CAPÍTULO - 60

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CALLERI

O Jokic estava bem, foi só mais um susto que ele me deu. Eu saí da ONG da Letícia depois que ela pediu para eu ir embora. Vi muito ódio em sua forma de falar comigo, engraçado que ela me engana, me trai e é quem fica com raiva.

Ela se manteve profissional, me atendeu como se eu fosse só mais um paciente, e na verdade, era isso que eu era mesmo. Nós não tínhamos mais nada e eu só a procurei porque já estava tarde e só ela poderia socorrer meu cachorro. Me chamou de Calleri, eu achei tão estranho ver os lábios dela me chamando assim. Mas enfim, isso é bom, vai me fazer esquecê-la mais rápido.

Chegamos em casa, eu subi com ele para meu quarto, queria ele perto para caso acontecesse algo.

– Mais uma vez a Letícia te salvou, hijo. – eu falo e ele late.

– Foi estranho, né, vê-la dessa forma?! – continuo conversando com ele.

– Mas ela te atendeu muito bem. É uma profissional e tanto. – falo com o cachorro e ele balança o rabo.

– Mas eu preciso esquecê-la. Por favor, não adoece mais à noite, não. Pelo seu bem e pelo bem do seu papá também. – falo como se o Jokic fosse entender.

– Colabora comigo para que eu a esqueça o mais rápido possível. – insisto e ele começa a latir.

– Está bem, vou parar com esse assunto. – digo por fim.

Deitei, acabei dormindo, e o Jokic também. Acordei e não era tão cedo assim, desci até a cozinha e fui preparar o meu café. Enquanto tomava café, fui responder algumas mensagens.

Tinha uma da Letícia dizendo para eu procurar outro veterinário para o Jokic, porque ela podia mais atendê-lo. Visualizei e não respondi.

Fiquei pensando que achar um novo veterinário é fácil, mas achar um que o atenda a qualquer hora, isso é quase impossível. Mas eu não podia exigir isso dela, não tinha esse direito e ela estava certíssima. Penso que isso é bom, cortar qualquer tipo de contato.

Tomei meu café e só me dei conta que não tinha respondido a Letícia muito tempo depois. Mandei uma mensagem me desculpando e me justificando.

Como o treino era só a tarde, eu passei a manhã deitado com o Jokic vendo vídeos na TV. Ele estava mais calminho, mas ainda não era o Jokic que eu conheço. Aproveitei para procurar outro veterinário, fiz algumas buscas e todos só atendiam de segunda a sexta em horário comercial. Ferrou para mim, ferrou para o Jokic.

Só me restava torcer para ele não ter mais nada fora do horário comercial e fim de semana. Do contrário, estaríamos ferrados.

Chegou a hora de ir para o CT para o treino da tarde. Estava com o coração apertado com medo do Jokic passar mal novamente. Então pedi a Gil para ficar com ele e se acontecesse alguma coisa, ela me ligaria.

Assim, eu fiquei mais tranquilo e ia poder treinar em paz.
Já no CT, encontrei meus companheiros, e eles estavam falando sobre o jogo Brasil e Argentina, pelas eliminatórias da Copa.

– Os hermanos vão tomar um couro da nossa seleção. – Rafinha disse e eu ria.

– Vamos ver, né?! – eu falo.

– Nem vem, Jony, o Brasil é maior. – Beraldo disse.

– Eu não disse nada. – me defendo.

– Já pode ir chorando viu?! – Beraldo diz.

– Eu só quero ver. – digo.

Depois do papo descontraído, fomos para o campo. Aos poucos eu vou voltando a minha rotina normal de treino, ainda com exercícios mais tranquilos, mas, a cada dia é um passo a mais que eu dou para minha recuperação.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora