CAPÍTULO - 58

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LETÍCIA

Estava em casa já, depois da situação no jogo ontem, era tudo que eu queria. Se não fosse o Jonathan, não sei como eu teria saído daquele lugar. Ainda bem que ele apareceu.

As pessoas em volta achavam graça da situação, estavam se divertindo, enquanto eu estava desesperada com o assédio. Em que momento foi que elas normalizaram esse tipo de comportamento?

Algumas pessoas dizem que nós mulheres não devemos andar sozinhas, como se fôssemos culpadas pelo comportamento escroto desses machos.

Quem precisa entender são esses homens nojentos, entender que eles não devem assediar ou tentar qualquer outra coisa com as mulheres.
Nós não pertencemos a eles.

Passado, pelo menos temporariamente, esse caso do assedio, foquei no meu dia.

Hoje eu tenho um compromisso à tarde, uma reunião para alinhar uma campanha com uma grande marca de cosméticos. Ainda bem que só é à tarde mesmo, estou cansada da viagem, precisando dormir bastante.

Tomei banho, deixei o quarto o mais escuro possível e me deitei. Por sorte consegui dormir até mais tarde, acordei exatamente duas horas antes do compromisso.

Tomei outro banho para despertar, vesti uma roupa, ajeitei o cabelo e passei uma máscara de cílios e um batom.

Desci para a garagem e antes de sair, dei uma olhada nas redes sociais. No Instagram, algumas páginas tricolores estavam compartilhando a minha foto na praia e nessa hora eu me arrependi amargamente de tê-la postado.

Tinham comentários que não precisavam nem de identificação para saber que tinha sido um homem que tinha escrito.

“Nosso atacante é atacante fora de campo também”. “Calleri vai voltar com tudo na próxima temporada”. "Nosso ídolo está passando muito bem".
Que comentários sem noção.

Larguei o celular no banco do passageiro e segui meu destino. Ao chegar, fui bem recepcionada, a reunião foi tranquila e não durou muito. Falaram sobre as propostas, os objetivos, enfim... Eu ouvi e concordei com tudo.

Ao sair de lá, me bateu uma vontade de tomar açaí, então estacionei no primeiro que encontrei pelo caminho e entrei. Coloquei bastante açaí e pensei até em tirar uma foto e postar, mas lembrei da foto na praia e decidi que era melhor não.

Voltei para casa e não deu tempo nem tomar banho, cheguei caindo de sono, uma coisa estranha, visto que eu tinha dormido muito, mas mesmo assim me atirei na cama e dormir. Meu corpo pede e eu obedeço.

Meu celular começou a tocar e isso acabou me acordando. Era meu pai ligando.

– Oi, pai. – falo com a voz de sono.

– Filhota, estava dormindo? – ele pergunta.

– Sim. Me deu um sono tão grande e eu acabei dormindo. – falo.

– Desculpa, não queria ter te acordado. – ele diz.

– Não se preocupa, pai. Está tudo bem! – falo.

– Cadê o Calleri? Ele nunca mais falou com a gente. – meu pai pergunta.

Não gosto de mentir para meus pais, mas ainda não me sentia preparada para contar o que tinha acontecido.

– Ele está muito focado na recuperação, nos treinamentos. – é o que eu respondo.

Não contei o real motivo dele não ter falado mais com meu pai, mas também não menti.

– Ele está certo. Temporada que vem vai ser muito disputada. – meu pai diz.

– É. – digo sem ânimo.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora