"Desculpa!"

Pran foi tirado dos seus pensamentos ao sentir o impacto de alguém que tinha tropeçado e quase caiu sobre ele. Por reflexo, ele segurou a garota.

"Você está bem?" Sua pergunta era sincera e ele olhava para ver se ela tinha se machucado.

"Sim, eu estou bem!"

O rosto dela estava tão vermelho de constrangimento que Pran riu e ela ficou ainda mais sem jeito.

"Meu nome é Pran!"

"Ink" ela respondeu sem graça.

"Você é de qual turma? Nunca te vi por aqui?"

Os dois começaram a conversar e descobriram que estudariam na mesma sala. Ela tinha acabado de se mudar e Pran disse que a ajudaria a se enturmar.

O sorriso dela era acanhado e Pran achava isso muito fofo.
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Pat passava o tempo todo ao lado e View e Pran andava com Ink apresentando os lugares e pessoas.

"Vocês dois combinaram de começar a namorar ao mesmo tempo?" um dos colegas do grupo deles perguntou enquanto se trocavam no vestiário antes do treino.

"Eu não estou namorando a Ink." Pran respondeu encabulado. Havia um outro sentimento também. Alívio? Pran não sabia.

"Ela é bem bonita!" um outro menino disse.

"Pran tem medo de garotas!" Pat falou alto e todos riram.

"Não tenho, não! Não tenho medo de garotas, nem de garotos idiotas como você. Fala isso de novo que eu quebro sua cara!" Ele se levantou e apontou o dedo na direção de Pat.

Os outros meninos entraram no meio deles e tentaram acalmar os ânimos. Desde a briga durante o jogo, os alunos passaram a temer Pran e evitavam irritá-lo. Ninguém nunca tinha visto uma briga tão violenta quanto aquela e esperavam não ver de novo.

"Eles acabaram de se conhecer, dá um tempo que logo logo ela se apaixona." Chang disse, apertando os ombros de Pran, que o repeliu com um empurrão.

"A gente é amigo, só isso." Pran saiu antes dos outros, que voltaram sua atenção para Pat e faziam brincadeiras sobre ele e View

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