CAPÍTULO - 56

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LETÍCIA

Depois da noite exaustiva que eu tive ontem, não esperava que o Jonathan fosse aparecer no meu apartamento para me trazer café na cama e um buquê de flores, mas também não esperava que ele ia tirar os espinhos das rosas e jogar em mim.

Pior de tudo foi ele não ter me dado chances de me explicar. Mas também não sei se eu queria. Ele estava tão alterado, que eu me recusaria a explicar qualquer coisa para ele naquele momento, com ele naquele estado.

Nada naquele Jonathan me lembrava o que eu conheci, que rio da minha piada sem graça quando eu disse que iríamos fazer um “programa”, não era o Jonathan que me pediu em namoro no Morumbi e depois na casa dos meus pais. Era apenas um homem ciumento, cego pelo seu ciúme e insegurança, mas, mesmo assim, ainda era o homem que eu vou amar por toda minha vida.

Que ele é ciumento, eu sempre soube. Mas não sabia que era nesse nível, a ponto de nem raciocinar, porque claramente ele estava fora de si.

De uma coisa eu tenho certeza, esse homem que veio aqui hoje, e despejou aquele monte de coisa, eu não quero na minha vida, essa versão, não.

Mesmo que ele fosse o camisa 10 da Argentina, mesmo que ganhasse bola de ouro, a mim esses títulos não cativam.

O Jonathan carente, dramático, sensível, romântico, sim, esse eu quero. Só resta saber se ele ainda existe.

Eu vou me permitir sofrer por ele, por nosso namoro ter terminado assim, por ele ter me dito aquele monte de absurdo, eu sinto raiva dele, muito ódio mesmo, mas apesar de tudo seguirei minha vida.

Vai doer, mas passa, eu não vou morrer por causa dele, não mesmo.
Está doendo muito, eu não tenho nem forças para reagir, e também não quero. Tenho o direito de sofrer, eu creio que isso faz parte do processo. Quando finalmente eu começar a me curar, sairei mais forte.

Uma coisa estava martelando na minha cabeça: quem mandou aquelas fotos? E quem eram as pessoas na foto? Um era o Chay, dava pra ver realmente, mas a moça, apesar de parecer comigo, não era eu. As fotos não tinham nitidez, e a moça estava de lado.

Deve ter sido alguém da alma muito ruim para fazer isso.
Por sorte, hoje é um dia que eu não tenho nenhum compromisso, vou ficar em casa curtindo minha solidão, decepção, tristeza, raiva, saudade...
Voltei para a cama e tentei dormir.

Tentativas em vão. Entrei no Instagram e o Jonathan continuava me seguindo, também não tinha apagado nossas fotos.

Eu não ia bloqueá-lo, no momento não, se me fizer mal futuramente, eu não pensarei duas vezes em fazer, mas por enquanto, não.

Graças a Deus, depois de um tempo rolando na cama, eu consegui dormir, meu corpo precisava desse descanso. Quando acordei já era 14h da tarde.

Estava sentindo fome, me levantei e fui até a cozinha. Abri a geladeira e procurei algo para almoçar. O cardápio não era dos melhores e eu não estava com coragem de fazer nada que demandasse esforço, então fiz um macarrão instantâneo. Não é saudável, mas salva a gente.

Enquanto saboreava aquela massa especialmente elaborada, revivia as palavras do Jonathan. A história das fotos estava me enlouquecendo, quem mandou para o Jonathan o conhece, sabe que ele é ciumento, e sabe do ciúme que ele tem do Chay. Não foi alguém aleatório, foi alguém que sabe muito.

Terminei de almoçar, lavei o prato e voltei para o meu quarto. Me joguei na cama e peguei um livro para ler. A leitura me deu sono, era tudo que eu precisava, dormir bastante.

CALLERI

Estava em casa, e parecia que eu ia surtar, tudo me lembrava ela: o perfume na cama, a camisa do São Paulo, o Jokic... Vai ser difícil ficar aqui sem ela. Mas eu tenho que seguir, não tenho outra alternativa a não ser essa.

Pensei em colocar todos os lençóis para lavar para poder tirar o cheiro dela, mas isso era o que a minha razão queria. Eu sabia que no fundo mesmo eu queria continuar sentindo o cheiro dela.

A camisa do São Paulo, mesmo que eu jogue no lixo, coloque fogo, bastaria ver de novo outra camisa que eu lembraria dela, e para não lembrar dela vendo o São Paulo, eu teria que sair do time. Então, isso está fora de cogitação.

Não podia fazer nada com o cachorro também, afinal, que culpa o coitado tem?

Eu tentava entender o porquê dela fazer isso comigo, em que momento ela deixou de me amar. Se eu tinha feito alguma coisa para ela decidir que precisava se encontrar com outro.

Será que eu não estava sendo homem suficiente?! Será que ela abusou meus carinhos?! Muitos pensamentos idiotas passaram em minha mente.

A gente tinha passado dias ótimos em Minas, ela escreveu nossas iniciais na árvore, cantou música para mim no barzinho... Em Buenos Aires foi a mesma coisa, me fez companhia, cuidou de mim, me ajudou em tudo.

Não queria acreditar que a minha Letícia tinha sido capaz de fazer isso, mas era verdade, ela tinha feito..

Ainda bem que eu já ia voltar a treinar no CT, porque ficar aqui em casa sozinho ia acabar me matando aos poucos.

Tomara que meu treinamento de reabilitação seja bem pesado, para que eu fique extremamente cansado e quando chegar em casa eu durma rapidamente.

O dia passou dando voltas para trás, eu estava irritado, chateado. Até descontei no pobre do Jokic, depois minha consciência pesou e eu fui buscá-lo para ficar comigo.

Queria conversar com alguém, pensei em ligar para a Tefi e contar a ela o que aconteceu, mas ela ia contar a minha mãe e eles iam ficar preocupados comigo. Não queria preocupá-los, pois era capaz deles virem no outro dia para cá.

Eu não sou mais um adolescente que não sabe se resolver, que não sabe o que fazer quando tem uma decepção amorosa. Sou um marmanjo de 30 anos e preciso aprender a conviver com a ausência dela.

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Os dois sofrendo por estarem separados, cada um com seus motivos. 🥹

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Gracias por lerem até aqui!

                               🫶

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora