perfect

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Depois da infeliz conversa com Evie no castelo, Bela entrou na limousine acompanhada da nora, rumo ao castelo.

Mal parecia sem jeito. Roupas largas para esconder o ventre e os benditos óculos escuros para proteger os olhos dos flashes dos paparazzis. A blusa de frio do time, com "Florian" estampado atrás, que havia surrupiado do armário de Ben alguns anos antes.

Foram falando sobre coisas banais no carro. Clima, política, lugares que queriam ainda ir juntas e até alguns nomes para o bebê - que até então não tinha se revelado menino ou menina - e Mal não fazia ideia de qual era o misterioso presente de sua sogra. Não havia qualquer motivo para que ela decidisse presentea-la hoje.

—Sabe, quando construímos o castelo, pensei em qual seria o lugar ideal para criar uma criança. Então... o palacio tinha cada coisinha para fazer uma criança com boas memórias.—Disse Bela, assim que ambas foram recebidas ao som de trompetes anunciando sua chegada, e desceram do carro.—Planejei criar Ben no melhor lugar do mundo. Ele era meu modelinho de ser humano ideal.

—Devo perguntar o que houve?

—Bom... As pessoas não costumam ser muito legais com pessoas ingênuas. Ben foi criado aqui. Subia nas árvores, empinava pipa, aprendeu a ler com três anos e vivia com o nariz nos livros. Com seis anos, Ben vivia praticamente sozinho. Eu e Adam viajávamos sozinhos, e ele não precisava de babá... só madame Samovar para fazer suas refeições, claro.—Comentou a senhora enquanto caminhavam pelo corredor.—Então o colocamos na escola. A Auradon prep, que no começo era uma escola primária para os descendentes dos "mocinhos." Os meninos eram cruéis com ele. Era... estranho, não é? Para a gente aqui não parecia, vivíamos na bolha do filho perfeito, mas na escola, perto de outras crianças da mesma idade, Ben era quieto demais, inteligente demais, reservado demais. Então passei a ensinar ele em casa.

—Mas, ficando em casa, não seria melhor para ele?—Mal perguntou, de repente envolvida nas histórias do pequeno Ben como ele sempre se envolvia nas dela.—Digo, se ele era, ou é, super inteligente para a idade, ensinar ele em casa só não deixaria ele melhor do que era? Melhor que os outros da idade dele?

—Ensinar ele em casa fez com que Adam interferisse na educação dele. Ben foi criado como herdeiro. Ele era isso para o Adam, sabe? Só o herdeiro. Não uma criança. Não um menininho inteligente que tinha medo do escuro. Não um menininho que olhava da janela para ver uma ilha ao longe e perguntava se existiam crianças na ilha. Para ele, era só seu substituto. Ben perdeu o resto da infância tentando se encaixar no que seria o ideal de herdeiro de Adam.

—Isso deve ter sido uma droga.

—Depois que ele cresceu, vi que tirar ele da escola foi uma péssima escolha. Ele não desenvolveu nenhuma abilidade social, não se dava bem perto dee muitas pessoas e preferia ler do que estar em uma festa, por exemplo.

Mal soltou uma gargalhada, apesar de tentar se conter bastante. Bela estava basicamente se descrevendo, mas para a senhora, seu filho ser daquele jeito era algo estranho.

—De qualquer forma, Mal... se não for cometer os mesmos erros que eu, acho que o castelo é um bom lugar para uma criança, em qualquer fase. As rampas ajudam a ensinar a andar, a casa na árvore ajudam na imaginação, os brinquedos e árvores no fundo, sala de jogos, corredores longos. Há espaço para dez, vinte crianças, se quiser.—Sorriu docemente, fazendo Mal piscar.

—Um só está ótimo.

—Vamos ver se vai pensar isso depois de ver uma miniatura sua correndo por aí.

—O fato de ser uma miniatura minha me apavora mais ainda.—Pontuou, assim que pararam em frente à porta do quarto que Bela compartilhava com o marido.

—Espere aqui, volto logo.

(...)

—Tome.

Mal recebeu em suas mãos uma pequena caixa azul aveludada. Pensou em qual joia poderia estar ali, ou até em uma herança de família. Mas quando abriu, se deparou com uma chave pendurada em uma corrente.

—É... a chave da minha biblioteca.—Contou.

A biblioteca particular.

Que só ela tinha acesso.

Agora... Mal também tinha.

—Por que está me dando isso?—A menina perguntou, apoiando as mãos na barriga quando sentiu os olhos arderem em lagrimas. Malditos hormônios.

—Bom... eu tenho minha chave ainda, mas pensei que talvez você fosse querer ler mais alguma coisa ou até... passar algum tempo lá. Seria... minha herança para você, mas não quero que receba só quando eu estiver morta.—Sussurrou Bela, tirando a corrente da caixinha.—Venha, levante os cabelos.

Lágrimas finas escorregam do rosto de Mal enquanto sua sogra (quase mãe) colocava a corrente em seu pescoço. Se sentia amada. Se sentia pertencente de uma família. Melhor de tudo, se sentia digna disso. Ela merecia o amor. Merecia a família.

—Sua. E então... se tiver uma filha, ou uma nora um dia, passe para ela.—Bela murmurou.—Espero que tenha uma filha.

(...)

O ventilador atingiu o corpo de Mal de novo, e chacoalhou seus fios roxos quando virou de volta para ela. Mas dessa vez, Mal estava dormindo e não notou.

Estava ali, no castelo, deitada encolhida sobre o corpo de Ben, que se pegava acariciando seus cabelos o mais sensível possível para não desperta-la.

As vezes, com ela deitada em seus braços, ele se pegava imaginando quantas vezes a pequena Mal, aquela menininha na ilha dos perdidos, que sentia medo, fome, sede, frio, precisou de carinho. Precisou que alguém afagasse seus cabelos e fizesse ela se sentir segura para descansar. Imaginava quantas vezes ela, até mesmo como bebê, sonhou com colo, carinho e proteção, e, ele esperava que ela jamais se sentisse assim de novo.

—Mal...?

—Humm...

Mal não acordou, apenas se moveu para fora do corpo dele, incomodada com o chamado repentino que atrapalhava seu descanso.

—Não decidimos o nome do bebê ainda.

Ela permaneceu imóvel. Presa em aeu sono pesado.

—Acorde, Mal!—Chacoalhou-na fazendo com que uma Mal de mau humor se sentasse na cama, o encarando com o olhar sonolento.

—Para que quer saber disso agora? Não sabe nem se é menino ou menina.—Reclamou, cruzando os braços.—Não precisa atrapalhar meu descanso agora!

—Não sei. Mas você sabe de algo.

Sim, ela sabia. Sua magia tinha lhe mostrado muitas coisas muitas vezes antes. Mas não queria revelar nada a ele, porque queria fazer uma revelação. Algo surpresa. Como não tinha feito quando descobriu a gravidez.

—Não sei.—Deu de ombros, se recostando novamente.—Mas... bom... acho Isadora um nome bonito.

—Nunca vi.

—Acho que é algo mais da ilha. Mas é como Isabela... como sua mãe. Mas com raízes um pouco mais profundas e escuras.

—Hummm... Harper é bacana.—Ben murmurou.—Tanto para menina quanto para menino.

—Tenho uma lista ótimas de nomes fortes para um futuro rei.

—Como...?

—Elijah, Oliver, James, Liam, Luke, Isaac e tantos outros...

—Eu gosto de Oliver.—Ben Sorriu.—Não é só um nome de rei, mas significa "descendente dos ancestrais." Sabe? A mistura dos descendentes da ilha é de Auradon. Um menino lindo.

De repente, Mal pode se lembrar do quanto ser criado apenas como um herdeiro pode ter estragado a vida de Ben. Decidiu não criar seu filho assim pois sabia que Ben já havia decidido isso muito antes.

—Bom... então faremos o seguinte. Se tivermos uma menina, Isadora. E menino... Oliver.—A garota Sorriu, sentindo os cafunes em seu cabelo aa adormece-la novamente.

—E podemos então colocar seu plano de criação ideal em prática.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora