CAPÍTULO - 06

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CALLERI

Letícia aceitou vir comigo para casa. Durante o trajeto, cantamos o hino do São Paulo. Eu, desajeitado com meu portunhol, fazia ela rir sem parar. 

Quando chegamos, falei para ela escolher o filme enquanto eu fazia a pipoca. 

— Preciso de um banho — ela respondeu, soltando um suspiro. 

— Claro, doutora — respondi para provocá-la. 

— Tá muito engraçadinho — retrucou, rindo. 

— Tem toalhas no armário do quarto de hóspedes. Tem escova e sabonete novos também. Vou levar uma camisa minha para você vestir. Quer? — perguntei. 

— Quero! Essa daqui tá toda suada — respondeu, apontando para a própria roupa. 

— É o quarto à direita no final do corredor — expliquei, indicando o caminho. 

Ela subiu, e logo depois fui procurar uma camisa para ela. Escolhi uma que não era de time, algo mais neutro. 

Bati na porta do quarto em que ela estava. 

— Posso entrar? 

— Entra — ouvi a voz dela do outro lado. 

Entrei e entreguei a camisa. 

— Qualquer coisa que precisar é só me mandar mensagem. Vou tomar banho também — falei, saindo em seguida. 

Meia hora depois, já estava na cozinha terminando de fazer um suco e a pipoca. Letícia desceu com a camisa, que parecia mais um vestido. 

— Obrigada pela camisa. Tá quase um vestido, mas pelo menos tá limpa — disse ela, mostrando como a peça era grande. 

— Por nada! — respondi, rindo. 

Entreguei a vasilha com pipoca e o copo de suco para ela. Sentamos no sofá para assistir ao filme que ela escolheu. Era mais uma comédia, "As namoradas do papai", um filme infantil que ela disse que gostava de assistir quando era criança, mas dessa vez ela não resistiu por muito tempo e acabou dormindo no meu ombro. 

"Acordo ou não acordo?" pensei, indeciso. 

Decidi pegá-la no colo e levá-la até o quarto. Liguei o ar-condicionado, apaguei as luzes e tranquei a porta. 

No meu quarto, me deitei e, pela primeira vez em meses, me senti bem. Desde o dia em que Letícia cuidou do Jokic, eu estava tranquilo. Não sentia mais os calafrios nem os tremores. Ela realmente era meu anjo da guarda. 

Acordei às 7 horas da manhã. Desci as escadas e percebi que Letícia ainda dormia. Saí para comprar bolo e pães para o café da manhã. Preparei um suco e café e deixei algumas frutas na mesa. 

Ouvi passos na escada. Letícia apareceu com a maior cara de sono. 

— Bom dia, Jonathan. Parece que um trator passou por cima de mim — disse ela, rindo. 

— Bom dia. Conseguiu dormir? — perguntei. 

— Sim, mas acho que preciso de mais horas de sono — respondeu, ainda rindo. 

— Dorme mais. Fica à vontade — sugeri. 

— Como fui parar no quarto? Não me lembro — perguntou, curiosa. 

— Eu te levei — respondi, um pouco constrangido. — Desculpa, mas não quis te acordar. 

— Tudo bem. Eu estava muito cansada mesmo. Se pudesse, dormia mais — disse ela. 

AMIGA MÍA - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora