—Papai... eu quelo panqueca.—Ellie resmungou, esfregando os olhos assim que viu ele colocar kiwi cortado em cubinhos e um garfo a sua frente.
—Não pode comer frutinha agora?
—Não. Mamãe me dá flutinha depois, ou no lanche. Se eu comer só flutinha, vou ficar com fome.—Contou.—Panqueca. De chocolate.
—Papai não sabe fazer panqueca.—Ben se ajoelhou, tocando os cabelos da filha.—Se ficar com fome, pode comer mais frutinhas depois.
—Não, Papai!—Debateu a pequena, cruzando os bracinhos começando a ficar irritada.
—Olhe... a mamãe tá triste. Não tem como ela fazer panquecas agora, okay? E o papai tem que trabalhar.—O rei resmungou.
Já era manhã do dia seguinte.
Mal tinha passado o dia anterior todinho na cama. O que fez com que Ben checasse de hora em hora como a filha montava seu quebra cabeças em casa. Sabia que a esposa precisava de um tempo para digerir tudo.
—Por que você prefele trabalhar?
Benjamin ergueu as sobrancelhas diante da pergunta da filha, e agora se sentava no chão mesmo de terno, olhando para os olhos da menina.
—Como assim, querida?
—Mamãe disse que eu sinto saudade e fico tliste quando você vai embola porque eu te amo.—Suspirou a criança, colocando os cachos loiros atrás da orelha.—Ela disse que você ama eu também. Se você ama eu, por que não fica? Você sempre vai embola.
—Olhe....—Ele tirou a coroa, apoiando o imenso objeto de ouro na cabeça da criança, o que ficou quase como um boné, encaixado em todo a cabeça porque era muito grande.—O papai tem um reino para cuidar. Muitas pessoas. Adultos, crianças, bebês, velhinhos, todo mundo depende do que o papai faz no trabalho. E a mamãe tá certa, eu te amo muito, muito mesmo. Por isso eu trabalho bastante, eu preciso ter dinheiro para te dar tudo o que você precisa.
—Eu pleciso de você e da mamãe.—Deu de ombros, voltando a separar as peças do quebra cabeças por cor. Dar um brinquedo de oito mil peças para Ellie foi a coisa mais inteligente que Ben fez: manteve ela entretida por horas durante dias inteiros e agora que já tinha idade para pensar e não colocar tudo na boca, já desenvolvia suas abilidades.
Ele não sabia muito o que dizer depois do desabafo da menina. Ellie era esperta, e apesar de seus três anos, ela notava a falta dele. Notava que era cuidada só pela mãe. Ainda mais, notava que mesmo amando ela, ele nunca ficava.
—E eu não vou comer as flutinhas. —Bufou ela.
(...)
—Você... pode me ensinar a fazer panquecas?—Ben sussurrou após entrar no quarto e se sentar atrás de Mal na cama.
Ela se virou, erguendo as sobrancelhas. Parecia bem melhor hoje, já não estava com os olhos muito vermelhos, apesar das bochechas e nariz muito corados.
—Panquecas?
—Ellie insiste que quer panquecas. Eu não sei fazer panquecas.—Ele escondeu as mãos no rosto.—Eu... eu não sei fazer nada quando se trata dela, sabe? Não sei a cor favorita dela, não sei fazer o café da manhã preferido dela, não coloco ela para dormir e não sei qual é a história predileta dela. Eu sou ausente.
—Você vem pra casa todo dia, acho que é isso que importa para ela.—Mal murmurou.
—Não é. Ela disse que mesmo amando ela, eu sempre vou embora.
—Ela tem três anos, Ben. Ela não entende a importância do trabalho. Fica tranquilo, um dia ela vai entender.—A garota de cabelos púrpura se sentou, esticando a coluna e prendendo os cabelos em um rabo de cavalo alto.—E eu já ia levantar. Eu faço as panquecas.
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going crazy - História malen
FanficEnlouquecendo. Era assim que Mal se sentia desde que noivou o rei de Auradon. Mas seria essa uma coisa ruim? *não há mevie aqui* (postada também no Spirit)