poison

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Mal ajeitou a postura, trocando o peso da perna quando ergueu a mão direita, batendo na porta.

—Quem é?

—É... sou... sou eu.—Suspirou a rainha.

Em outra época teria dito "é a mamãe", mas estava em sua fase de aceitação de que sua bebezinha não era mais bebê e que achava uma palhaçada sempre que seus irmãos a chamavam de mamãe. Ellie já não tinha paciência.

—Mãe?

—Sim.

—Benjamin está com você?

—Seu pai, por acaso, não.—Resmungou de volta.—Eu... posso entrar?

—Se está sozinha então pode.—Ellie murmurou, deixando com que Mal entrasse no quarto.

A menina se esticava na cama, o caderno de desenhos aberto ao lado, mas ela jogava uma bolinha de tênis na parede para ter de volta.

—O que você quer?

—Que tal um "Oi, mãe. Bom dia. Como você está hoje?"

Elas se encararam e a bolinha parou de bater. Ellie se sentou, olhando a genitora que cruzava os braços.

—Você não me falou o que quer.—Insistiu a princesa.

—Olha, eu nem te fiz nada para você me tratar assim.—Mal abaixou o olhar, se sentindo intimidada pela própria filha. Se esticou, se virando.—Vou embora.

Silêncio se fez enquanto ela saía e fechava a porta, mas não demorou para que a garota aparecesse no corredor, indo atrás da mãe.

—Mãe? Mãe, desculpa.—Suspirou.—Eu... não quero conversar sobre o-

—Eu não tô nem aí para com quem você transa ou deixa de transar. Você já é quase adulta.—Disse ela.—Eu te dei juízo. Use.

—Eu ia dizer sobre o meu pai.

—Vocês dois são adultos. Se virem.—Continuou a rainha. Parou, se virando para encara-la.—Eu...—Estendeu a mão, entregando nas mãos dela um livro encadernado.—Sua vó fez esse livro, falando sobre nós. Eu só quis dar para você. Está se apaixonando agora e... queria que soubesse como éramos.

Ela dedilhou a capa com um meio sorriso. Por fim, abraçou a genitora com carinho, mesmo que já fosse mais alta do que ela.

—Obrigada, mãe.—Gaguejou.—Mal posso esperar para ler como o papai era adolescente.

—Você falou papai!—A mulher sorriu.

—Não falei não.

—Claro que falou!

Elas se afastaram, ambas rindo. Mal encarou os pés sem jeito. Fazia alguns anos que não ficavam tão próximas.

Por fim, a garota deu de ombros e se virou para voltar ao quarto. Mas apenas parou quando ouviu a voz da moça novamente.

—Ellie?

—Oi?

—Use camisinha. Não tenho idade para ser avó.—Deu de ombros.

(...)

"Eu sei o que eles estão fazendo. Eles acham que não, acham que não ouvimos o barulho na noite passada, acham que não vi Mal tentando esconder o vergão roxo no pescoço com uma trança ou que não percebemos que Ben está mais sorridente do que o normal. Obviamente devia conversar com meu filho sobre o que ele está fazendo entre as quatro paredes do quarto com a namorada, mas isso parece algo tão deles que não soa como da minha conta.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora