CALLERI
Decidi procurar a Letícia, não ia mandar mensagem, nem perguntar se podia ir, ia chegar de surpresa. Tomei um banho rápido e troquei de roupa.
Vou até o apartamento dela, chegou a hora de pôr um fim nisso tudo.Fui dirigindo pela cidade com o coração mais acelerado que o carro. Uma parte de mim queria apenas beijá-la, abraçá-la, mas a outra sentia ódio, raiva. Me senti um trouxa, um completo idiota.
Tentei ensaiar o que eu ia dizer a ela durante o percurso, como se isso fosse funcionar quando estivéssemos cara a cara.
Cheguei à porta do prédio, depois de um tempo no trânsito, estacionei, conversei com o porteiro.
– Bom dia! Apartamento da Letícia, por favor. – falo.
– Bom dia! Pode entrar. – ele responde.
O porteiro me deixou subir mais uma vez sem anunciar. Eu toquei a campainha insistentemente, ela demorou a atender, pensei que ela poderia ter dormido com ele e não estava em casa, e isso me deu mais raiva ainda.
Insisti mais uma vez e dessa vez ela abriu, estava com roupa de dormir e a maior cara de sono. Tinha acabado de acordar.
– Jonathan, aconteceu alguma coisa? – ela pergunta.
– Você ainda pergunta, Letícia. – falo debochando.
– Não estou entendendo. – ela diz.
Ela estava com muito sono, a cara estava inchada e ela tinha dificuldade de ficar com os olhos abertos. Mas estava linda, ela é linda. Lutei muito para ser forte e resistir ao amor que eu sinto por ela.
– Ah, pelo amor de Deus, não me subestime. – digo.
– Jonathan, do que você está falando? – ela diz, e pela expressão facial parecia realmente que ela não sabia.
– Letícia, por favor, você pensou mesmo que eu não ia descobrir?! – digo com um riso irônico.
– Descobrir o quê? – ela pergunta.
– Aqui, olha, recebi tudo ontem, enquanto estava no Rio – falo mostrando as fotos no celular.
– Como você teve coragem de me trair Letícia? – pergunto, colocando pra fora minha raiva.
Eu ia falando e ela ia passando as fotos com dificuldade por conta da luz da tela do celular.
– Poxa, desde o início eu não queria você nessa campanha, parece que era um sinal, né?! Um alerta. Você me disse que não tinha motivos pra ter ciúme, que eu estava sendo exagerado, ciumento demais. Mas parece que eu estava certo. – falo.
Eu não dei oportunidade dela dizer nada, descarreguei tudo o que eu estava sentindo. Era muita coisa junta.
– Por que você não foi honesta comigo? Só precisava dizer que não me queria mais. Eu sou tonto, mas sei entender as coisas. – digo, agora com tristeza.
– Tinha me dito que se encantou por ele, sei lá, que queria outra coisa para sua vida. Só não precisava agir assim. – digo e ela não demonstra nada.
– Isso foi covarde, desonesto. Não sabia que você era desse tipo de mulher, que trai na primeira oportunidade. – falo.
– Não me procura mais não, me esquece, tá?! Você foi um erro na minha vida. – digo e saio batendo a porta.
Ela ficou imóvel, parada no mesmo lugar, sem dizer nada, sem esboçar nenhuma reação.
Saí feito louco da casa de Letícia, não sei como não sofri um acidente de carro. Sentia uma mistura de ódio com tristeza. Só queria poder esquecê-la de vez, mas eu sei que isso vai demorar muito, eu a amo. Me dói pensar que a mulher que eu amo me traiu assim.
Cheguei em casa, joguei as chaves em cima da mesa com força que o barulho assustou o pobre do Jokic. Mas eu não dei importância.
Subi para o meu quarto e desabei, estava tudo indo tão bem com ela, não precisava acabar assim. Acho que fui precipitado em ter sido tão intenso com ela. Moral da história: me ferrei mais uma vez.
Começo a achar que a culpa é minha. Eu que me entrego demais, que sou intenso demais, e no fim, eu que fico com a pior parte.
Declaração no Morumbi, apresentar à minha família, conhecer a família dela em tão pouco tempo, planos e mais planos para agora eu acabar assim, ansioso, triste, pensando um monte de besteiras.
Pensei em apagar as fotos com ela, mas não fiz isso. Ia gerar fofoca e era tudo que eu não precisava.
De tanto chorar eu acabei dormindo. Quando acordei já passava do meio-dia. Fui até a cozinha procurar algo para comer apesar de não sentir muita fome.
Esquentei o que tinha no congelador, não estava nada atraente, mas era o que tinha.
Depois de almoçar, me deitei novamente. Não tinha muitas opções para ocupar a cabeça, não queria contar a ninguém o que aconteceu. O jeito era suportar tudo sozinho. Tinha até medo, pra ser sincero, do que as pessoas diriam quando eu contasse. Iam dizer que eu fui “emocionado”.
LETÍCIA
Estava dormindo tão pesado que pensei estar sonhando com a campainha tocando. Era um som ininterrupto, insistente. Demorei muito para perceber que não era sonho. Então, me levantei com o pouco de coragem que tinha e fui atender.
Com o sono, nem tinha me dado conta que o porteiro não tinha interfonado para avisar. Ao abrir a porta vi o Jonathan parado e me surpreendi com a presença dele.
Minha felicidade em vê-lo se tornou um dos meus piores pesadelos.
Tudo durou pouco tempo, mas o suficiente para me deixar sentada no sofá chorando muito, tentando entender o que foi tudo isso.Jonathan entrou, me disse um monte de coisas, me chamou de covarde, de desonesta e diz que eu fui um erro na vida dele. Me acusou de tê-lo traído com o Chay e falou para eu não procurá-lo mais.
Estou sem entender até agora, e o pior que ele tem fotos, quero saber de onde surgiram essa fotos. Quem tinha tirado, quem mandou essas fotos para ele?
Eram muitas perguntas, eu não conseguia raciocinar direito. Podia esperar qualquer coisa do Jonathan, qualquer coisa mesmo, mas ouvir as coisas que ele me disse me doeu muito.
Sentia minha cabeça pesar, uma dor terrível me pegou e tudo piorou graças aos litros e mais litros de lágrimas que eu derramei.
Ontem foi um dia exaustivo, eu estava realmente muito ocupada, passei a noite toda ocupada.
_______________________________________
O que vocês acharam da atitude do Calleri?
Será que ainda tem volta?
Gracias por lerem até aqui!
🫶
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMIGA MÍA - Jonathan Calleri
FanfictionQuando você pensa que vai salvar alguém e quem é salvo é você.