LETÍCIA
Sexta-feira e hoje infelizmente eu não posso me dar ao luxo de ficar em casa deitada.
Agora pela manhã eu tenho de ir à ONG ver uma documentação que precisa ser atualizada, licença de funcionamento, alvará, essas coisas burocráticas e chatas, mas necessárias.
Me arrumei e como estava atrasada, não tomei café. Fui até a ONG e peguei a documentação, depois fui até ao órgão responsável por essa atualização.
Cheguei às 9h e estava lotado. Como era por ordem de chegada o atendimento, eu não sairia tão cedo de lá. Peguei minha senha e me sentei na recepção para esperar.
Devia ter umas 30 pessoas na minha frente, da próxima vez eu venho mais cedo. Coloquei fones de ouvido e comecei a ler qualquer coisa no celular para passar o tempo.
Estava tão concentrada que não vi que uma pessoa me chamava, só percebi o chamado quando ela tocou em mim.
– Moça, com licença, tem alguém aqui do seu lado? – a moça me pergunta.
– Não. Pode sentar. – respondo no automático.
– Obrigada. – ela me agradece com gentileza.
Eu não estava a fim de conversar, não tinha clima para papo em fila para resolver problemas, mas a moça estava e muito.
– Acho que eu te conheço de algum lugar. – ela diz.
– E é? – respondo sem empolgação.
– Você me lembra alguém, mas não consigo saber quem é. Ou eu te conheço de algum lugar. – ela diz e eu não respondo nada.
Pobre moça, estava sendo tão educada e eu sem a mínima vontade de interagir.
– Já sei. Você é a namorada do Calleri. Acabei de ver uma publicação do São Paulo no Instagram e me lembrei. Era você a moça que estava no Morumbi, a moça para quem ele se declarou. Letícia, não é isso? – ela diz e eu fico surpresa.
O que eu diria a moça? Sim, sou eu, mas eu não namoro mais com aquele inseguro. Ou diria, não, não sou eu.
– Sim, me chamo Letícia. –é o que eu digo.
– Nossa, vocês formam um casal tão lindo. – ela diz.
"Alguém por favor tira essa mulher daqui" – eu penso.
Apenas dou um sorriso forçado para ela, finjo que meu celular está chamando e saio. Não quero que ela fique falando dele.
Entrei no meu carro e decidi esperar dentro dele, talvez aqui ninguém me incomode.
Passei 1h dentro do carro, mas o calor me obrigou a sair depois disso. Quando voltei para dentro do órgão, a mulher que puxou assunto comigo não estava mais.
Depois de mais uma hora de espera, finalmente chega minha vez. O atendente me pede a documentação da ONG e meus documentos pessoais, e eu os entrego.
O processo de atualização durou 15 minutos, é bem rápido e após isso eu estou livre.
Entrei no carro, respirei fundo e senti que minha pressão estava baixa. Saí e comprei uma água, bebi a garrafinha toda e pedi outra. Voltei para carro, coloquei o cinto e segui de volta para a ONG.
– Oi, Danni. Finalmente acabou essa burocracia. – digo ao encontrá-la.
– Letícia, você está pálida. – ela diz.
– Não comi nada hoje. Vou pedir almoço. – falo pra ela enquanto jogo minhas coisas em cima do sofá da recepção e me sento.
– Pede, pelo amor de Deus, não vai mais dirigir assim. – ela diz com preocupação.
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AMIGA MÍA - Jonathan Calleri
FanfictionQuando você pensa que vai salvar alguém e quem é salvo é você.