Parte 71

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Na hora de descer para o jantar, Pran percebeu que Pat mancava um pouco e disse que ele podia subir nas suas costas.

“Nem fodendo, Pran! A gente vai cair!” Pat riu da ideia do namorado.

“Eu te levo, eu aguento te carregar. Se você forçar sua perna e se machucar de novo, vai ser bem pior. Anda! Sobe logo!”

Pat agarrou o pescoço do namorado e se impulsionou para cima e Pran o segurou pelas coxas. Ele era pesado e Pran se deu conta de que descer uma escada era bem diferente de andar no plano. Mesmo assim, ele não desistiu e media cada passo que dava para não causar um acidente. Provavelmente, Pat também estava tenso e havia prendido a respiração porque ele não sentia cócegas em seu pescoço.

Faltavam poucos degraus e Pran sentia suas pernas tremerem, quando as mães gritaram e os repreenderam pela ideia estúpida, que poderia ter  machucado os dois. Com cuidado, Pran se abaixou um pouco e Pat desceu das suas costas. Pran não admitiu, mas ficou muito aliviado por ele ter descido.

Os filhos foram para a sala e Ming se aproximou do amigo, que sorria e checava alguma coisa no celular.

“Você não acha que eles estão… diferentes?” Ming perguntou e ele desligou o aparelho.

“Como assim?”

“Não sei!” Ele suspirou “Eu não sei explicar.” Ming sondou os dois no sofá e o amigo seguiu seu olhar.

Pat estava abraçado com Pran e os dois tiravam fotos, riam e se xingavam. Em seguida, Pran tentou pegar o celular da mão de Pat, que se esticava e esquivava. Pran quase tinha subido no seu colo para alcançar o aparelho, mas foi impedido pelas cócegas que Pat fez em sua barriga.

Pran se deitou no sofá e Pat se jogou em cima dele. Pa pigarreou e os dois se sentaram, com os rostos vermelhos de tanto rir.

“Eles só estão brincando.” O pai de Pran sabia que Pat conhecia a orientação sexual do filho e ficava feliz por ele o aceitar e parecer tão confortável na sua presença.

“Eles brigavam mais do que brincavam.” Ming disse, incomodado.

“Eles cresceram, não faz sentido continuar com as brigas.”

“Você deve ter razão.”

Pran continuava tentando apagar alguma foto que o vizinho tinha tirado e, quando se irritou e cruzou os braços, Pat o beijou na bochecha.

“Isso é tão estranho!” Ming bebeu de uma vez o whisky do copo que segurava “Você nunca reparou que eles estão juntos o tempo todo e ficam pegando um no outro o tempo todo. É estranho! Será que Pat… ou o Pran… sabe… são… sei lá… não gostam de garotas…?”

Era a primeira vez que Ming verbalizava suas inquietações de forma tão aberta.

“Como assim? O Pat namorou a menina… aquela lá que eu esqueci o nome.” O pai de Pran comentou.

“E o Pran teve aquele rolo com a Ink, não é?” Ming perguntou e ficou confuso com a maneira como o amigo se mexeu na cadeira antes de responder.

“É… teve essa garota, sim!”

Os dois voltaram a espiar a interação na sala e viram Pat colocar um pé sobre o sofá e se inclinar, apoiando a cabeça no ombro do outro garoto. Ele digitava contente no celular, enquanto Pran e Pa conversavam.

“É estranho…” Ming falou sozinho.

“Bom, e se um deles for… sabe… gay… não é um problema, né?” O pai de Pran questionou, preocupado com a aceitação do filho.

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