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FLASHBACK ON - ilha dos perdidos, anos antes

Lágrimas assustadas rolavam pelo rosto do deus. Ele estava com medo, e era a primeira vez que sentia algo do tipo pois geralmente era ele quem causava coisas assim. Mas estava ali, olhando para o céu comumente nublado da ilha como se pedisse para que seu irmão mandasse um ajudante do Olimpo para salvar a dona do corpinho mole que ele tinha nos braços.

Se sentava nos degraus em frente à ruína com a filha caçula nos braços. Estava fraca e quase inconsciente: estava morrendo. Morrendo de fome. O que deixava tudo ainda mais triste.

Tinha apenas um aninho, e não comia há cerca de cinquenta dias. As plantações estavam escassas em Auradon, então não restava nada para ser mandado para a Ilha dos perdidos; nem uma fruta sequer. Malévola se recusava a dar qualquer gota de leite para a menininha, e seu corpo pequeno e frágil já não aguentava a inanição.

Então ele chorava, porque não havia mais o que ser feito. Tudo estava fora de seu alcance e Mal morreria em breve. O que lhe restava era estar ali, ninando ela para que dormisse e não voltasse a despertar. Pelo menos seus últimos minutos seriam confortáveis. Ela poderia, ainda que cedo, se juntar a ele no submundo.

- O que houve? - Murmurou Cruella, subindo os degraus devagar, segurando a mão do menininho de cabelos grisalhos que subia a escada passo por passo, ainda sem se equilibrar totalmente. No auge de seus dois aninhos, Carlos ainda era meio molenga, mas... Bom, era de se invejar que tivesse tanta saúde em um lugar como aquele.

- Ela... - Hades fungou, apontando a bebê em seu colo. - está morrendo.

- Morrendo? - Ela parou de caminhar, puxando o filho para o colo. - O que ela tem?

- Fome. Faz... mais que um mês que não come nada... e... bom, ela... não tem mais força nenhuma. - Suspirou, puxando o tecido para longe de seu rostinho afim de analisar as sardinhas de seu rosto angelical. -  Vai... morrer em breve, e não posso fazer nada.

A mulher se sentou ao lado do grande deus, e deixou o menino sentado no degrau da frente, encarando a bebê.

Era menor que seu garotinho precioso. Era magrela e pálida. Tinha algo nela que a lembrava Malévola mesmo, talvez seus olhos clarinhos, talvez sua pele clara que nunca viu um raio de sol, talvez relacionasse a garota à mãe por conta da falta de instinto materno da fada.

Rainha má nunca foi má para sua filha, porque apesar da época de vilania, Evie saiu de dentro dela. Era bonitinha e se mostrava cada dia mais inteligente

Jafar gostava de ninar Jay, mesmo que agora ele estivesse ficando grandinho. Era um menino pimpolho que dava muita risada, o que divertia seus dias.

Assim como com eles, a maternidade mudou Cruella. Porque apesar de ter matado filhotinhos de cachorro para fazer seus casacos em uma época vilanesca, ela agora era mãe, e não podia imaginar-se vivendo longe de seu menino dócil, que pedia tanto por "colinho" e "tetê." Aquele lugar era uma droga, mas desde o nascimento de Carlos, já não parecia uma prisão.

Por isso, não resistiu ao choro do pai, que parecia adorar a criança em seus braços tanto quanto ela fazia com o filho. Não amor em si, afinal não sabiam amar, mas... uma adoração. Ela preferia passar fome e morrer do que deixar a pura criança passar por isso.

- Ela... mamaria? Se não fosse Malévola amamentando?

- Como assim?

- Digo, se não se incomodar, eu posso... dar um pouco de leite para ela. Só para vermos se ela melhora. - Sorriu de canto, timidamente. - Se ela quiser, claro.

Ele sentiu como se seu irmão tivesse poupado mesmo a menininha como ele tanto implorou na última hora. Sentiu como se tudo fosse ficar bem.

Entregou-a na mão de sua colega vilã.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora