SMILE - Vol. 2

Capítulo 72

Os olhos cheios de lágrimas de uma adolescente que se forçava a se manter forte a cada palavra que dizia ao narrar sua vontade de ir para Paris, fizeram o coração de Kate Middleton, a Princesa de Gales apertar com a força incrível de Christine, que lhe olhava com a mandíbula travada e respiração profunda.

A mulher não resistiu e caminhou até a adolescente, parando em frente a ela e olhando cada folha pendurada e sendo solta no chão, justamente para que Christine corresse para seus braços e lhe abraçasse tão forte, que todos ali sentiram o medo dela e a tristeza por tudo.

Mãe e filha ficaram ali por minutos, e por incrível que parecesse, a adolescente não estava triste por saber o que aconteceu com sua mãe, mas feliz por estar sabendo a verdade.

Suas lágrimas foram pôr saber que sua tia não estava mais ali e lhe dar o abraço que tanto quis, além do orgulho que ganhou ainda mais de Catherine por tudo que soube sobre ela.

Christine se afastou, olhando nos intensos olhos verdes de Kate, que em forma de sussurro pediu desculpas por esconder a verdade, mas precisava ser daquela forma. E a resposta veio com um sorriso e mãos nos rosto da Princesa de Gales, com as palavras:

- Obrigada por não ter me contado nada.

Sophie, que chorava por tudo que estava acontecendo, e principalmente pela falta que Clarisse iria fazer em seus dias, pois estava ao lado da Duquesa a mais de 20 anos, vivendo sua vida solitária, sorrindo e conhecendo uma mulher que poucos conheciam realmente, sentiu as mãos frias da adolescente em seu braço, lhe fazendo olhar em seus olhos e ver o sorriso desenhado nos lábios de Christine, que prontamente lhe abraçou uma segunda vez enquanto dizia:

- Tenho certeza de que ela foi incrível.

- Ela foi! - se aconchega no abraço - Vou sentir falta da minha amiga. Ela era a minha única família.

- Não! Não era! - se afasta e a olha nos olhos - Não vou te deixar sozinha. Tenho certeza de que a Clarisse não iria permitir.

Sophie ficou tão surpresa com as palavras de uma menina que tinha apenas 16 anos de idade, quanto Kate e William, que se olharam com os lábios entreabertos e olhos cheios de lágrimas, assim que Christine terminou o que falou:

- Minha mãe me ensinou que jamais podemos abandonar quem precisa. E pelo que li nas cartas, a irmã dela era da mesma forma, não era?

- Era... - sussurra.

- Você vai continuar fazendo parte dessa família, onde eu sou a única que restou. E mesmo sem conhecer você, eu confio.

- Christine?!

A mulher desabou enquanto William sentia o nariz congestionado e os olhos embaçados devido ao choro, não negando que estava ainda mais orgulhoso de sua filha, algo que Kate sabia perfeitamente como era a sensação.

Kate sorriu imensamente enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos ao ver, mais uma vez, o quanto Christine era uma menina mais que especial. Ela era única em todos os sentidos e gestos, ações e palavras.

Paris - Château de Chambord

O sol se punha atrás de árvores e montanhas no horizonte, enquanto pessoas caminhavam por corredores enormes e cheios de obras de artes e história.

Kate Middleton sentia-se tão pequena a cada passada, que parou e olhou para uma imensa janela de vidro antigo, encontrando o amarelo do céu e sorriu ao perceber que a natureza queria dar a Clarisse um enterro digno e inesquecível.

Do lado de fora e caminhando pelos jardins de um dos mais belos Château do Vale do Loire, estava Christine olhando ao redor e fotografando a imensidão, mas ao mesmo tempo parando e olhando para o mesmo céu que sua mãe, e se permitindo chorar ao sussurrar:

- Me dê forças, mãe para ver a sua irmã?

Kate ouviu vozes ecoando ao longe e levou suas atenções até elas, encontrando mulheres caminhando até ela e parando ao falarem em francês que a presença dela ali era importante, mas que queriam ver a convidada especial, que seria Christine.

Uma das mulheres olhou pela janela e encontrou a adolescente fotografando o pôr do sol, e prontamente falou sem pensar:

- Ela deveria estar ao lado de Clarisse!

A Princesa de Gales a olhou rapidamente, fechando a expressão e engolindo as palavras que chegaram na ponta de sua língua, pois não queria deixar sua educação e carinho por Clarisse sumir com tal comentário direcionado a sua filha.

Kate tentou sair, porém de uma forma discreta e elegante, mas as mulheres se mantiveram falando com ela sem parar sobre como a falecida era.

Foram minutos e mais minutos, até que Christine surgiu no fim do mesmo corredor com sua roupa preta e larga, sendo o centro das atenções naquele imenso corredor e parando ao perceber Kate sorrindo para que se aproximasse de onde estava.

As mulheres que ali estavam, olharam a adolescente dos pés à cabeça, discriminando sua vestimento e se mantendo em silêncio, mas a jovem percebeu e falou:

- Prefiro ser assim, do que uma mulher cheia e não ter nada, exatamente como vocês que surgem em um velório, cuja falecida, tenho certeza, vocês nem conversavam.

- Falta de educação!

- Não! Isso se chama respeito por quem realmente precisa de respeito.

Kate sorriu, recebendo os olhares de ambas as mulheres e dando de ombro até que elas se afastaram e continuaram falando palavras em francês, mas Christine entendeu e retrucou na mesma medida, até que todas sumiram e sua mãe sussurrou:

- Você é incrível!!

- Quem são elas?

- Não sei! - percebe a mesma olhando para onde ela não havia entrado, desde quando chegou - Você não precisa fazer isso, se não estiver pronta.

- Pela carta, ela queria ter me conhecido. - respira fundo - Pode não ser em vida... - a olha - Mas eu devo isso a ela.

- Estarei ao seu lado, tá?

- Eu sei!

Christine respirou fundo, vendo um filme passando em sua mente de tudo que viveu ao lado de Catherine, e aquele imenso castelo não entrava em nenhum momento dele. Era como se um imenso pedaço de sua história fosse arrancado e não pudesse ser colocado novamente para completar sua vida.

Ela chegou na frente de uma imensa porta, que aberta lhe deu a visão perfeita de pessoas bem trajadas com preto e no centro de um imenso salão, um caixão branco com flores vivas e coloridas, que trazia uma paz incrível ao invés de dor e sofrimento.

A adolescente caminhou lentamente, vendo a distância diminuir e aos poucos o rosto de alguém que nunca viu, ganhar forma e detalhes, sendo impossível ela não se lembrar de sua própria mãe ao ver Clarisse.

Chris sorriu, deixando as lágrimas escorrerem enquanto falava:

- Oi, Clarisse? Sou eu, Christine, sua sobrinha - sorri e percebe que era o centro de todos os olhares que ali estavam - Você é a cara da sua irmã, sabia? - ri - Você é linda, assim como a minha mãe. - segura na mão frígida e sem vida - Desculpa não ter vindo antes? - sorri - Eu não sabia. - se afasta - Descansa em paz, tia.