SMILE - Vol. 2

Capítulo 18

Um singelo vendedor de flores passava a alguns metros de onde Christine e Kate se encontravam, e sem pensar duas vezes, Tom o parou, comprando duas flores, uma vermelha e uma branca, enquanto observava as duas mulheres conversando em sintonia e a mais velha se afastando, deixando a adolescente na pastelaria para finalizar seu pastel.

Não importava o quanto tentasse esquecer o que viveram a muito tempo atrás, Tom sentia o sorriso da Princesa de Gales lhe acalentando como o abraço mais doce que sentiu em todos os 60 anos de sua vida, e isso o fazia acelerar o coração e ter certeza de que a paixão imaginária não era apenas imaginária, mas ele era realista, sabia que seria impossível e que precisava esquecer seus sentimentos pela mulher que se aproximava ainda mais em um desfile elegante e simples.

Kate, não sabia que ele ainda estava nas proximidades e sua conversa com sua filha mais velha, lhe fez esquecer completamente de Tom, mas parou ao perceber que o homem sorria e lhe erguia duas flores, lhe fazendo sorrir involuntariamente, pois esse era o gesto que mais possuía como Princesa de Gales: ganhar flores.

A mulher as pegou e agradeceu, vendo-o se afastando e dizendo:

- É uma honra, revela, Princesa.

- Obrigada, Tom.

O homem caminhou lentamente, deixando a bela mulher com as duas rosas em mãos e sentindo o perfume suave que exalava de ambas, além de um sorriso frouxo nos lábios enquanto caminhava em direção ao Palácio, não percebendo que a alguns metros, Christine observava atentamente cada segundo entre ambos os adultos e idealizava em voz alta.

- Nunca vi ela tão boba. Acho que... - se calou - Será?

Às horas passavam rápidas e pessoas caminhavam pelas ruas, enquanto da janela do segunda andar de uma livraria no coração de Londres, Christine olhava a noite animada e ouvia seus irmãos brincando e conversando no interior de sua casa, além de Kate rindo com algo dito por Louis e William, calado, observava cada detalhe de sua família feliz e linda, e que por muito pouco não perdeu por uma aventura carnal com Rosy, desaparecida a semanas e nunca mais lhe procurou.

Era dia 26 de dezembro, quase 27 e depois de tudo que aconteceu, a adolescente estava querendo apenas paz e uma festa de Natal para comemorar uma data tão importante para ela e sua mãe, Catherine Waller, mas que no dia, estava saindo do Centro e seguindo para algum lugar longe o suficiente para desconfiar que algo estava errado.

Sobre a mesa, guloseimas feitas pela própria adolescente e Kate Middleton, a Princesa de Gales, e todas as comidas se encontravam arrumadas em uma ordem impecável e adorável ao olhar. Mas de nada estava adiantando e tão pouco chamando a atenção da menina de olhos chamativos, que continuava olhando pela janela e cruzava os braços, fazendo Kate ficar intrigada com a forma que ela estava agindo.

A Princesa de Gales levantou-se de onde estava, caminhando em direção à sua filha, segurando-a nos ombros e apoiando seu rosto nos fios curtos da menina, vendo ela sorrir, através do reflexo no espelho ao carinho.

- Que carinha é essa?

- É o meu primeiro Natal sem a minha mãe, e é estranho.

- Eu posso imaginar, Chris - a abraça, sentindo-a se aconchegando em seus braços - Mas ela está aqui! Ela estará sempre com você.

- Sim! - sorri - Mas é difícil, porque... - a olha nos olhos - Esse dia era o favorito dela.

- Ow, meu amor - a puxa ainda mais - Vamos comemorar por ela, tá?

- Tá!

Charlotte, que estava sentada ao lado de seu pai, William percebeu o olhar tristonho de sua irmã mais velha e melhor amiga, e aproveitou esse momento para pegar o presente que fez para a adolescente de 16 anos, escondido em sua mochila preta e elegante.

O pacote era lindamente dobrado em um retângulo e com ilustrações em preto com bolinhas brancas, laço vermelho e um bilhete escrito à mão, que rapidamente foi percebido por Christine, que virou, secou as lágrimas e sorriu.

- Que isso?

- Para você! - diz a menina, sorrindo e pegando sua mãe de surpresa.

- Que lindo, Princesa!

Christine se aproxima, abraçando sua menina de fios dourados e olhos claros, tirando-a do chão e a vendo rir imensamente e lhe pedir para abrir o presente, que prontamente foi aberto e a primeira coisa que a adolescente percebeu era que se tratava de um caderno com capa preta e uma frase:

"Você é o melhor!"

- Abre! - fala Charlotte.

Ao abrir o objeto, Christine se separou com a caligrafia de sua irmã, perfeitamente alinhada em preto descrevendo algo, que por segundos criou forças para ler, mas quando começou, parou imediatamente e a olhou:

- Isso não se faz!

- O que tem aí? - pergunta Kate e William.

- É... - tenta falar Christine - É...

A página sem pautas, descrevia:

"Agradeço sua verdadeira mãe por ter dado a mim, Charlotte Middleton mais que uma irmã, uma confidente e conselheira.
Uma menina engraçada que me ajudou a ver o mundo como uma pessoa normal.
Uma irmã que me conta histórias engraçadas e me conta como a vida vai ser, e que não posso ficar presa atrás de muros reais.
Minha amiga.
Minha melhor e única verdadeira amiga.
Então agradeço Catherine Waller por ter me dado uma irmã mais velha completa, do início ao fim.
Obrigada, Catherine, de sua fã e de onde você estiver, Charlotte.
E não se preocupe que estou cuidando dela para você!"

Christine olhou para Kate, que não viu conteúdo da agenda, mas percebeu os olhos marejados e um sorriso de amor desenhado nos lábios, além de a ouvir dizer com a voz embargada ao olhar para Charlotte:

- Isso não se faz, sua fedelha!!

Ambas se abraçaram com força o suficiente para que Charlotte sentisse seus pés saírem do chão enquanto se agarrava ao pescoço da mais alta, deixando Kate e William sem saber o conteúdo do presente, mas felizes pela reação, enquanto Charlotte dizia:

- Não sei escrever como você, mas eu tentei.

- Tá perfeito! Perfeito! Perfeito!

- Sério?

- Precisa de uma mudança aqui e outra ali, mas... - a vê desviando o olhar - Eu tô brincando, Charlotte! Seu presente é o mais belo abraço que eu posso receber nesse dia em que eu não estou com a minha mãe. E eu tenho certeza de que ela iria amar você.

- E eu ia gostar dela também. Ia gostar muito!

- Menina!! - a aperta ainda mais.