Cerca de um ano depois, as coisas pareciam mais tranquilas. Bem mais depois que Ben contratou uma aia para ajudar Mal com as crianças. Mesmo que a garota da ilha ainda fizesse grande parte das coisas sozinhas, agora ela tinha certo tempo para dormir e descansar.
Acontece que o parto dos gêmeos foi difícil e certamente traumático para o rei. Como Mal podia tolerar passar por aquilo mais de uma vez? Era basicamente um inferno. Mas valia a pena para ouvir o chorinho dócil dos filhos logo em seguida. Então ele queria fazer de tudo para ajudar, até porque a recuperação da cesarea foi dolorosa para a esposa.
Ellie tinha acabado de completar seus dez anos, Austin quatro e então, os gêmeos o primeiro aninho de vida. Dante e Diana eram doces e viviam grudados aos irmãos, pois agora pareciam uma grande gangue: Ellie e Austin amavam o posto de irmãos mais velhos.
Certa noite, bem tarde, quando as crianças já dormiam e a lua minguante brilhava no céu, Ben chegou em casa e encontrou a esposa no chão, sentada com as pernas cruzadas.
Os bebês dormiam no sofá e ela ajeitava distraidamente um vaso cheio de flores coloridas, fazendo Ben erguer uma sobrancelha.
—O que faz acordada?—Sorriu de canto.—São dez horas.
—Você sabia que a maioria dos homens só recebe seu primeiro buquê de flores no dia do funeral?—Ela murmurou, sem erguer o olhar.
—O que?
—Geralmente no funeral dele. Ou no da esposa. De qualquer forma, é fúnebre e triste.—Insistiu.
—Isso quer dizer que você quer me matar...? O que eu fiz?—Ben resmungou, atraindo um olhar doce da esposa e um sorriso tirano.
—Eu...—Mal se levantou, as flores nas mãos, estendendo-as para ele.—Não quero que a primeira vez que você receba flores, seja quando estiver morto. Sei que ainda faltam muitos anos para isso, mas... bom, você sempre me dá flores e eu... eu só te dou filhos e as vezes dor de cabeça. Queria ser... legal, eu acho. Quero que saiba que me importo.
Ben pegou o vasinho, analisando as flores com cuidado e um sorriso gentil. Por fim, cheirou-nas e colocou em cima da mesa, puxando a esposa pelo quadril.
—Eu tenho uma esposa bonita e inteligente que toma banho e se acolhe em mim todo dia. Uma menininha grande e esperta, um garotão gentil e um par de gêmeos travessos. Como poderia ser mais legal que isso?—Sussurrou, agarrado a ela. As mãos da mulher repousando em seu peito enquanto ela o olhava de baixo para cima.—Eu te amo. Obrigado.—Disse o rei, removendo a coroa de sua cabeça e deixando no braço do sofá quando se inclinou para beija-la.
—Eu te amo mais.—Sorriu a garota.
Mal faria trinta no começo do próximo ano, mas alguma coisa fazia com que ela tivesse sempre aquele jeitinho de menina nova. O jeitinho que ela tinha quando ele pediu sua mão.
—Como foi hoje?
—Audrey assumindo o posto da rainha Leah foi um saco. Ela não tem qualquer senso político.—Reclamou o homem, se sentando ao lado das crianças que dormiam no sofá.—Espero pelo menos que eduque o menino dela para tentar ser um bom governante. Pensando bem, ainda bem que tiramos Ellie do colégio interno porque ela ia virar uma chata sem noção que nem ela.
Mal o encarou, cruzando os braços.
—Não sei se eu gosto da ideia de Audrey trabalhando com você.
—Ela também não gosta.—Devolveu.—Mas é preciso. Isso se ela não decidir se um dia para o outro que quer guerra contra Auradon, aí teremos um problema.
Ela desviou o olhar, encarando os filhos. Era isso que fazia quando estava enciumada mas não queria demonstrar. Era ruim que grande parte das brigas deles fosse ciúmes, mas ela era insegura demais e não se sentia confiante as vezes.
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going crazy - História malen
Hayran KurguEnlouquecendo. Era assim que Mal se sentia desde que noivou o rei de Auradon. Mas seria essa uma coisa ruim? *não há mevie aqui* (postada também no Spirit)