SMILE - Vol. 2

Capítulo 23

As cores da noite se misturam ao brilho do restaurante no coração do Cairo, e nele a família real britânica, comia e se divertia, ouvindo o som do piano de caldas ecoando pelo espaço, enquanto Christine fechava os olhos ao imaginar sua mãe tocando em Londres.

Um sorriso se desenhou, tanto nos lábios da adolescente, quando nos de Kate, que a segurou em uma das mãos e sussurrou:

- Está tudo bem?

- Sim!

- Certeza?

- Sim! - sorri, olhando para o pianista bem apresentado - Ele toca bem!

- Sim! - fala Kate, olhando em direção ao homem - Nunca ouvi sua mãe tocando, sabia? - pergunta, pegando Christine de surpresa.

- Acho que tenho alguns vídeos em casa. Só saiba que ela era brilhante.

- Eu posso imaginar. Vamos terminar esse jantar?

- Vamos!! - avisa seus filhos, enquanto William olhava atentamente para Christine, esperando segundos para se levantar, olhar para a adolescente e dizer.

- Vem!

Kate estranhou, mas se manteve em silêncio até ver Christine se levantando e seguindo William para fora do restaurante e sem razão alguma.

- Mas...

Ambos saíram, encontrando a noite estrelada e a cidade acordada em sua vida noturna e agitada e bela.

Seus passos ecoavam, chamando a atenção de muitos que os reconheceram, mas ao se aproximarem de uma varanda privada, William encostou em uma mureta em estilo barroco e simples, se debruçando e percebendo a estranheza de Christine em estarem do lado de fora do restaurante e não esperando a sobremesa com a família inteira.

- Me fala sobre a Catherine.

- Que? - estranha.

- Como ela era? - demonstra interesse.

- Ela era linda, educada, e nunca frequentou uma escola.

- E aprendeu com os livros?

- Sim! - sorri orgulhosa, olhando para a paisagem - Os livros foram a salvação da minha mãe.

- E você está sendo a salvação da minha família - se aproxima - Não sei sobre sua mãe como a Kate sabe. Não senti o que ela e você sentiram quando a Catherine partiu. - a toca no ombro - E eu posso imaginar que tem o carinho de um pai, não é a tarefa mais fácil para você, porque não teve a oportunidade de ter um - a vê confirmando - Você está assustada com o que eu posso fazer, mas saiba que eu sou paciente e estarei aqui para lhe ajudar, como ajudo aos meus filhos. - a vê sorrindo com emoção - Vi seus olhos cheios de lágrimas quando entramos, e não era pelo que aconteceu, não é?

- Não! Não era!

- O que era então?

- Minha mãe estava guardando dinheiro para que juntas, conhecêssemos vários lugares no mundo - o olha - E o segundo da nossa lista era esse - sente uma lágrima escorrendo - Ela amava esse lugar, mesmo nunca estando aqui.

- E, pela primeira vez, a Kate, sua mãe não percebeu isso?

- Não! - sorri, secando uma das lágrimas - Ela não percebeu, mas você sim, por que?

- Porque minha mãe me trouxe aqui uma vez, e... Eu sei o que é sentir falta de uma mãe. - olha para a paisagem - Eu era um menino, vivendo sem o afeto da minha mãe e aprendendo a crescer na vida e de forma acelerada - a olha - Não quero que seja assim! Seja como a Kate, cresça no eu tempo e nunca perca a alegria, e... - se aproxima, segurando nos ombros da adolescente - Me deixa lhe mostrar que ter um pai é a melhor coisa do mundo? Não crie barreira para mim, mesmo eu sabendo que errei muito.

- Príncipe...

- Sem príncipe! Sem Rei! Sem nada! - sorri - William! Apenas William ou...

- Pai?

- Sim! - arruma a postura - Sei que preciso aprender muito em como a Kate ganhou seu respeito e amor, mas eu sou persistente!

- É... Você é! William...

Ambos se olham, e sorriem com o que havia acabado de acontecer. Mas acima de tudo, pelo enorme passo que o homem teve coragem de ter em relação a menina que sua esposa e ele chamavam de filha, mas que ainda possuía o medo de saber como é ser tratada por um pai, já que nunca teve o afeto de um.