CAPÍTULO - 16

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LETÍCIA

Ele sentou no sofá e eu sentei distante dele para evitar qualquer contato mais próximo. Quanto mais distante, mais fácil fica de colocar um ponto final nisso tudo.

– Por que você está distante de mim? – ele pergunta.

– Por quê? Sério que você está me perguntando isso? – respondo com outra pergunta.

– Você saiu ontem, me deixou só. Não disse pra onde ia, nem o que ia fazer. Sumiu! – completo.

– Te mandei mensagem, te liguei e você não respondeu. Eu fiquei preocupada com você. – fui contando.

– Anjo, me perdoa. A Micaela, minha ex, está aqui no Brasil. Ela sofreu um acidente ontem e ligaram do hospital pois o meu contato estava nos números de emergência. Eu fiquei desesperado e saí. Não pensei em mais nada. – ele fala com a maior tranquilidade do mundo.

– Ah! Sua ex. – eu falo entendendo tudo.

– Sim. Não foi nada grave, só alguns ferimentos nas pernas, um pequeno corte na cabeça, mas agora está tudo bem. – ele diz, como se isso fosse me fazer mudar de ideia.

– Certo. – eu falo desinteressada.

– Me perdoa, por favor! – ele pede.

– Olha, Jonathan, eu e você somos amigos, quer dizer, achei que éramos. De repente as coisas foram ficando diferentes. Começamos a nos envolver. Mas agora eu sei que você está carente, e por isso se envolveu comigo. Você queria uns beijos para ir passando o tempo. Você ainda gosta da sua ex. E por isso, eu acho melhor a gente acabar qualquer coisa que exista entre nós. – eu falo bem séria.

– Letícia, não! Eu não gosto mais dela. Só ajudei porque ela não tem ninguém aqui. Só fiquei lá até alguém mais próximo dela chegar – ele tenta se justificar.

– Eu nem sabia que ela estava aqui. - ele diz, mas eu não sei se acredito.

– Jonathan, eu entendo. E não estou te julgando. Você é livre. Mas eu não quero continuar com isso. Você tem sentimentos por ela, percebi isso, e eu tenho medo de me machucar. Então é melhor a gente parar por aqui.  – eu falo.

Estava me doendo por dentro dizer tudo isso, mas para o meu próprio bem, era necessário.

– Anjo, não. – ele diz se levantando do sofá e vindo em minha direção.

Ele fica me chamando de “anjo” e eu vou sentindo mais raiva.

– Estamos brigando, me chama de Letícia. Não apela. – eu penso.

– Por favor, Jonathan. Eu não fiquei legal por você ter me deixado só ontem, por você ter sumido, sem ao menos dizer alguma coisa. Sei que não temos nada, mas eu fiquei mal. E antes que isso acabe comigo, eu preciso me libertar. – falo, mantendo minha postura.

– Eu gosto de você. Da sua companhia. De ficar com você. Por favor, não faz isso. – ele fala.

–Você gosta do que eu proporciono: companhia, beijos, carinho, essas coisas. – falo.

– Não é isso, Letícia. Eu gosto de você. – ele fala.

– Se eu soubesse que você não sente mais nada por ela, eu ficaria imensamente feliz em ouvir o que você acabou de dizer. Mas eu não tenho certeza. – respondo.

– Eu falhei em não te dizer. Mas na hora eu não raciocinei. – ele diz.

– Jonathan, para mim não dá. Quando eu sinto que algo não é para mim, eu me afasto. – falo.

– Não faz isso comigo. Eu gosto de você, estou falando sério. – ele insiste.

Ele foi chegando bem perto, começou passando a mão no meu rosto, me olhou nos olhos, mas eu desviei.

De repente ele me beija. Eu sou doida pelo beijo dele, então deixo me levar.

A gente fica um tempão assim, colados, nos beijando, mas recobro a consciência e me afasto.

– Para, Jonathan. – peço.

– Se resolva com ela. E se realmente você não tiver mais sentimentos por ela e for para acontecer alguma coisa entre a gente, o destino vai nos unir. – falo e me sento no sofá.

E antes que ele pudesse usar o golpe baixo de me beijar de novo, porque sabe que eu não resisto, tratei de encerrar a conversa.

– Agora, por favor, me deixa só. Tenho muita coisa para resolver. – falo apontando a saída.

Ele não me diz mais nada, apenas faz o que peço. Eu tentei não chorar, em vão. Ele mexe comigo.

Fico pensando: por que eu estou me sentindo assim se nós somos só amigos? Será que eu realmente estou apaixonada por ele ou só estou chateada por ter sido ignorada?

Muitas perguntas e nada de respostas.

Não quero acreditar que eu me apaixonei por um homem que eu conheci há pouco tempo, e pior, que só se envolveu comigo porque está carente. Eu queria acreditar que tudo que ele disse é verdade, mas algo em mim não consegue, não aceita.

Provavelmente, a ex deve morar na Argentina e ele estava se sentindo só.

Eu fui a vítima perfeita.

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Oi, gente!

O que vocês estão achando?

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora