LETÍCIA
Quando a cidadezinha do interior de Minas ficou pequena para o tamanho dos meus sonhos, resolvi mudar, carregando comigo somente coragem.
Saí de Minas aos 17 anos para estudar Medicina Veterinária em São Paulo. Fui criada em contato com animais, então cuidar deles é uma paixão, por isso decidi me formar na área.
No início, meus pais me ajudaram a me manter na capital, mas, para mim, era incômodo depender deles.
Então, comecei a gravar meu dia a dia em São Paulo e postar no YouTube. Muita gente se identificou com meus perrengues e comecei a ter muitas visualizações.
Isso foi me dando dinheiro suficiente para pagar o aluguel do apartamento e fazer as compras necessárias para sobreviver.
Com os vídeos do YouTube, vieram convites para fazer fotos, mas isso demorou um pouco. Os trabalhos como modelo foram surgindo, mas eu não abandonei a faculdade.
Quatro anos depois, me formei. Foram tempos difíceis; fiquei sem ver minha família por muito tempo, porque nas folgas que tinha, viajava para fazer as campanhas.
Morei um ano em Nova Iorque e então vi tudo se repetir. Estava só, em um lugar onde não conhecia ninguém, tendo que me adaptar do zero. A única diferença é que eu não precisava me preocupar com dinheiro.
Os trabalhos em Nova Iorque foram excelentes, então resolvi abrir uma ONG para cuidar de animais em situação de rua e de animais de pessoas que não tinham condições de pagar.
A ONG, que se chama "Um Bichano", também abriga os bichinhos.
Voltei para São Paulo, abri a ONG, comprei um apartamento e sigo trabalhando como modelo.
Agora estou mais perto da minha família. Apesar da distância, somos muito unidos. Eu, meus pais e meu irmão Léo sempre fomos uma família de verdade. Claro, como em toda relação, há desavenças, mas nada que abale a nossa convivência.
Em São Paulo, fiz amizade com algumas pessoas, mas a mais especial é a Larissa Saad, que casou com o Lucas, que recentemente voltou a jogar no Tricolor.
Na vida pessoal, pouca coisa aconteceu. Nunca tive sorte com relacionamentos. Namorei na adolescência com uma pessoa que estudava comigo, mas ele me trocou por outra, uma menina que, na época, era referência em beleza.
Já adulta, me envolvi com um rapaz que também era modelo. Foi apenas um "casinho" sem importância e sem traumas. Ainda bem que não me apeguei, pois namorar gente famosa é pedir para sofrer.
Trabalho dentro de mim a independência emocional. Não tenho apego a ninguém que demonstre ser raso de sentimentos, principalmente se essa pessoa for famosa.
Meus pais ficaram felizes com a minha volta. Agora tenho tempo para me dedicar mais a eles, à ONG e à minha outra paixão: o São Paulo, meu time do coração.
Foi meu pai quem me ensinou a torcer pelo Tricolor. Aliás, toda a minha família é são-paulina. Meu pai morou em São Paulo quando era adolescente, sempre ia ao Morumbi com meu avô, e passou a paixão para os filhos. Minha mãe, por coincidência, também é são-paulina.
Meu pai se chama Augusto. Ele é empresário/fazendeiro, adora música, toca violão muito bem e também canta. É fã de pop rock nacional, ama ouvir Ritchie, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii...
Temos a tradição de nos reunirmos e fazermos um luau. Chamamos parentes, vizinhos e amigos, e ficamos horas tocando, cantando e tomando vinho à beira de uma fogueira.
Minha mãe se chama Helena. Ela é a mulher mais otimista que eu conheço. Sempre me diz que as coisas vão dar certo. É meu exemplo de fé e de beleza também. Meu irmão, que como mencionei anteriormente, se chama Léo. Ele é três anos mais velho que eu, engenheiro agrônomo e um ciumento nato. Sofri horrores com ele na adolescência.
Todos moram no interior de Minas, na cidade de Ouro Preto. Temos uma casa na cidade, mas meus pais passam a maior parte do tempo na fazenda.
Eu me chamo Letícia Bianchi, tenho 25 anos. Sou modelo e médica veterinária. E agora vocês vão ver que, quando as coisas são para acontecer, elas simplesmente acontecem, você querendo ou não.
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AMIGA MÍA - Jonathan Calleri
FanfictionQuando você pensa que vai salvar alguém e quem é salvo é você.