CAPÍTULO - 57

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LETÍCIA

Sexta-feira e hoje infelizmente eu não posso me dar ao luxo de ficar em casa deitada.

Agora pela manhã eu tenho de ir à ONG ver uma documentação que precisa ser atualizada, licença de funcionamento, alvará, essas coisas burocráticas e chatas, mas necessárias.

Me arrumei e como estava atrasada, não tomei café. Fui até a ONG e peguei a documentação, depois fui até ao órgão responsável por essa atualização.

Cheguei às 9h e estava lotado. Como era por ordem de chegada o atendimento, eu não sairia tão cedo de lá. Peguei minha senha e me sentei na recepção para esperar.

Devia ter umas 30 pessoas na minha frente, da próxima vez eu venho mais cedo. Coloquei fones de ouvido e comecei a ler qualquer coisa no celular para passar o tempo.

Estava tão concentrada que não vi que uma pessoa me chamava, só percebi o chamado quando ela tocou em mim.

– Moça, com licença, tem alguém aqui do seu lado? – a moça me pergunta.

– Não. Pode sentar. – respondo no automático.

– Obrigada. –  ela me agradece com gentileza.

Eu não estava a fim de conversar, não tinha clima para papo em fila para resolver problemas, mas a moça estava e muito.

– Acho que eu te conheço de algum lugar. – ela diz.

– E é? – respondo sem empolgação.

– Você me lembra alguém, mas não consigo saber quem é. Ou eu te conheço de algum lugar. – ela diz e eu não respondo nada.

Pobre moça, estava sendo tão educada e eu sem a mínima vontade de interagir.

– Já sei. Você é a namorada do Calleri. Acabei de ver uma publicação do São Paulo no Instagram e me lembrei. Era você a moça que estava no Morumbi, a moça para quem ele se declarou. Letícia, não é isso? – ela diz e eu fico surpresa.

O que eu diria a moça? Sim, sou eu, mas eu não namoro mais com aquele inseguro. Ou diria, não, não sou eu.

– Sim, me chamo Letícia. –é o que eu digo.

– Nossa, vocês formam um casal tão lindo. – ela diz.

"Alguém por favor tira essa mulher daqui" – eu penso.

Apenas dou um sorriso forçado para ela, finjo que meu celular está chamando e saio. Não quero que ela fique falando dele.

Entrei no meu carro e decidi esperar dentro dele, talvez aqui ninguém me incomode.

Passei 1h dentro do carro, mas o calor me obrigou a sair depois disso. Quando voltei para dentro do órgão, a mulher que puxou assunto comigo não estava mais.

Depois de mais uma hora de espera, finalmente chega minha vez. O atendente me pede a documentação da ONG e meus documentos pessoais, e eu os entrego.

O processo de atualização durou 15 minutos, é bem rápido e após isso eu estou livre.

Entrei no carro, respirei fundo e senti que minha pressão estava baixa. Saí e comprei uma água, bebi a garrafinha toda e pedi outra. Voltei para carro, coloquei o cinto e segui de volta para a ONG.

– Oi, Danni. Finalmente acabou essa burocracia. – digo ao encontrá-la.

– Letícia, você está pálida. – ela diz.

– Não comi nada hoje. Vou pedir almoço. – falo pra ela enquanto jogo minhas coisas em cima do sofá da recepção e me sento.

– Pede, pelo amor de Deus, não vai mais dirigir assim. – ela diz com preocupação.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora