Parte 79

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Assim que as férias entre os semestres começaram, Pat pediu para ajudar o pai na loja como tinha feito no ano anterior. Ming preferia que ele não fosse, pois via que o filho ainda sentia algumas dores quando precisava ficar muito tempo em pé, mas o garoto insistiu e sua mãe pediu para que ele tivesse cuidado para não se machucar novamente.

A conversa com Pran foi mais difícil do que com os pais. Na cabeça do namorado, eles teriam alguns dias só para ficarem juntos e Pat estava abrindo mão disso para ficar no caixa da loja sem fazer nada o dia todo.

Pran sabia que estava sendo infantil, mas ele se sentia traído e abandonado.

Na verdade, Pran se sentia mal consigo mesmo por não ter lembrado do aniversário de um ano de namoro e também tinha esquecido do aniversário de Wai. E ele só se deu conta disso porque estava esquecendo também da proximidade do aniversário de Pat.

No ano passado, Pat juntou dinheiro trabalhando na loja do pai para comprar seu presente e quando disse que trabalharia novamente esse ano, Pran percebeu, de novo, que não tinha preparado nada.

O que o consolava era que Pat também não tinha lembrado do aniversário de um ano deles, provavelmente isso significava que este tipo de comemoração talvez não fosse tão importante para o namorado e Pran ficou mais tranquilo.

Sem nada para fazer naquela tarde, Pran foi até a casa ao lado conversar com a Pa, mas ela tinha saído e a tia, vendo que o garoto estava inquieto, pediu para que ele a ajudasse com algumas coisas na casa e depois levasse as roupas passadas para o quarto de Pat porque ela precisava sair.

Pran pensou em deixar as roupas em cima da cama dele e mudou de ideia assim que entrou no quarto. O lençol estava embolado no meio da cama, Nong Não  sufocava embaixo de um travesseiro amassado quase sem a fronha, que estava pendurada na beirada do colchão.

Ele colocou as roupas sobre a mesa e ajeitou a cama de Pat. No ano passado ele tinha dormido ali por estar com saudade de Pat e tudo virou um caos, porque a tia imaginou que ele tinha dormido com Pa. Pensar nisso agora era até engraçado, pois muitas coisas tinham acontecido nesse período. Nong Não sorria em seu colo e Pran se sentia feliz. Solitário, mas feliz.

Ele se deitou e o cheiro de Pat estava em todo lugar e isso era tão bom, era como se ele estivesse rodeado pelos braços do namorado e ele não se importaria se estivesse quente e suando ou se Pat respirasse no seu pescoço.

Foi um breve cochilo, mas foi o suficiente para recarregar suas energias. Como Pat ainda demoraria para voltar, era melhor ele ir para casa. Pran se levantou, olhou para as roupas e decidiu guardar no armário. Provavelmente a mãe de Pat não mexia nas coisas dele, pois tudo lá parecia um pouco caótico e amassado. Não estava bagunçado, mas poderia ser melhor organizado.

“Não, Pran, você não vai mexer nas coisas dele.” Ele falou sozinho.

Ele arrumou um espaço e colocou as bermudas e cabides do jeito que conseguiu.

Uma camiseta caiu e Pran se abaixou para pegar e viu uma caixa no assoalho do armário. Ela estava cheia de figurinhas de jogadores de futebol coladas e Pran reconheceu algumas que tinha perdido em apostas quando eram crianças. Pran puxou a caixa e a abriu.

E fechou logo em seguida.

Era invasão de privacidade mexer nas coisas de Pat? Ele não gostava quando Pat tocava nas coisas que tinha no quarto. Bom, ele não gostava porque Pat tirava da ordem que estava, não era por ter algum segredo. Pran não tinha segredos com Pat.

“Como ele disse, Nong?” Pran estava sentado no chão com a caixa fechada entre as pernas e olhou para Nong Não encostado no travesseiro “Se não me engano, ele disse que gostava quando eu mexia nas coisas dele?” Pran corou porque o contexto da frase não tinha nenhuma relação com isso.

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