cemitery

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O céu estava nublado em Auradon naquela tarde. Irônico, já que a mente de Mal se encontrava no mesmo estado, nublada. Nublando seus sentimentos e pensamentos como fizera nos últimos anos.

Caminhava por aquela terra mal-cheirosa, levando consigo aquela cesta de flores brancas que gostava do cheiro, e que havia comprado naquela manhã, determinada a lutar contra o assunto que mais a machucava.

Suspirou, ajeitando os cabelos em um coque mal feito, olhando para o céu e pensando em quanto tempo teria antes que começasse a chover, cruzou a esquina entre as grandes pedras até parar em frente a mais conhecida.

—Humm... ah... oi.—Murmurou para o vento depois de olhar para os lados e conferir que estava sozinha.—Me desculpe, eu nunca vim te ver... eu... não gosto de cemitérios.

Sem se importar em sujar seu vestido preto, ela se ajoelhou na terra em frente à lápide. Tocou a terra macia antes de derramar em sua frente todo o conteúdo da cestinha.

—Hoje foi a primeira vez que pensei em você sem chorar.—Contou.

—Tocou na pétala das flores, se sentindo em paz, mesmo estando em um lugar que costumava deixa-la inquieta. Fungou, voltando a falar.

—Faz... nove anos. E hoje foi a primeira vez que lembrei de você sem sentir tanta dor.—Suspirou, sentindo os olhos encherem de lágrimas.—Eu não falo sobre isso, entende? Não é justo com seu filho. Ele... bom, ele quem era seu filho. Você era mãe dele. Não é justo que ele me veja chorando.

Seus dedos tocavam a lápide agora. Delineavam as palavras e letras sem sequer ler o que estava ali.

"Isabela French Florian, mãe e rainha amada."

Sobre maternidade, Ben escreveu pensando nela, acima de tudo. Apesar de Mal nunca ter ido ao enterro ou ao túmulo da sogra, sabia que tudo aquilo a machucava demais. Bela era aa verdadeira mãe dela. A notícia da morte dela a deprimiu tanto quanto ele.

—Eu devia ter me despedido de você. Sabe? Dá última vez que nos vimos. Devia ter te dado um abraço e ter dito que eu te amo...

Seu suspiro foi pesado quando deixou as lágrimas caírem por suas bochechas.

—Sinto muito a sua falta.—Disse.—Todos os dias, Bela. Todo dia eu espero acordar e ver você brincando com as crianças porque... droga, você ia amar conhece-los. Queria que tudo isso fosse um sonho... um pesadelo e que você voltasse me dizendo que eu estava pirando.

Silêncio se fez por alguns segundos. Ela apenas chorou.

—Mas você não vai mais voltar. Eu nunca mais vou ver você.—Soluçou.—Nunca mais vou passar a tarde lendo com você e nem sentir o seu abraço... acabou, sabe? Você foi embora.

—Já te disse o quanto acho a palavra nunca superestimada? Nunca é uma palavra forte demais. Acho que esquece do seu potencial.—A voz conhecida soou. Perto o suficiente para faze-la se arrepiar, mas longe o bastante para que, quando ela ergueu a cabeça, demorasse um pouco para localizar a sogra. Ou... bom, sua alma imortal.—Sinto sua falta também.

Que idiota, não é mesmo? Era óbvio que conseguiria falar com a sogra mesmo, ela era filho do Deus do submundo!

Ali perto, próxima a algumas árvores, Bela encarava a nora com um sorriso pimpolho que costumava oferecer a ela quando contava sobre alguma besteira que fizera em seu passado juvenil. Mal não pôde evitar sorrir, apesar do vazio em seu peito.

Se levantou, dando passos corajosos em direção ao espírito da mulher, querendo mais do que tudo sentir seus braços a acolhendo novamente. E, quando pensou que estava bem perto de senti-la de novo, ela deu dois passos para trás, se afastando do toque.

—Bela...—Chorou.

—Minha menina, é melhor assim.—O olhar triste da senhora encontrou o dela.—Não estou aqui... bom, aqui, você sabe. Não sentir meu corpo só vai te machucar emocionalmente. Mais. Eu não posso te tocar, não conseguiria. Não estamos no mesmo plano, por mais que me doa muito ver você tão triste sem poder te abraçar.

—Eu... estou triste agora ao lembrar de você. Mas... não SOU triste, entende? Eu tenho Ellie. Ben. Austin, que infelizmente você não conheceu, mas é o garotinho mais carinhoso desse mundo. E... Dante e Diana.—Gaguejou, ficando em silêncio por alguns instantes.—Eu te amo tanto, Bela. Te amo tanto, por que você foi embora?—Ela chorou. Lágrimas e mais lágrimas brotando de seus olhos e rolando por suas bochechas carregando um pouco de dor em cada uma delas.—Por que me deixou aqui? Eu não podia ficar sem mãe! Não de novo! Eu... não tenho ninguém que me ensine nada.

—Me desculpe, Mal, mas... eu estava... meu corpo já estava morto por dentro, entende? Não ia aguentar ficar.—Bela a olhou meio quebrantada. Não tanto quanto ela, claro. Mal evitou olha-la. A mulher negou de todas as formas e Bela, ao ve-la, só podia lamentar por sua dor.—Mal...

—É isso?—Ela finalmente ergueu a cabeça para olha-la. Ela ainda era a mesma de antes. Sua alma e corpo os mesmo. Ela não estava pálida como em seus últimos meses, nem fraca em sua roupa de hospital. Estava limpa e sorrindo com bochechas coradas. Bela estava limpa diante de seus olhos.—Eu só queria... voltar. Talvez, se tivesse descoberto antes... talvez pudesse ter conhecido meus filhos.—Mal estremeceu, com os lábios trêmulos e com muito frio.

—Foi melhor assim.

—Não foi!—Sua voz soou alterada, a Warren chorava descontroladamente enquanto ainda negava mil e uma vezes com a cabeça. Ela não queria duvidar da inteligência da sogra mas... ela não podia acreditar que fosse assim.

Por um instante perdeu a força dos joelhos e tudo que queria era estar ali com ela para sempre. Ela chorou. Suas lágrimas percorriam suas bochechas rosadas até sua boca pálida.

—Mal.—Isabela se permitiu aproximar-se mais. Ela viu a feição da nora, a olhando com os olhos carregados de lágrimas. Ela chegou a lhe dar um sorriso a vendo tão perto.—Sei que dói, minha menina, mas... você já é uma mulher agora. Uma adulta maravilhosa.

—Eu te amo, Bela.

—Eu também amo você, mas preciso que seja forte por todos, me ouviu? Posso te pedir isso?—Mal concordou com a cabeça.—Ótimo. Sabe que nos encontraremos um dia, Mal. É tudo questão de tempo.

E depois de tanto chorar, Mal, no final, sorriu para ela como nunca havia feito há tempos. O espírito de Bela estava em paz. A pediu para ser forte e ela seria. Mal se viu melhor e talvez mais forte depois de falar com a sogra. Ela sempre a dava forças, amor e carinho, estando em terra ou não.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora