CAPÍTULO - 49

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LETÍCIA

Jonathan e eu não conversamos mais desde que ele soube da proposta da CK. Ele está chateado comigo e eu com ele, então está tudo certo.

Sinto saudades dele, claro, passamos dias ótimos desde a Argentina, mas ele precisa respeitar o meu trabalho, a minha profissão, e me apoiar. Da mesma forma que eu faço com ele desde o início da nossa relação.

Acho que ele precisa de tempo para organizar as ideias dele, e eu vou dá esse tempo. Se ele me procurar, ótimo, se não, vida que segue. Só sei que não vou voltar atrás na minha decisão.

A primeira campanha estava se aproximando, e não ia ter só eu de modelo, teriam outras pessoas também, mas eu não fui informada de quem seriam. Muitas das vezes é isso que acontece, nós só somos informados na hora.

Como nunca mais eu apareci na ONG resolvi ir até lá para saber se estava tudo bem. Como era domingo, não teria ninguém lá, no domingo ficam só os bichinhos.

O percurso até a ONG dura em média 30 minutos em dias de muito trânsito. Me surpreendi quando estacionei e vi que a porta estava aberta. A princípio pensei que era um assalto, mas depois vi o carro do Nando estacionado embaixo de uma árvore.

– Bom dia, Nando. – digo assim que entro.

– Bom dia, patroa. – ele fala.

– Sem gracinha, por favor. – falo rindo.

– Ok, ok. Você que manda. – ele diz.

– O que aconteceu pra você estar aqui? – pergunto.

– Vim conferir como aquele gatinho está. Ontem ele estava meio mal, cabisbaixo, mas aparenta estar melhor, comparado a ontem. – ele diz.

Peguei o gatinho no colo e fiz um carinho nele. Realmente ele parecia bem tristonho.

– Talvez seja febre emocional. As patinhas dele estão quentes e os olhinhos vermelhos. – digo.

– Você deu algum medicamento a ele? – pergunto.

– Hoje ainda não, vou dar uma dipirona. – ele diz.

– Pronto. Logo ele vai ficar bom. – eu digo.

– É bom ficar monitorando. – Nando diz.

– Sim. Eu fico por aqui hoje, pode ficar tranquilo. – falo.

– Eu vou te ajudar, depois vou embora. – ele diz.

Ajudei no trabalho da ONG, coloquei ração, água e dei banho em uns cachorrinhos... É cansativo mas é muito prazeroso. Eles são tão inocentes. Passei o dia cuidando dos bichinhos, principalmente do gatinho e isso me renovou.

CALLERI

O clima de paz entre a Letícia e eu acabou graças aquela maldita CK. Não consigo aceitar que ela vai fazer campanha de lingerie. Desde o dia que eu soube e ela saiu daqui sem se despedir, que a gente só se falou uma vez. Talvez como ela nunca tinha feito nenhuma campanha nesse estilo, meu ciúme não tinha aparecido.

Eu sinto falta dela, muita, ficar sem conversar com ela é torturante, eu sei que preciso fazer alguma coisa. À noite decidi ligar para ela pra ver se eu posso passar no apartamento dela pra gente conversar.

– Oi. – digo assim que ela atende.

– Oi. Aconteceu alguma coisa? – ela pergunta.

– Não, quer dizer, eu posso ir aí agora? – pergunto.

– Pode sim. – ela diz.

– Chego aí nestante. – falo.

A conversa foi bem estranha, parecíamos dois estranhos conversando.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora