SMILE - Vol. 2

Capítulo 12

Luzes coloridas ecoavam entre a claridade dos raios do sol, quebrando os brilhos dos pisca-pisca nas árvores e paredes de enormes e singelas casas de Londres, e caminhando pelas calçadas lotadas de pessoas sorridentes e falantes, estava uma menina com roupas largas e escuras, fios ondulados e curtos, sentindo as lágrimas escorrerem de seus olhos a cada centímetro avançado pela multidão, que não se importam com uma menina triste e sozinha, sem rumo e seguindo seus pensamentos.

Christine não conseguia acreditar que a mulher que, um dia chamou de mãe, mentiu para ela e que não estava ali para ajudar a pessoa que ela mais amava e que havia a trazido ao mundo, porque não queria quebrar regras e estava com medo das consequências de suas escolhas perante a Coroa Britânica.

Os passos lentos e depressivos da menina de 16 anos, passavam sem rumo, até que chegaram em frente a singela livraria que um dia foi o maior orgulho de Catherine Waller, mulher e mãe, que morreu de uma forma triste, mas ao lado de sua filha como ela sempre queria.

As luzes no interior do espaço estavam acesas e pessoas caminhavam com livros em mãos e entre os pisca-piscas e guirlandas penduradas no teto, trazendo o espírito natalino para cada lugar que ali existia. Mas não importava tanta beleza e alegria, Christine estava quebrada por acreditar e confiar na mulher que, em sua mente, deixou sua mãe morrer, e isso a fazia começar a criar uma raiva de Kate Middleton muito maior do que seu amor pela mulher que cuidou de seu sofrimento e lhe deu uma vida, depois de ser, literalmente ela contra o mundo.

Christine abriu a porta lentamente, recebendo o olhar da mulher responsável pelo funcionamento da livraria, que imediatamente escondeu o imenso sorriso que usava com um cliente, ao perceber os olhos marejados e as lágrimas escorrendo dos olhos da menina tão forte.

- Christine?

A mulher apenas viu a adolescente acelerando os passos e se aproximando o suficiente para que seu abraço fosse seu refúgio mais seguro, enquanto o som do choro preso por quilômetros caminhados sozinha em Londres, ecoava abafado pelo abraço de ambas.

Pessoas que estavam na livraria, não entendiam, mas sabiam quem era a adolescente e essa era a razão de estarem ali naquele local, e como poderiam imaginar, a porta foi aberta e a Princesa de Gales parou, não se atrevendo a entrar quando percebeu que sua filha estava sofrendo muito mais do que quando soube que Fernando estava vivo e era seu pai, o homem que a abandonou.

A mulher de 41 anos, engoliu o choro, não se aproximando mais e nem dando passos em direção, apenas parou em frente a porta aberta e segurou a maçaneta, lembrando perfeitamente do momento em que voltou ao hospital, recebeu detalhadamente os papéis e valor de tudo, mas disse que não poderia assinar por razões maiores, porém iria pagar o tratamento de Catherine, mas ela simplesmente esqueceu. Era como se essa parte de sua memória fosse apagada, e voltasse à tona com as palavras de Fernanda.

Christine continuava chorando e isso apertou o coração de Kate, que abaixou a cabeça e apenas sussurrou:

- Desculpa?

A menina não ouviu, mas a mulher que a consolava sim, e levou suas atenções até a porta, vendo a Princesa parada e com os olhos cheios de lágrimas e sussurrando desculpas.

- Sua mãe, Christine - fala para a menina, que olha em direção a porta.

- Ela não é a minha mãe! - fala com a voz embargada - Eu sou Christine Waller!

- Chris? - fala surpresa a mulher abraçada a adolescente.

- A minha mãe está morta!

Kate sente cada palavra como se fosse uma punhalada em seu coração, que a faz perder o controle e demonstrar diante de todos que a mulher que estava ali, não era a inspiração para muitas pessoas, símbolo de elegância, paz, alegria e sabedoria, mas uma mulher como qualquer outra que havia errado em algo, e que estava sofrendo ao ouvir de sua filha, que ela não era nada para ela. E essa dor, esse sentimento era tão ruim de aceitar, que a Princesa de Gales apenas engoliu o choro, enquanto as lágrimas caiam por vontade própria, e ela falava: