CAPÍTULO - 24

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LETÍCIA

Eu peguei na mão do Pedro e Larissa na do Miguel, e enquanto a gente ia se organizando para fazer o percurso até o campo, eu comecei a ouvir uma voz nos alto-falantes do estádio.

A princípio não dá pra entender muita coisa, era como um "boa noite" mas tinha sido abafado pela torcida, que estava cantando sem parar, porém, à medida que foi ouvindo foi fazendo silêncio.

– Olá, torcida Tricolor! – dizia aquela voz com sotaque argentino mais linda do mundo.

Sim, era o Jonathan falando com a torcida. Fiquei ouvindo atentamente o que ele ia dizer, visto que não é uma atitude comum de jogador, ainda mais numa final onde o seu time é campeão.

Eu esperava tudo para o dia de hoje, menos isso.

– Quero agradecer a vocês por estarem aqui, essa conquista não seria possível sem vocês. Vocês que dão apoio, que compram ingresso, que fazem festa na saída para o aeroporto, que cantam o jogo todo, vocês mereciam esse título. Muito obrigado! – ele fala agradecendo a torcida.

– Mas o meu agradecimento especial e pessoal é para uma torcedora que esteve comigo nos momentos que eu mais precisei, foi ela quem me salvou quando eu achei que não daria conta. – ele diz.

Eu ia escutando aquilo sem entender nada.

"Meu Deus, para quem será que ele está falando isso?" – eu pensei.

"Será que ela tá aqui?" Não é possível! "E ela é são paulina?". – eu me questionava em pensamento.

Comecei a tremer, meu coração acelerou.

Não estava preparada para ver o Jonathan se declarar para a Micaela em pleno Morumbi, seria traumatizante demais.

Enquanto eu pensava besteira, ele continuou falando.

– Eu sabia que ela estaria aqui hoje, sei que ela está. Ela não perderia esse jogo. E aqui, com a torcida do São Paulo como testemunha, eu quero dizer que... – ele fez uma pausa e o que quase parou foi meu coração. Estava batendo o arrependimento de ter ficado no estádio.

– ...Letícia, você é meu anjo da guarda, amiga mía. É a amiga mía mais especial, mais linda. A mulher da minha vida, o amor da minha vida. – ele disse.

– Eu te amo muito. É você que eu quero abraçar em dias como hoje, que eu sou campeão, mas também é o seu abraço que eu quero quando as coisas não saírem bem. É você que eu quero ver na torcida sorrindo para mim.
E é para você que eu quero dedicar todos os meus gols. – ele falava.

Eu ouvia aquilo e não conseguia acreditar. Não tive reação, não sabia o que pensar.

Por um momento achei que estava delirando, duvidei até da minha sanidade mental.

"Só posso estar ouvindo vozes." – pensei.

"O Jonathan não tem coragem pra tanto." – pensei também.

Só caí em mim quando a Larissa que até então estava chorando muito, olhou para mim sorrindo, feliz, apontando para as arquibancadas.

De repente eu estava vendo uma faixa enorme aberta na torcida que dizia:
"Letícia, você é amor da minha vida".
E ele estava no campo, ajoelhado com um buquê de flores na mão.

– Eu te amo! Você aceita ser minha namorada? – ouço por fim ele dizer.

Por um instante eu era o centro das atenções, arrodeada de gente, de jornalistas, câmeras, várias luzes. Vejo e ouço o estádio inteiro gritar.

Eu só tinha uma coisa a fazer: fazer o que era certo diante daquela situação.

Não tinha muito tempo para pensar, a atitude que eu tomasse ali teria muitas consequências no futuro. Eu não podia arriscar.

Foi a decisão mais rápida que eu tomei na vida. Estava sendo movida pela emoção, mas também tinha consultado minha razão, e por incrível que pareça, as duas estavam em sintonia.

Precisava dar a resposta de perto, então fui andando em direção ao Jonathan. A torcida gritava cada vez mais alto, o Morumbi estava realmente ensurdecedor.

CALLERI

Segundo e último jogo da final. Que tensão!

A torcida do Tricolor fez um espetáculo a parte, mas isso nem é novidade.

O jogo foi bem pegado, tivemos algumas chances mas não conseguíamos completar a jogada e convertê-la em gol.

E a cada lance nosso, o outro time respondia.

No final do primeiro tempo eles fazem um gol, mas, depois de uma falta próximo a área, no rebote do goleiro, o Nestor fez um golaço.

Um gol para enlouquecer torcida, comissão, jogadores, para abalar as estruturas do Morumbi.

No segundo tempo as coisas não foram diferentes, mas conseguimos manter o placar. Nossa defesa fechou o gol e o Rafael, nosso goleiro, fez uma baita defesa no fim do jogo.

Final da Copa do Brasil, e o São Paulo é campeão.

Que emoção estou sentindo, se eu pudesse descrever em palavras seria felicidade e alívio.

Finalmente eu sou campeão com esse clube que mora no meu coração. É um sonho realizado, eu esperei muito por esse dia.

Para minha felicidade ser completa, só falta a Lê aceitar meu pedido de namoro.

Não tenho muito tempo, preciso colocar em prática meu plano.

Um funcionário do clube me entregou um microfone e é nessa hora que eu tenho que deixar toda minha timidez de lado.

– Coragem, Jony! Coragem! – falo a mim mesmo.

Comecei a falar o que vinha no meu coração. Eu esqueci que tinham milhares de pessoas à minha volta, porque só o que me interessava era que ela me escutasse.

As palavras foram saindo com naturalidade e o nervosismo foi dando lugar a todos os sentimentos que ela me despertou. Não há pânico, nem desespero. Apenas a minha vontade de estar com ela.

Fui falando e até então, nada dela aparecer, mas eu continuei.

De repente ela apareceu no meu campo de visão, a reconheceria de qualquer forma. Vi ela se movimentar, estava vindo em minha direção.

Ela veio andando devagar, não sei o que se passava na cabeça dela, mas não parei de falar.

Quando percebi, ela já estava ajoelhada na minha frente, e foi nesse momento que veio a surpresa: ela me beijou. E que beijo!

Beijo com afirmação, beijo como quem diz "eu sou sua", beijo de saudade. E para mim o mundo podia acabar ali, naquele momento, com aquele beijo.

Mesmo sabendo que a resposta dela ia ser sim, porque os lábios dela já tinham dito isso sem dizer nenhuma só palavra, eu precisava perguntar. Então sussurrei em seu ouvido a pergunta que eu já tinha feito no microfone:

– Você aceita?

– Você ainda tem dúvida? Claro que aceito. Te amo, meu camisa 9. – ela respondeu.

Eu a beijei de volta com a mesma intensidade que ela me beijou.

Depois do beijo eu só consegui pensar: "eu sou o homem mais feliz que há".

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RECADINHO;

Se você NÃO gosta de romance, essa fic NÃO é para você.

Gracias!

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora