CAPÍTULO - 63

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CALLERI

Não pensei que a ida à casa do Lucas ia esclarecer essa história das fotos. Larissa deu um jeito de perguntar a Letícia o que ela estava fazendo no dia da suposta traição e agora ela ia contar a sua versão.

Não sei se eu estou preparado para o que vou ouvir. Se ela confirmar a traição, vou sofrer mais ainda, porque vou reviver tudo e sentir a mesma angústia, a mesma raiva.

Se ela negar, eu vou sofrer também, pois eu terminei com ela e... ela não vai estar me esperando de braços abertos.

Em todo caso, prefiro sofrer pela segunda opção.

– O que aconteceu? – Larissa pergunta e sem arrodeios, Letícia começa a falar.

– Danni, que trabalha na ONG, me ligou dizendo que um de nossos cachorrinhos tinha sido atropelado e que ele precisaria de cirurgia senão ia morrer. – Letícia diz um pouco agitada.

– Eu saí feito doida, minha cabeça girando. Nunca tinha feito uma cirurgia só, já tinha auxiliado alguns professores na época da faculdade. – Letícia diz.

– Eu operei o cachorro e salvei sua vida. No final eu só sabia chorar. Foi um dos dias mais especiais da minha vida. – Letícia continua e eu vejo a emoção na voz dela.

– Nossa, amiga. Que lindo. – Larissa fala.

Quando vejo, Larissa está com lágrimas nos olhos, tinha se emocionado com a história.

– A cirurgia demorou 5 horas mais ou menos, mas deu certo. No fim eu estava esgotada. Ainda fiquei a madrugada toda na ONG com a Danni monitorando o cachorrinho. Precisávamos nos certificar que ele ia ficar bem no pós-operatório. – Letícia fala.

– Muito tempo. Nossa! – Larissa fala admirada.

– Vou te mandar as fotos dele, depois da cirurgia, não tem nada demais. Ele está bem agora, esperando alguém pra adotá-lo. – Letícia diz orgulhosa do cachorro.

– Tenho muito orgulho de você, minha amiga. Você é incrível. Sorte desses bichinhos que te tem na vida deles. Aliás, sorte de quem te tem na vida. – Larissa fala e eu entendo a indireta.

– Obrigada, minha amiga. Te amo. – Letícia diz.

– Depois eu quero ir à ONG conhecer esse cachorro, pode ser? – a esposa do Lucas pergunta.

– Sim, vai ser um prazer. Leva os meninos também. – Letícia fala.

– Sim. Eu levo sim. – a mãe do Pedro e do Miguel diz.

– É por isso que eu não vou mais usar a roupa, mandei lavar e vou guardar. – Letícia diz em seguida.

– Mas era uma lembrança linda desse momento, amiga. – Larissa fala para poder tirar mais coisas dela.

– Seria se não tivesse acontecido outra coisa no dia seguinte. – Letícia diz.

– O que aconteceu? – Larissa pergunta como se não soubesse.

– Jonathan veio aqui e terminou comigo. Disse que eu tinha saído com um babaca aí que estava trabalhando na mesma campanha que eu. E tinha até umas fotos, e nas fotos, a mulher estava com um cropped igual ao que eu estava usando. – Letícia diz na maior tranquilidade.

– Ele jura que sou eu, disse que eu estava traindo, por causa da roupa. – ela termina de explicar.

– Não acredito. E como você está se sentindo? – Larissa pergunta.

– Estou tranquila com a minha consciência. – Letícia diz bem segura.

– Se ele pensa isso de mim, é porque o amor dele é fraco e não consegue acreditar em mim, ou vai ver não é amor, era só uma válvula de escape. – Letícia fala e eu sinto uma pontada.

– Se quiser conversar melhor, estou aqui. – Larissa diz.

– Estou em paz, amiga. Não fiz nada de errado, minha consciência está em paz. – ela fala.

– E sobre o Calleri, o que você está sentindo? – Larissa pergunta, me deixando surpreso.

– No momento, muita raiva. Mas eu sei que não posso viver com esse sentimento a vida toda, na verdade, não posso viver com nenhum sentimento relacionado a ele, por isso mesmo, ele será passado na minha vida. – minha ex responde e eu me sinto um completo idiota.

– Estou aqui para o que você precisar. – Larissa diz sendo gentil.

– Eu sei e te agradeço muito, depois eu vou aí, para matar a saudade dos meninos. – Letícia fala.

– Venha mesmo. Estou com saudades. Beijos! – Larissa diz.

– Beijos! Amo você! – Letícia diz por último.

Larissa encerrou a ligação e o Lucas me olha com um olhar de desaprovação.

– Eu te disse que não era ela, Calleri. – Larissa diz, me olhando decepcionada.

Nesse momento eu coloquei as mãos no rosto. Fiz merda com a mulher mais maravilhosa desse mundo.

– O que eu vou fazer agora? Ela não vai me perdoar nunca. – eu digo começando a ficar nervoso.

– Não sei. Dessa vez foi pesado, né?! – Larissa diz.

– Foi. Ela não vai me perdoar. – eu falo desesperado.

– Ela deixou bem claro que vai esquecer você. – Lucas diz.

– Eu ouvi. Não sei o que vou fazer para ela me perdoar... ela não vai perdoar. Será que eu a perdi para sempre? – pergunto sem esperar resposta.

– Tenta! Você só vai saber se tentar. Agora, por favor, se ela te aceitar de volta, não faz mais minha amiga sofrer não, ela te ama tanto. – Larissa diz.

Eu escuto o que a Larissa diz calado, não tenho o que dizer. Até calado eu estou errado.

Vejo que ela também está com raiva de mim, pelo que fiz com a amiga dela, e ela tem razão.

– Cara, você errou feio. Pense bem como vai fazer pra reconquistá-la. – Lucas diz depois.

– Não faz mais isso com ela não, Jony. Ela não merece. – Lucas diz em seguida.

– Valeu, cara. Obrigado por tudo. Obrigado, Larissa, por esclarecer as coisas. – falo e me despeço deles.

– Não vai fazer nenhuma besteira, viu. – Lucas diz.

– Fica tranquilo. – falo e saio em direção ao estacionamento.

Ao chegar no meu carro, dou um chute no pneu, precisava descontar o ódio em alguma coisa.

Entrei no carro e fiquei alguns minutos sentado olhando para o nada.
Respirei fundo, mas não teve jeito, depois de muito tempo, estava tendo uma crise de ansiedade fortíssima.

Se eu dirigisse daquele jeito, podia causar um acidente de trânsito e envolver inocentes. Tudo que eu não queria era que alguém pagasse pelas besteiras que eu faço.

Esperei mais um tempo no carro, para ver se aos poucos a ansiedade me deixava pelo menos dirigir.

Mas além dela, a raiva também me consumia, raiva de mim. Comecei a esmurrar o volante do carro, como se ele fosse um saco de boxe.

Acho que fiquei uns vinte minutos no carro até ter condições, ou pelo menos, achar que tinha condições psicológicas de dirigir.

Dei ré e saí, estava tudo tranquilo, até eu me irritar com outros motoristas.

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A verdade apareceu e agora ele vai sentir remorso e culpa.

Vocês acham que a Letícia vai perdoá-lo?

Votem e comentem para mais capítulos.

Gracias por lerem até aqui!

                               🫶

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora