Os olhos azuis, como oceano, estavam vidrados no homem alto e forte, trajando roupas formais e elegantes que caminha pelos corredores de livros na livraria de Christine Waller e acompanhado por uma mulher de mais de 40 anos, chamada Mary, que a todo momento olhava em direção a adolescente e ao Principe de Gales, que não desviava o olhar de Fernando enquanto ele parecia se divertir com o que estava acontecendo.
A mulher foi ao fim de um corredor, saindo do campo de visão de pai e filha, e nesse momento viu Fernando agarrar um livro sem nenhuma vontade de o segurar, parecendo que estava ali, apenas para provocar Christine ou William, mesmo não sabendo que ele iria aparecer na livraria naquela noite estrelada.
Com o pouco tempo que estava trabalhando para a família Real, Mary sabia o suficiente para olhar o homem à sua frente e perceber que era desnecessária sua presença ali, e não se conteve em expressar sua insatisfação com a atitude.
- O senhor me perdoe, mas preciso lhe dizer algo.
Fernando arqueou uma das sobrancelhas ao virar e olhar para a mulher ao seu lado, e assim que a mirou sorriu inocente e atento com cada palavra que viria.
- Diga?
- É uma tremenda falta de vergonha na cara do senhor aparecer aqui e agir como um bom samaritano.
- Perdão? - estranha.
- Todos sabem que abandonou a mãe de sua filha quando ela estava grávida, apenas para ganhar dinheiro e viver a vida, enquanto a Catherine batalhou para criar essa menina, que hoje é um exemplo de força e coragem. Então, não ache que sua presença irá amolecer o coração de uma adolescente que sofreu mais do que você na vida!
- Você não deveria estar falando de algo que você não sabe, senhora.
- Sei, porque estou nessa loja, justamente para que a menina que você abandonou antes de vir ao mundo, pudesse ter uma vida normal e não manter uma livraria e trancar os estudos. - arruma a postura - O senhor irá levar algum exemplar ou está aqui, apenas para comprovar o pai desprezível que demonstrou ser para a Christine?
Fernando travou a mandíbula, segurando na garganta a resposta para aquela pergunta, então optou por erguer a porteira e agir como se nada estivesse acontecendo quando passou pela mulher de fios escuros e presos em um rabo de cavalo, usando roupas simples e elegantes e seguiu até o fim do corredor em que estavam, virando e sumindo.
Os olhos de William encontraram os do homem que sorriu, tirou de um dos bolsos uma bala de chocolate e entregou e pôs sob o balcão, mas viu o Príncipe a agarrar e lhe entregar com toda a educação que lhe foi dada.
- Minha filha é alérgica, leve isso daqui.
- Sua filha? - fala de forma discreta.
- Sua ela não é e nunca foi! - estufa o peito - Você não sabe e nunca saberá o que é ser um pai, então sim, ela é minha filha.
- Cante vitória, Príncipe. Cante vitória até que um dia sua soberania vai por ralo abaixo.
- Eu sei que não vai! Porque eu sei o meu valor, algo que você não sabe e nunca soube.
Christine apenas observava enquanto se encontrava sentada em uma das 4 poltronas em meio a livraria, mantendo suas pernas cruzadas e confortável em sua peça de teatro favorita, até ver Fernando sair sem nenhum argumento e não aguentar o riso, começando a gargalhar e dizer:
- A melhor parte do meu dia!
William riu discretamente enquanto a olhava e via a alegria de uma adolescente que parecia ganhar o melhor presente de todos os tempos.
- Você viu a Kate?
- Vi! Ela está descendo do carro - aponta para trás do homem, que vira e vê a Princesa de Gales descendo de seu veículo de luxo e encontrando Fernando se afastando.
Kate Middleton estava contente demais para estragar sua alegria com a presença do homem, então o ignorou e agiu normalmente ao encontrar seu marido.
- O que aconteceu aqui?
- Nada que você deva se preocupar, amor - fala William, se aproximando e segurando na mão - Tudo bem?
- Sim! - sorriu, sabendo que demonstração de carinho era algo que não faziam em público, e isso, pela primeira vez, foi bem-vindo - O que ele estava fazendo aqui? - olha para Mary que se aproximava.
- Acho que ficar atento, Princesa.
- Princesa? - sorri Kate.
- Kate! - ri - É força do hábito, perdão. - continua sorrindo.
O casal real se olhou, e nesse momento Christine estranhou ambos estarem ali, porque sabia que tal ação era rara de acontecer.
- Bom, ele se foi e o que eu quero saber é o que o casal real está fazendo, juntos, na minha livraria?
William sabia, apenas pelo olhar de Kate que ela havia descoberto algo em relação a mulher desconhecida que surgiu em suas vidas, e provavelmente essa era a razão de seu olhar, então esperou que a mulher bela e elegante falasse algo, e não demorou muito para que ouvisse:
- Precisamos conversar com você, filha.
O tom de voz da Princesa de Gales era totalmente desconhecido para a adolescente de 16 anos, que poderia sim dizer que conhecia como a palma de sua mão sua mãe, mas naquele momento não foi o que pareceu.
Christine levantou lentamente, parando em frente a ambos e deixando clara que a altura era algo que não existia, já que eram iguais nesse quesito.
- Vocês estão me preocupando.
Kate sorriu, se aproximando e percebendo a menina começar a armar todas as suas armaduras para se proteger, então a segurou no rosto e sussurrou:
- Não precisa se armar, é apenas uma conversa.
- Sempre que temos uma conversa, eu acabo sendo expulsa de algum lugar, condenada a alguma coisa, afastada de você e taxada como inferior. Então é impossível eu não me armar, mãe.
- Eu sei! Mas dessa vez é... Não sei se é algo bom, mas não é ruim, confia em mim?
- Claro que eu confio! Eu só não confio no que estão querendo fazer, porque eu sei que estão, não é?
- É! - olha para William, que fica sem saber o que falar pela primeira vez.
- Começou no Egito, não foi?
Kate olhou imediatamente para sua filha, estranhando ela saber sobre tal coisa.
- Como... Como você sabe?
- Eu acho que vocês esquecem quem eu sou - sorri - Percebi seu olhar assustado na sorveteria, um papel em sua mão, você ter passado mal, vocês dois... - aponta para William - terem deixado eu e os meninos na piscina e sumido por horas, a chegada em Londres e as conversas escondidas pelos cantos. - cruza os braços - Eu não sou besta e muito menos tonta - ri.
- As vezes eu esqueço como você é, confesso - ri William, recebendo o olhar de Kate e a vendo rir.
- O que vocês precisam entender é que eu não sou uma criança, e vivi muito para perceber quando tem algo errado. - dá um passo para trás - Falem logo o que está acontecendo, dessa vez?

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SMILE - Vol. 2
Diversos*Vol. 2 de A Vendedora de Livros* O sorriso nos lábios da Princesa de Gales, Kate Middleton, exaltava a liberdade de ser uma mulher comum acima da Coroa Britânica, e só existiu graças a uma adolescente de 15 anos, que mudou sua vida em 360 graus. So...