Capítulo 39

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Os olhos azuis, como oceano, estavam vidrados no homem alto e forte, trajando roupas formais e elegantes que caminha pelos corredores de livros na livraria de Christine Waller e acompanhado por uma mulher de mais de 40 anos, chamada Mary, que a todo momento olhava em direção a adolescente e ao Principe de Gales, que não desviava o olhar de Fernando enquanto ele parecia se divertir com o que estava acontecendo.

A mulher foi ao fim de um corredor, saindo do campo de visão de pai e filha, e nesse momento viu Fernando agarrar um livro sem nenhuma vontade de o segurar, parecendo que estava ali, apenas para provocar Christine ou William, mesmo não sabendo que ele iria aparecer na livraria naquela noite estrelada.

Com o pouco tempo que estava trabalhando para a família Real, Mary sabia o suficiente para olhar o homem à sua frente e perceber que era desnecessária sua presença ali, e não se conteve em expressar sua insatisfação com a atitude.

- O senhor me perdoe, mas preciso lhe dizer algo.

Fernando arqueou uma das sobrancelhas ao virar e olhar para a mulher ao seu lado, e assim que a mirou sorriu inocente e atento com cada palavra que viria.

- Diga?

- É uma tremenda falta de vergonha na cara do senhor aparecer aqui e agir como um bom samaritano.

- Perdão? - estranha.

- Todos sabem que abandonou a mãe de sua filha quando ela estava grávida, apenas para ganhar dinheiro e viver a vida, enquanto a Catherine batalhou para criar essa menina, que hoje é um exemplo de força e coragem. Então, não ache que sua presença irá amolecer o coração de uma adolescente que sofreu mais do que você na vida!

- Você não deveria estar falando de algo que você não sabe, senhora.

- Sei, porque estou nessa loja, justamente para que a menina que você abandonou antes de vir ao mundo, pudesse ter uma vida normal e não manter uma livraria e trancar os estudos. - arruma a postura - O senhor irá levar algum exemplar ou está aqui, apenas para comprovar o pai desprezível que demonstrou ser para a Christine?

Fernando travou a mandíbula, segurando na garganta a resposta para aquela pergunta, então optou por erguer a porteira e agir como se nada estivesse acontecendo quando passou pela mulher de fios escuros e presos em um rabo de cavalo, usando roupas simples e elegantes e seguiu até o fim do corredor em que estavam, virando e sumindo.

Os olhos de William encontraram os do homem que sorriu, tirou de um dos bolsos uma bala de chocolate e entregou e pôs sob o balcão, mas viu o Príncipe a agarrar e lhe entregar com toda a educação que lhe foi dada.

- Minha filha é alérgica, leve isso daqui.

- Sua filha? - fala de forma discreta.

- Sua ela não é e nunca foi! - estufa o peito - Você não sabe e nunca saberá o que é ser um pai, então sim, ela é minha filha.

- Cante vitória, Príncipe. Cante vitória até que um dia sua soberania vai por ralo abaixo.

- Eu sei que não vai! Porque eu sei o meu valor, algo que você não sabe e nunca soube.

Christine apenas observava enquanto se encontrava sentada em uma das 4 poltronas em meio a livraria, mantendo suas pernas cruzadas e confortável em sua peça de teatro favorita, até ver Fernando sair sem nenhum argumento e não aguentar o riso, começando a gargalhar e dizer:

- A melhor parte do meu dia!

William riu discretamente enquanto a olhava e via a alegria de uma adolescente que parecia ganhar o melhor presente de todos os tempos.

- Você viu a Kate?

- Vi! Ela está descendo do carro - aponta para trás do homem, que vira e vê a Princesa de Gales descendo de seu veículo de luxo e encontrando Fernando se afastando.

Kate Middleton estava contente demais para estragar sua alegria com a presença do homem, então o ignorou e agiu normalmente ao encontrar seu marido.

- O que aconteceu aqui?

- Nada que você deva se preocupar, amor - fala William, se aproximando e segurando na mão - Tudo bem?

- Sim! - sorriu, sabendo que demonstração de carinho era algo que não faziam em público, e isso, pela primeira vez, foi bem-vindo - O que ele estava fazendo aqui? - olha para Mary que se aproximava.

- Acho que ficar atento, Princesa.

- Princesa? - sorri Kate.

- Kate! - ri - É força do hábito, perdão. - continua sorrindo.

O casal real se olhou, e nesse momento Christine estranhou ambos estarem ali, porque sabia que tal ação era rara de acontecer.

- Bom, ele se foi e o que eu quero saber é o que o casal real está fazendo, juntos, na minha livraria?

William sabia, apenas pelo olhar de Kate que ela havia descoberto algo em relação a mulher desconhecida que surgiu em suas vidas, e provavelmente essa era a razão de seu olhar, então esperou que a mulher bela e elegante falasse algo, e não demorou muito para que ouvisse:

- Precisamos conversar com você, filha.

O tom de voz da Princesa de Gales era totalmente desconhecido para a adolescente de 16 anos, que poderia sim dizer que conhecia como a palma de sua mão sua mãe, mas naquele momento não foi o que pareceu.

Christine levantou lentamente, parando em frente a ambos e deixando clara que a altura era algo que não existia, já que eram iguais nesse quesito.

- Vocês estão me preocupando.

Kate sorriu, se aproximando e percebendo a menina começar a armar todas as suas armaduras para se proteger, então a segurou no rosto e sussurrou:

- Não precisa se armar, é apenas uma conversa.

- Sempre que temos uma conversa, eu acabo sendo expulsa de algum lugar, condenada a alguma coisa, afastada de você e taxada como inferior. Então é impossível eu não me armar, mãe.

- Eu sei! Mas dessa vez é... Não sei se é algo bom, mas não é ruim, confia em mim?

- Claro que eu confio! Eu só não confio no que estão querendo fazer, porque eu sei que estão, não é?

- É! - olha para William, que fica sem saber o que falar pela primeira vez.

- Começou no Egito, não foi?

Kate olhou imediatamente para sua filha, estranhando ela saber sobre tal coisa.

- Como... Como você sabe?

- Eu acho que vocês esquecem quem eu sou - sorri - Percebi seu olhar assustado na sorveteria, um papel em sua mão, você ter passado mal, vocês dois... - aponta para William - terem deixado eu e os meninos na piscina e sumido por horas, a chegada em Londres e as conversas escondidas pelos cantos. - cruza os braços - Eu não sou besta e muito menos tonta - ri.

- As vezes eu esqueço como você é, confesso - ri William, recebendo o olhar de Kate e a vendo rir.

- O que vocês precisam entender é que eu não sou uma criança, e vivi muito para perceber quando tem algo errado. - dá um passo para trás - Falem logo o que está acontecendo, dessa vez?

SMILE - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora