Fernanda sorri, enquanto as luzes coloridas brilham nas ruas londrinas e trazem a alegria da mais esperada data do ano: Natal, e da janela de seu apartamento confortável no centro, a advogada olhava cada rosto, sorrindo com o que havia conquistado, mas triste por ver que sua ambição levou a alegria de sua sobrinha.
A mulher se afastou, olhando para seu status bancário e percebendo que os números eram maiores do que ela possuía, mas isso veio com uma enorme consequência para uma família.
Enquanto isso, Kate Middleton caminha por sua casa, olhando para William vidrado em seu olhar triste e tentando entender o que estava acontecendo para ela mentir, mas no fundo, ele se sentiu culpado por pressionar sua esposa com tudo relacionado a Coroa e a sua traição.
O Príncipe de Gales levantou de onde estava, se aproximando e ajoelhando-se em frente à mulher distante, recebendo seu olhar quando a mesma parou e sentou, depois de cansar de chorar.
- Desculpa?
- Eu perdi minha filha, William! - chora, cobrindo os olhos para que ele não a visse.
- Para, amor! - retira as mãos dela - A culpa é minha por tudo. Minha, mas, a Christine te ama, ela vai conseguir ouvir sua parte da história.
- Não! Ela não vai!
Longe dali, a adolescente de 16 anos se encontrava sentada em frente ao piano de caldas de sua falecida mãe, tocando cada tecla com um dos dedos, não querendo criar uma melodia natalina, linda o suficiente para ecoar pelo bairro, mas queria estar perto, de alguma forma, de Catherine Waller, pedindo perdão por não ter feito algo relacionado ao que, para ela, era culpa dela.
A menina parou, levando os braços a estrutura do piano, escondendo o rosto e chorando, porque a falta de sua mãe era infinita, mas a falta de Kate Middleton, sua, também mãe, era igual.
- Por que você fez isso, mãe? - sussurra.
O relógio marcava 1h20 da madrugada, e estacionando em frente a livraria, estava a Ranger Rover preta de William, enquanto ao seu lado Kate, depois de não conseguir dormir ao pensar em sua filha sozinha no dia de Natal, sofrendo e chorando.
O Príncipe de Gales a levou e a olhou com seu suéter vermelho e calça azul escuro.
- Tem certeza, meu amor?
- Não! - o olha - Mas… é Natal William. Vai ser o primeiro Natal dela sem a Catherine, então… eu me arrisco.
- Kate?
- Eu sei! - desvia o olhar, mirando a maçaneta e a abrindo, mas ouvindo de William.
- Vou esperar você, tá?
- Não precisa! - sai, olhando em direção a livraria, respirando fundo e dando seus primeiros passos.
A Princesa de Gales respirou fundo antes de pegar a chave da livraria de dentro de sua bolsa, destrancar e abrir, fazendo o leve ruído quebrar o silêncio do espaço, caminhar lentamente e a fechar, encontrando a escuridão e criando coragem para subir as escadas.
Seus passos leves e silenciosos a levam em direção a escada, subindo cada degrau e parando em frente a enorme porta de madeira que dividia os dois mundos.
A mulher a abriu, sabendo que ela nunca ficava trancada e quando olhou para o interior vintage e que possuía as características de Catherine e Christine, encontrou a adolescente de 16 anos debruçada sobre o piano e com os olhos fechados, as luzes apagadas e toda claridade que existia, vinham das luzes nas ruas e prédios ao lado, sobre a mesa um copo com água pela metade e um prato com macarrão, também pela metade, e isso fez Kate segurar o choro e fechar a porta lentamente ao imaginar que sua menina havia passado uma das datas mais lindas e esperadas do mundo, sozinha e no local que sua mãe mas usava: piano.
Kate Middleton deixou a chave sobre o criado mudo, retirando as sandálias e caminhando descalça em direção ao piano, vendo uma embalagem vazia de chocolate em barra ao lado de Christine, e por um segundo, seu coração acelerou e ela queria acordá-la, mas a menina se movimenta sobre o piano, mudando a posição e procurando um jeito mais confortável de dormir, e ao seu lado, a embalagem do medicamento que passou a tomar antes de comer algo feito com lactose, para seu alívio de mãe.
Christine estava completamente apagada na madrugada fria que fazia em Londres, e não percebeu Kate a olhando por minutos em busca de um meio de a levar para a cama. Notando apenas ao abrir os olhos lentamente e encontrar os olhos verdes e o rosto bem definido da Princesa de Gales, e isso a fez encarar com raiva, mas não se afastar e nem dizer nada.
- Eu sei que eu não deveria estar aqui! Eu sei, Christine! - se mantém no mesmo lugar - Mas… eu não posso e não consigo não me preocupar com você.
- Deveria ter essa preocupação com a minha mãe!
- Eu sei! E eu tive, acredite em mim, Christine, mas… - desvia o olhar - Minha vida estava…
- Um caos! Eu sei! Mas isso não a impedia de… - foi interrompida.
- Impedia sim! Impedia!
A mulher arrumou a postura, olhando nos olhos de Christine, que se afastou e não conseguia esconder a emoção de não a querer ali, então Kate Middleton jogou para fora tudo o que estava preso dentro de seu peito, com a esperança de dar certo.
- Eu sei que eu era a única que poderia dar mais vida para sua mãe, Christine. Eu sei! - senta de frente para ela, passando uma das pernas sobre o banco - Mas… você sabe o que eu estava passando? - a vê negando - Quando eu vi você livre e na chuva, Christine, eu percebi que estava me afundando em um casamento que iria acabar com a minha sanidade. Eu vi em você a liberdade que eu não tinha mais, filha! - sente os olhos marejados - Eu estava criando forças para equilibrar muitas emoções ao mesmo tempo, e ainda ser exemplo para mulheres no mundo. Eu? Eu sou um exemplo de família feliz, enquanto meu marido me traia e eu apenas aceitava, porque não tinha voz para dizer nada! - a vê desviando o olhar - Eu sei, meu amor, que eu tirei essa chance! Eu sei! Mas, acredite em mim, sua mãe estava muito mais feliz que eu - chora - Ela tinha uma família, amigos verdadeiros, uma vida! Eu não! Eu não tinha uma vida, eu tinha medo de perder meus filhos com a separação, eu era traída e não podia fazer nada, eu não podia quebrar regras sem ser punida, eu estava em uma corda bamba, Christine, e eu não conseguia fazer mais nada, meu amor. Desculpa? Desculpa por isso?
A adolescente apenas olha para ela, sem dizer nenhuma palavra e vê as gotas escorrendo, e isso fazia seu coração apertar demais.
O mundo não era justo, e Christine estava sentindo na pele, mesmo tão jovem, pois a mulher em sua frente tinha tudo que muitas pessoas sonhavam em ter, mas não era feliz, enquanto Catherine, sua mãe, não tinha muito, mas possuía ela e ambas eram felizes, mesmo com as dificuldades do dia a dia, mas nada disso impedia elas de serem próximas e se divertirem juntas enquanto assistiam a um filme ou conversavam.
Christine nunca gostou da família real britânica, mas a mulher em sua frente, não parecia fazer parte, ela parecia ser refém de uma vida que a estava levando para o fundo do poço, e ela não poderia negar que Kate Middleton a ajudou muito quando sua mãe faleceu. Ela estava ali quando ela não tinha mais ninguém, ela enfrentou todos para que ela tivesse uma vida e uma família, e mesmo que seu sofrimento em saber que Catherine poderia ter uma chance fosse grande, a adolescente era justa em ver muitas coisas.
- Ela tinha uma chance!
- Eu sei! - chora Kate - Eu sei!
- Mas, ela confiou em você para dar o bem que ela mais amou nesse mundo! E minha mãe nunca me confiou a ninguém! - a vê chorando ainda mais - Eu estou com raiva de você, sim! Mas… o tempo vai me fazer entender que você não teve culpa, Kate - a vê concordar - Mas… minha mãe me disse uma vez: “Acredite em quem ama você, e não se importe com o errado! Porque o amor, filha, o amor é o mais importante”. E por mais raiva que eu esteja sentindo, Middleton, eu lhe amo como amo a minha mãe - a vê corada enquanto segura o choro - Só o tempo dirá quando isso vai passar, mas eu vou me agarrar na confiança da minha mãe em você! E porque eu a amo, mãe! - chora.
A Princesa de Gales ergueu uma das mãos, receosa em tocar a menina em sua frente, mas foi surpreendida com a mesma se jogando em seus braços, envolvendo-a com força e se aconchegando ali, fazendo-a sorrir e se emocionar ao mesmo tempo com o gesto de Christine, que sussurrava:
- Feliz Natal, Princesa Rebelde.
- Feliz Natal, minha menina - sorri, abraçando-a forte e beijando-a no topo da cabeça.

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SMILE - Vol. 2
Random*Vol. 2 de A Vendedora de Livros* O sorriso nos lábios da Princesa de Gales, Kate Middleton, exaltava a liberdade de ser uma mulher comum acima da Coroa Britânica, e só existiu graças a uma adolescente de 15 anos, que mudou sua vida em 360 graus. So...