CAPÍTULO - 74

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CALLERI

Parece que minhas tentativas foram inúteis. Eu fui muito ingênuo achando que talvez pelo o que aconteceu, ela fosse me perdoar. Achei que sabendo que seremos pais, ela fosse querer que a gente ficasse juntos. Criei expectativas e agora estou aqui morrendo por dentro enquanto ela fala.

– Flores, músicas, pedido fofinho, qualquer um pode fazer. Essas coisas são clichês demais. – ela fala e eu não sei nem como reagir.

Queria que um buraco se abrisse nos meus pés para que eu pudesse me esconder dessa vergonha que estou sentindo.

– E clichê nem sempre funciona. – ela completa.

– Letícia... – eu tento falar, mas ela me interrompe.

– Calma, escute o que eu tenho a te dizer. – ela pede.

– Mas você é mais do que um clichê, você é mais que todos os buquês e todas as letras de música que escreveu naqueles cartões. A forma como você cuidou e cuida da gente, como se nós nunca tivéssemos nos separado, como se você soubesse que ia ser pai há muito tempo... – ela vai falando e eu percebo que talvez não tenha sido em vão.

– Eu sei que Deus mandou essa criança para nos unir novamente. – ela fala e nessa hora eu não aguento de felicidade e abro um sorriso.

– E como você fez várias vezes, agora é minha vez, eu queria te dizer que: Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir, ter você é meu desejo de viver. – ela canta o trecho da música sorrindo.

– Está perdoado, papai. – ela fala olhando e fazendo um carinho na barriga.

Eu esperei dias por esse momento que agora não sei como reagir. Simplesmente fiquei parado no mesmo lugar, segurando o buquê de flores.

– Vai ficar aí parado? – ela me pergunta.

Eu coloquei o buquê em cima do sofá e fui me aproximando dela.

– Eu amo vocês. – falo abraçando-a com o maior cuidado.

– A gente também te ama, papai. – ela responde.

Ouvi-la dizendo que me ama e me chamando de papai é tão especial que eu só sei rir. Parece que não era real.
Nós ficamos sentados no sofá matando a saudade, nos beijando, fazendo carinho um no outro.

– Achei que você ia me dar o fora de novo quando começou a falar. – falo e rio de nervoso.

– Foi para colocar um pouco de emoção. – ela responde rindo.

– Mais emoção, né?! – falo.

– Sim. Foi para testar o coração do argentino. – ela diz com um sorrisinho de vitória.

– Eu estava para desmaiar. – falo rindo.

– Aguenta, argentino. – ela diz dando um tapinha em meu braço.

– Foi o jeito, né?! – eu falo.

– Mas vai dizer que não gostou? – ela pergunta.

– Amei o que você disse depois. Mas antes foi um teste para meu coração. – respondo.

– Seu coração é forte. – ela debocha.

– Você não sabe como eu sofri longe de você, meu amor. – eu falo enquanto faço carinho em seu cabelo.

– Essa casa ficou tão vazia, as coisas não tinham graça. – completo.

– Eu também sofri muito, amor. Senti tanto a sua falta. – ela diz tocando meu rosto e eu beijo sua mão.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora