CALLERI
Parece que minhas tentativas foram inúteis. Eu fui muito ingênuo achando que talvez pelo o que aconteceu, ela fosse me perdoar. Achei que sabendo que seremos pais, ela fosse querer que a gente ficasse juntos. Criei expectativas e agora estou aqui morrendo por dentro enquanto ela fala.
– Flores, músicas, pedido fofinho, qualquer um pode fazer. Essas coisas são clichês demais. – ela fala e eu não sei nem como reagir.
Queria que um buraco se abrisse nos meus pés para que eu pudesse me esconder dessa vergonha que estou sentindo.
– E clichê nem sempre funciona. – ela completa.
– Letícia... – eu tento falar, mas ela me interrompe.
– Calma, escute o que eu tenho a te dizer. – ela pede.
– Mas você é mais do que um clichê, você é mais que todos os buquês e todas as letras de música que escreveu naqueles cartões. A forma como você cuidou e cuida da gente, como se nós nunca tivéssemos nos separado, como se você soubesse que ia ser pai há muito tempo... – ela vai falando e eu percebo que talvez não tenha sido em vão.
– Eu sei que Deus mandou essa criança para nos unir novamente. – ela fala e nessa hora eu não aguento de felicidade e abro um sorriso.
– E como você fez várias vezes, agora é minha vez, eu queria te dizer que: Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir, ter você é meu desejo de viver. – ela canta o trecho da música sorrindo.
– Está perdoado, papai. – ela fala olhando e fazendo um carinho na barriga.
Eu esperei dias por esse momento que agora não sei como reagir. Simplesmente fiquei parado no mesmo lugar, segurando o buquê de flores.
– Vai ficar aí parado? – ela me pergunta.
Eu coloquei o buquê em cima do sofá e fui me aproximando dela.
– Eu amo vocês. – falo abraçando-a com o maior cuidado.
– A gente também te ama, papai. – ela responde.
Ouvi-la dizendo que me ama e me chamando de papai é tão especial que eu só sei rir. Parece que não era real.
Nós ficamos sentados no sofá matando a saudade, nos beijando, fazendo carinho um no outro.– Achei que você ia me dar o fora de novo quando começou a falar. – falo e rio de nervoso.
– Foi para colocar um pouco de emoção. – ela responde rindo.
– Mais emoção, né?! – falo.
– Sim. Foi para testar o coração do argentino. – ela diz com um sorrisinho de vitória.
– Eu estava para desmaiar. – falo rindo.
– Aguenta, argentino. – ela diz dando um tapinha em meu braço.
– Foi o jeito, né?! – eu falo.
– Mas vai dizer que não gostou? – ela pergunta.
– Amei o que você disse depois. Mas antes foi um teste para meu coração. – respondo.
– Seu coração é forte. – ela debocha.
– Você não sabe como eu sofri longe de você, meu amor. – eu falo enquanto faço carinho em seu cabelo.
– Essa casa ficou tão vazia, as coisas não tinham graça. – completo.
– Eu também sofri muito, amor. Senti tanto a sua falta. – ela diz tocando meu rosto e eu beijo sua mão.
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AMIGA MÍA - Jonathan Calleri
FanfictionQuando você pensa que vai salvar alguém e quem é salvo é você.