Parte 70

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O figurino de Pran tinha demorado um pouco mais para ficar pronto, porque os ajustes do tamanho e largura foram mais complicados do que a equipe tinha imaginado. View era alta, não tanto quanto Pran e era mais magra. Por mais que tivesse tecido para alargar o vestido, não dava para descer muito a barra da saia. Pran tinha as coxas mais grossas do que View e o vestido evidenciava isso.

Este contratempo acabou atrapalhando o cronograma de ensaio e somente no último foi feito com todos usando os figurinos da peça.

As garotas faziam alguns ajustes na peruca e na maquiagem de Pran enquanto Pat conversava com Korn e Wai no palco. Sua perna doía bem menos, mesmo assim ele agradecia por ficar a maior parte do tempo atrás do balcão do bar, sentado em um dos bancos que arrumaram para ele.

Pat repassava algumas falas e Korn o ajudava. A história era sobre um barman que tinha se apaixonado pela cantora do lugar. Ela era conhecida por não se entregar a ninguém e Pran era ótimo em fazer cara de desprezo para todos os pretendentes. Em um determinado momento, Nutty, personagem de Pran, pedia que Pat fingisse ser seu namorado para diminuir o assédio que sofria. Ele a tinha protegido em várias situações e era a única pessoa em quem ela confiava. Pakorn, personagem dele, concordou. O problema era que ele amava Nutty e não conseguia separar seus sentimentos e eles acabam brigando por causa do ciúme dele. Assim que percebeu o sentimento de Pakorn, ela decidiu se declarar quando os dois ficaram sozinhos no bar e, então, eles se beijam.

Era uma história simples e Pat estava tranquilo em interpretar porque amar, proteger e cuidar de Pran era o que ele mais gostava de fazer. Em cena, ele não via Nutty, só existia o seu Pran, por isso tudo o que dizia soava tão natural e verdadeiro.

Quando Nutty entrou no palco, todos ficaram boquiabertos com a beleza de Pran caracterizado e Pat era o mais abismado de todos. Ele olhou Pran e viu Nutty, por algum tempo, ele procurou por seu namorado e seus olhos viam uma garota. Era confuso, estranho, sexy e desconfortável.

Todos estavam ansiosos porque a peça seria encenada na noite seguinte e atribuíram os erros que Pat cometia ao nervosismo da apresentação. Ele errava as falas, gaguejava e ficava encarando Pran por mais tempo do que deveria.

Korn avisou que as pessoas poderiam achar estranho seu comportamento indiscreto. Ele tentou se concentrar e só assim conseguiram finalizar o último ensaio.

O professor responsável pela peça, percebendo o quanto os protagonistas pareciam nervosos, pediu para conversar com os dois no final do dia. Esta sessão de aconselhamento durou mais tempo do que eles imaginavam, por isso, quando foram para o camarim se trocar, os dois estavam sozinhos, já que o restante do grupo tinha ido embora.

Pat não conseguia tirar os olhos do namorado, seu olhar era sedento, confuso e esfomeado.

“Você gosta de me ver assim?”

Pran ainda não tinha tirado a roupa nem a peruca e se sentia incomodado com o olhar de Pat.

“Vem aqui!” Pat falou com uma voz baixa e rouca, estendendo a mão para que ele se aproximasse.

“Você gosta da Nutty?” Pran deu passos vacilantes e segurou a mão do namorado.

Pat acariciou sua bochecha ainda maquiada, alisou os cabelos longos da peruca que ele vestia, admirando cada parte do seu rosto.

“Você prefere que eu seja assim?” Pran alisou sua roupa e segurou a barra do vestido, que agora parecia extremamente curto, e raspava a unha sobre a costura.

Pat passeou suas mãos por todo vestido que Pran estava usando e empurrou os dedos dele para que soltasse a barra do vestido. Pran se sentia estranho com o olhar vago do namorado e sua boca levemente aberta. A língua dele umedecia os lábios com frequência e parecia que ele estava prestes a devorar um prato delicioso. Pat brincava com a barra do vestido do namorado, completamente alheio ao mundo, de repente ele moveu suas mãos para a bunda de Pran e o apertou, prensando seu corpo no dele.

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