Capítulo 70

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Uma semana depois

"
- A senhora tem certeza de que é isso que pretente fazer?

- Sim!

- Se a senhora fizer isso, a Christine se tornará...

- Eu sei! E eu preciso fazer isso pela minha irmã.

- Mas...

- Não fique preocupada, pois jamais esquecerei da mulher que me acompanhou até esse último momento.

- Não penso por esse lado, senhora, mas pelo lado de que você nunca viu sua sobrinha e jamais verá.

- Nunca vi Christine pessoalmente, mas tenho certeza de que ela é uma menina incrível e... - tossi fortemente - ... Está em boas mãos.

- Senhora?

- Avise a Princesa e obrigada por cuidar tão bem de mim, queria amiga.

"

Risadas ecoam entre as paredes da casa de verão do casal real, enquanto apenas William e Kate se divertiam sozinhos, como as duas eternas crianças que existiam em seus interiores e que os deixavam ainda mais próximos.

O homem a acertava com almofadas e ela retribui com lançamentos de mais almofadas, arrancando gargalhadas da mulher e do homem, que em um gesto rápido lhe puxou para um beijo longo e caloroso, afastado ao som da campainha ecoando, pela primeira vez, em dias que estavam ali.

Sem empregados e não fazendo questão de tê-los, Kate caminhou em direção a porta, tocando na maçaneta e encontrando os mesmos olhos da mulher que correu e deixou uma carta para trás, onde a existência de uma irmã de Catherine viria à tona e mudaria sua vida para sempre.

A mesma mulher, naquele momento, estava triste, forçando um sorriso e reverência, mas era clara a perda de algo e o medo de não saber como continuar.

William não a conhecia, mas sabia de quem era representante, então desejou as boas vindas e, assim como Kate, notou o olhar e o falso sorriso.

Kate não sabia seu nome, mas sabia que a mulher à sua frente era representante da tia de Christine, Duquesa do interior da França e pessoa mais próxima do passado desconhecido de Catherine, e assim que iria falar algo, ouviu:

- Clarisse se foi.

A Princesa de Gales recebeu a notícia como um baque tão forte, que automaticamente sentou no sofá e levou às mãos aos lábios, olhando tão surpresa quanto William para a mulher, cujo nome era Sophie, governanta da tia da adolescente por anos, mas acima de tudo, melhor amiga.

Sophie segurou fortemente as lágrimas, pois já havia chorado o que podia e não possuía mais lágrimas. Mas quando se deu conta, Kate a abraçava com força e sussurrava:

- Eu sinto muito.

A empatia da Princesa de Gales por uma mulher que mal sabia o nome, fez Sophie desabar e agradecer pelo carinho e dizer:

- A senhora é especial. Por isso Clarisse lhe admirava tanto.

Kate continuou a abraçando e não se importando de ela ser uma desconhecida, pois a única coisa que queria era consolar o sofrimento de alguém que sofria calada, por não ter um abraço para lhe ajudar. Então ela seria aquele abraço.

Entrando pelos imensos portões de aço estava o carro onde Christine havia sido levada para a faculdade, com a diferença de que a adolescente estava no interior por não haver aula.

Assim que estacionou, ela percebeu outro carro e não o reconheceu, perguntando ao motorista que era seu amigo, mas ouvindo que não o conhecia.

Os passos lentos da adolescente ecoam normalmente, e ao abrir a porta, sua primeira visão foi Kate abraçando a mulher que conheceu no Egito e que nunca mais soube notícias.

Ela estava com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas, assim como Kate, que percebeu a jovem presente e não teve pensamentos para explicar, e a única coisa que disse foi:

- Meu amor? Precisamos ir para Paris.

- Por que?

- Você precisa se despedir de uma pessoa.

- Quem? - se aproxima Christine, começando a entender - Quem, Kate?

Sophie virou, vendo a adolescente pela primeira vez e notando que ela e Clarisse possuíam traços semelhantes no rosto, então sorriu e se apresentou:

- Me chamo Sophie, e eu trabalho para a irmã da sua mãe.

Christine sabia que a verdade sobre seu passado iria surgir e que sua mãe biológica mentiu, mas por alguma razão, a única coisa que a adolescente fez foi retirar de dentro do bolso da calça folgada, um pequeno lencinho preto e estendeu em direção a mulher mais alta que ela.

- Pode ficar!

Sophie agarrou o tecido, deixando ainda mais lágrimas escorrendo com a demonstração de empatia de Christine e ficou ainda mais surpresa com o abraço que a adolescente lhe deu sem nenhuma razão, apenas por vê-la chorar.

- Eu sinto muito, mesmo sem saber de quem vocês estão falando. - olha para Kate, que olhava para o teto com a falsa tentativa de não chorar.

Christine continuou abraçada a desconhecida, assim como Kate fez antes dela chegar, e aos poucos foi se sentindo ligada a tudo quando a mais velha se afastou e do bolso lhe entregou um papel. Papel esse que foi segurado e temido pela jovem em ser aberto, porque ela sentia que tudo iria mudar ao começar a ler as palavras que ali estavam.

- Ela gostaria que soubesse que ela sente muito orgulho da menina que sua mãe lhe tornou.

- Eu... - fica confusa e olha para Kate - Eu não sei de quem você está falando.

- Você vai saber quando ler o que está aí. - sorri com os olhos cheios de lágrimas - Clarisse só quer que saiba, que tudo o que sua mãe fez, foi para lhe ter.

- Eu...

SMILE - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora