CAPÍTULO - 23

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LETÍCIA

Chegou o dia do segundo jogo da final da Copa do Brasil e eu estou muito ansiosa. Na verdade, acho que nenhum são paulino dormiu direito esses dias, só pensando nesse jogo.

Cedinho já mandei mensagem para a Larissa para acertarmos como vamos para o Morumbi.

– Bom dia, amiga. Tudo bem? Como vamos fazer hoje? – pergunto.

– Bom dia!!! Muito ansiosa e você? – ela responde.

– Para morrer. Kkkkkkkk – respondo.

– Vamos viver muitas emoções nesse Morumbi hoje. – ela diz e eu fico imaginando como está a cabeça dela. Já que o Lucas vai viver novamente a emoção de uma final do clube dele.

– Espero que sejam emoções boas. - falo rindo de nervoso.

– Serão. Vamos ter fé. – ela comenta.

– Que horas você passa aqui? – pergunto.

– 14h passo aí. – ela diz.

– Estou esperando. Beijos! – respondo e a gente desliga.

Agora pela manhã vou fazer supermercado, repor os armários da cozinha, comprar verduras e frutas.

A vida adulta é assim, se você não fizer, não tem o que comer. Saudades de quando minha mãe fazia tudo.

O supermercado é pertinho daqui, e hoje como é domingo não deve está muito cheio. Saio às 9h, e na rua já encontro várias pessoas com a camisa do São Paulo, confesso que fiquei feliz em ver como meu Tricolor é querido.

As compras demoraram cerca de 1h, e quando cheguei em casa guardei tudo para não ficar a bagunça, e depois eu ter arrumar tudo quando voltar. Porque só Deus sabe como eu voltarei desse jogo.

Fiz um almoço rápido, uma salada, um macarrão com molho de limão e camarão. E isso me trouxe a lembrança do dia que o Jonathan almoçou aqui.

“Massa é universal” – ele comentou.

Maldita lembrança. Será possível que eu não vou poder mais nem comer camarão em paz, sem ter que lembrar dele?!

Meu Deus, eu preciso esquecer esse homem ou então vou surtar mais ainda.

Mas como é que esquece um homem desses: bonito, divertido, cheiroso, que tem um sorriso maravilhoso, um beijo que enlouquece qualquer mulher e ainda é atacante do seu time?

Queria ter o poder de deletá-lo da memória e apenas recordar que ele é um jogador de futebol. Mas, isso não é possível.

Bom, almocei, lavei os pratos e limpei a cozinha. Fui para o banho e demorei bastante.

As 13h eu já estava me arrumando. Como é final, o trânsito vai estar infernal.

Vesti uma calça preta, a camisa do Lucas, queria vestir a do Jonathan, mas o primeiro passo para esquecer alguém é não ter lembrança alguma dessa pessoa.

Contraditório, não é!? Já que o Morumbi sempre vai me lembrar dele, e é pra lá que estou indo.

Mas enfim, calcei um tênis preto e fiz uma maquiagem básica. O cabelo eu deixei solto. Peguei uma bolsa, coloquei dinheiro, documentos, rímel, batom... Peguei também o óculos de sol e um boné do São Paulo.

Tirei uma selfie e postei no Instagram:

“Dia de ver meu amor!” ❤️🤍🖤

Depois que percebi que a legenda podia ter várias interpretações. Mas dane-se, ninguém sabe do rolo que eu tive com Jonathan, e provavelmente, nunca vão saber.

Às 14h a Larissa me mandou mensagem dizendo que estava saindo de casa.

“Amiga, estou saindo de casa. Beijos!” – dizia a mensagem dela.

Respondi que estava pronta e depois desci para a portaria.

10 minutos depois ela chegou.

Eu dei um abraço e um beijo nos meninos, eles estavam tão animados.

– Tia Lelê, você está muito linda. – Miguel disse.

– Vocês também tão muito lindos, meus campeões. – respondi.

Eles iam cantando o hino do tricolor e nós acompanhamos.

– Vamos cantar a música do Calleri agora? – Pedro fala.

– Vamos! – Miguel diz.

– Vai mamãe canta. Canta tia Lelê. – Pedro diz.

Larissa olha pra mim e rir. É, está cada vez mais difícil esquecer desse homem.

Onde eu vou tem alguém pra lembrar dele, parece de propósito.

Eu penso: “esquecer o Jonathan” e acho que o Universo entende: “lembrar o Jonathan”.

Chegamos ao estádio, Larissa estacionou no lugar privativo (vantagens de ser esposa de jogador) e nós fomos para o camarote.

Demorou bastante para conseguirmos nos organizar. Eu tirei uma foto dela com os meninos, e depois fizemos uma selfie.

Pedi para ela tirar uma foto minha pegando o gramado, e ela gentilmente fez. Não postei a foto, já tinha postado uma de casa.

Depois de muita espera, o jogo ia começar, os jogadores começaram a entrar, e de longe eu avistei o Jonathan, ele estava tão bonito, e como diz a música: “parecia até que nada aconteceu”.

Foi uma festa, a entrada dos jogadores, uma coisa para testar o coração do torcedor já de cara.

Tocaram o hino nacional e a bola rolou. Agora era hora do famoso “aguenta coração”.

O jogo estava disputadíssimo, o outro time fez um gol no final do primeiro tempo, mas três minutos depois, nos acréscimos, Nestor fez um golaço que nos deu a vantagem novamente. Que golaço!

Final do primeiro tempo. Nós fomos tomar um refrigerante com os meninos, eles estavam eufóricos, e nós também.

Na volta do segundo tempo o jogo foi mais puxado ainda, e foi preciso muita oração pra sobreviver a essa final.

A cada jogada a tensão aumentava, a gente só queria o apito final.

Faltando poucos minutos para acabar, a torcida começou a aumentar o som e o Morumbi estava uma loucura.

O juiz apitou e nós enfim pudemos gritar: É campeãooooooooo! O São Paulo é campeão da Copa do Brasil.

Larissa, chorando, então falou:

– Amiga, vamos lá no gramado?

– Amiga, acho que vou pra casa. Não quero ir lá não. Já deu de emoções por hoje. – respondi.

– Deixa de bobagem, nós vamos comemorar. O Lucas está lá. Vamos! – ela diz.

Eu sei que para ela é importante estar ao lado do Lucas nesse momento, afinal, ele saiu do Tricolor campeão e está voltando campeão também.

Ele é ídolo dessa torcida e os filhos são fascinados pelo clube, não consigo nem imaginar a emoção que ela está sentindo.

Não queria ir, não me sinto pronta para encontrar com o Jonathan, ainda mais se ele estiver acompanhado, mas precisava estar com eles nesse momento, pois antes de qualquer coisa nós somos amigos. E amigos são pra essas coisas.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora