Parte 4

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A escola onde eles estudavam tinha montado um time de futebol para disputar o campeonato entre os colégios da região. A maior parte dos escolhidos era de alunos com mais de dezessete anos, mas Pran e Pat, com quinze, foram chamados para ficar no banco de reservas. Pran era um excelente goleiro, melhor até que o titular, porém o treinador tinha receio dele não aguentar a pressão, por isso optou por deixá-lo no banco por um tempo. Pat entrava em campo com mais frequência, sempre no segundo tempo, sua força e rapidez eram um diferencial quando o time adversário estava cansado.

Quando os dois foram incluídos no time, os pais exigiram que eles vestissem os uniformes e tirassem uma foto juntos.

"Pat, coloca o braço nos ombros dele." Ming gritava orientações. A tarde estava quente e eles estavam no quintal, suando debaixo do sol "Pran, filho, segura a bola, coloca debaixo do seu braço. Isso! Sorriam! É só sorrir! Por que você não estão sorrindo? Vocês não sabem sorrir?"
Eles se esforçaram para fazer seu melhor sorriso, achando que iria acabar logo.

"Agora fiquem um de costas com o outro." Era a vez do pai de Pran passar orientações "Melhora essa cara, Parakul!"

"Muito bem! Agora coloca o pé em cima da bola e..."

"Pai!!! Está calor! Chega disso!" Pran disse em tom de lamúria, jogando os ombros para frente, não aguentando mais ficar ali.

"Eu estou derretendo, tio!" Pat prosseguiu com a reclamação.

Os dois sempre se davam bem quando o assunto era reclamar de fazer algo juntos.
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Os treinos aconteciam depois da aula no final da tarde, pois o tempo era mais fresco. Pran jogava no time reserva e algumas vezes Pat jogava no time principal, nessas horas a rivalidade entre eles aflorava ainda mais, principalmente em Pat, que usava muito mais força do que era necessário nos chutes para o gol. Pran conhecia seu inimigo, então já se preparava para a investidas e costumava espalmar a bola para lateral ou rebatia com um soco. Ele nunca tentava segurar a bola quando percebia sua intenção e assim evitava se machucar.

Os outros alunos se divertiam vendo os dois jogarem, existia essa energia diferente entre eles e isso era um show a parte. Muitas vezes o treinador precisava intervir para que eles não se machucassem.

No primeiro jogo, nenhum dos dois entrou em campo e voltaram para casa chateados. Ele caminhavam lado a lado e Pat chutava as pedras da calçada.

"Para com isso! É irritante!"

"Vai para a outra calçada!" Pat retrucou.

"Você é um idiota, Pat!"

"Vai se ferrar!"

Pran empurrou Pat, que se desequilibrou e abriu espaço para que ser ultrapassado. Então Pran começou a andar mais rápido e logo que Pat se reequilibrou, ele correu atrás do outro garoto. Os dois corriam e se empurravam pelas calçadas, debochando, se xingando e rindo. Pat tentou puxá-lo pela camisa, mas Pran conseguiu desviar e correu alguns passos de costas, mostrando a língua. Quando se virou, ele pisou em um buraco e antes que caísse de cara no chão, Pat o segurou, somente até ele conseguir se manter em pé, e correu na sua frente. Pran o xingou alto e tentou alcançá-lo, agradecendo em silêncio.

Eles chegaram exaustos na rua onde moravam e voltaram a caminhar.

"Você sempre perde para mim, Pran!" Pat fez um carinho rude no rosto de Pran, que o repeliu com um tapa.

"Sai fora!"

"O Grande Pran que não perde para ninguém, sempre perde para mim!"

"Você nunca fez um gol em mim, campeão! Fica na sua!"

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